2: Novos amores.

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Meu despertador gritando no meu ouvido. Levanto-me tropeçando nos meus próprios pés e vou para o banheiro, olho meu reflexo no espelho me assustando as olheiras profundas e os meus olhos irritados. Retiro o meu baby doll e entro no box, uso a água quente para me fazer acabar de acordar e relaxar os meus músculos.

A minha vontade de ir para a universidade é zero, mas eu preciso se eu não quiser reprovar na matéria. Na verdade, não quero ver a decepção que eu terei de ver que o Felipe não se lembrou do nosso aniversário de namoro. Para ele essas datas são puras besteira e que nenhum homem se lembra dessas datas.

Finalizo a minha maquiagem e desço para a cozinha, meu pai e Liz, provavelmente não estão em casa, já que se passam das nove da manhã. Pego uma maçã e decido pegar o meu café no Coffeebreak.

Caminho tranquilamente pelas ruas do condomínio aproveitando os raios solares, Liz disse que eu deveria aproveitar mais a piscina e pegar um bronzeado, porque eu estou muito pálida. Ela pode estar certa, às vezes eu me olho no espelho e vejo um fantasma.

Comprimento o porteiro e ando mais alguns metros até chegar na minha cafeteira favorita, as mesas do lado de fora estão todas com pessoas sentadas, entrou no estabelecimento e sinto o delicioso cheiro dos Brownie. Vou até o balcão e um garoto ruivo vem me atender.

- Bom dia! - ele mantém um sorriso no rosto que faz as suas covinhas aparentemente - Como posso te ajudar?

- Um chocollato com caramelo.

Ele vai para trás da máquina e começa a preparar a minha bebida. Seus cabelos vermelhos são em um estilo bagunçado e elegante, no seu rosto tem uma leve sombra de barba. Ele olha para mim e eu não tento fingir que não estava o encarando, ele me dá um sorriso mostrando os seus dentes brancos e depois morde levemente o lábio inferior.

- Posso fazer mais algo para a bela dama? - seus olhos são em um tom claro de azul e sua mandíbula bem marcada.

- Um Brownie, por favor.

Ele assentiu e foi até o forno, retirando um pedaço do delicioso doce. O ruivo colocou o doce dentro de uma caixa e a começou a fechá-la, seus músculos se contraem com os movimentos que ele faz para amarrar o laço. Seu braço direito e coberto de tatuagem é pela marca da blusa, ele tem um piercing no mamilo esquerdo.

- Seu brownie, tem um bom dia, senhorita? - ele arqueou levemente uma sobrancelha.

- Isabelle. Isa.

- Que o seu dia seja doce, Isa - ele pegou algumas balas no pote e colocou na caixa do brownie - Prazer, Félix Rossi.

Félix foi atender outro cliente e eu paguei a minha bebida e o brownie. Saio da Coffeebreak e vou andando pelo caminho do parque, que leva para o campus da faculdade. Bebo um pouco da bebida adocicada e quente, um gemido de prazer sai da minha garganta. O tanto que odeio café, eu amo chocollato.

Jogo o copo de papel na lixeira e entro no campus, muitos alunos olham para mim. Não vou fingir que não percebo os olhares que os garotos dão para o meu corpo, mas não vou vestir roupas que eu não gosto para que os outros não me olhem.

- Oi - me sobressalto com a voz grave vindo de trás da porta do meu armário - Não queria te assustar.

Coloco a minha mochila no armário e fecho a porta, me deparando com um semideus de olhos castanhos. Seus lábios se curvam em um sorriso casto, seu cabelo escuro dá um contraste a sua vestimenta preta.

- Me desculpa novamente por te assustar - seu pomo de Adão sobe e desce com suavidade - Me chamo Matteo.

- Isa, como posso te ajudar?

- Matteo, vamos - outro garoto gritou do fim do corredor.

- Tenho que ir, mas nos vemos por aí - ele deu uma piscadela para mim e foi correndo em direção ao seu amigo.

Sigo na mesma direção dos garotos e o perfume amadeirado de Matteo domina todo o corredor. Entre na sala de aula e sinto aquele olhar julgador dos outros alunos sobre mim, por algum motivo as coisas estão saindo de controle.

Tento manter a minha mente ocupada com as matérias durante todas as aulas. Algumas vezes eu consegui escutar as pessoas sussurrem o meu nome e falar um monte de coisas.

Encaro o relógio acima do quadro branco, contando cada segundo para que essa aula termine. Meus pés batem no mesmo ritmo que o ponteiro vermelho, minhas mãos começaram a soar e eu as sequei na minha calça. As coisas começam a ficar turvas e o ar parece não entrar nos meus pulmões.

- Você tem que respirar - a voz que antes havia escutado confiante, agora está firme.

- Eu estou respirando - minha voz não passa de um sussurro.

- Com certeza você não está - Calvin está atrás mim, sussurrando em meu ouvido - Inspira por cinco segundos, prende por dois e expire por seis.

Começo a seguir as suas instruções e ao pouco vou me acalmando. Quando o alarme da universidade toca, Calvin não está mais atrás de mim. Saio da sala com o meu iPad embaixo do braço, vou até o meu armário, retiro a minha mochila e coloco o tablet dentro.

Olho para o lado e vejo Calvin junto de Matteo e dois outros garotos. Os quatro olham para mim, me deixando um pouco desconfortável. Matteo fala algo no ouvido de Calvin e os quatro vão embora. A faculdade tem diversos grupos, tanto por classe social, trabalhos extracurriculares ou por poder social, mas nenhum deles possui integrantes mais bonitos do que aqueles quatro.

- Quer uma carona para casa? - Felipe para o seu A3 ao meu lado - Parece que vai chover.

Assenti e entrei no carro, mas me arrependi no instante que Felipe começou com as suas desculpas pelo modo que esteve agindo comigo e eu apenas o desculpe, porque não estava a fim de estragar o meu dia.

Felipe para o carro em frente a minha casa e tenta me dar um beijo mais eu viro o rosto, fazendo o seu beijo pegar na minha bochecha. Desço do carro e entro em casa, soltando do ar que estava prendendo. Penduro a minha mochila no gancho e pego o bloco de notas, lendo o que estava escrito.

Filha, teve que viajar a trabalho. Liz e Caio foram comigo. Tem comida na geladeira e se precisar de algo é só pedir para a Rosa. Voltamos no fim do mês, se cuida.

Sem o meu pai em casa eu não vou precisar pedir o carro para ir à casa de um garoto. Minha barriga protestou e eu senti uma fisgada na boca do estômago, vou para a cozinha e coloco um pedaço de lasanha para esquentar.

Assim que acabo de me deliciar com a lasanha subo para o meu quarto e troco a minha roupa por um baby doll. Entro no banheiro e retiro toda a minha maquiagem, o meu reflexo não está muito melhor do que hoje de manhã, mas vou dormir antes de ir para a casa do Calvin.

Jogo-me na cama, sentindo o meu corpo afundar no colchão macio. Coloco um despertador para às quatro e meia e conecto o meu celular ao carregador. Fecho os meus olhos e não demora muito para meu corpo ser consumido pelo cansaço e eu adormecer.

Um Doce AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora