Os Nativos

O conto: Os Nativos

Às vezes, os mundos podem se encontrar sem que os habitantes percebam...

O velho disse: "Fique perto de mim, criança."

"Como vai ser, vovô?" O jovem estava assustado.

"Escuro, muito escuro e grande. Move-se rápido, mas vamos acompanhá-lo." O tom era conscientemente reconfortante.

"Escuro, vovô?"

"Sim, ele suga o calor e absorve a luz. Você descobrirá quando estiver velho e forte o suficiente para nadar até o fundo e ver o que há lá. Agora fique comigo quando o seguirmos, e não se perca na multidão; e não fique à frente de mim ou chegue muito perto dela - você pode absorver muito e ficar sobrecarregado. "

"O que é 'sobrecarregado', vovô? Você pode realmente receber muito?" O jovem balançou para cima e para baixo um pouco com entusiasmo e antecipação.

Por um momento, o mais velho desviou sua atenção do que estava por vir e o considerou com ternura.

"Pobre jovem. Eu esqueci. Você não teve chance de aprender o que significa obter o suficiente. Você é muito jovem para enfrentar as tempestades e enfrentar os relâmpagos... Ouça agora. Quando um adulto tem que soltar um flash de luz azul, isso significa que ele está sobrecarregado e perdendo o equilíbrio por dentro, então ele tem que se salvar deixando sua energia escapar para diminuir a pressão. Portanto, tome cuidado; tome o suficiente, mas não seja ganancioso e absorva muito de repente. Agora vamos apenas flutuar aqui com os outros e estar prontos."

Foi um dia lindo e brilhante. O sol derramou sua torrente de luz, aqui e ali energizando uma molécula do ar azul em pequenas faíscas de ionização; e abaixo, uma névoa de nuvens brilhantes velava pela metade a escuridão que estava no fundo.

"O que significa quando alguém pisca uma luz azul em muitos flashes, e então brilha em vermelho e começa a afundar, hein, vovô?"

"Eu te conto mais tarde, quando você for mais velho. Basta ter cuidado e não chegar muito perto."

Ele ficou repentinamente animado. "Aí vem!"

Fora da translucidez azul lá embaixo, um ponto preto apareceu e cresceu rapidamente, aproximando-se rapidamente até se tornar um enorme objeto em forma de peixe com nadadeiras espalhadas, avançando em direção a eles. Passaria um pouco à esquerda deles e a multidão que esperava já se movia para interceptá-lo.

Ele passou rapidamente, e o jovem pensou que iria perdê-lo - estava indo muito mais rápido do que eles; mas quando o pensamento cruzou sua mente, e ele viu as duas aberturas brilhantes agitadas em sua parte traseira, uma explosão ardente de energia o atingiu. Uma multidão de partículas carregadas e brilhantes estalou ao redor dele, fluindo contra ele. Seus campos mudaram para alcançá-los e capturá-los; a rotação da energia armazenada dentro girou mais rápido, absorvendo a nova energia em seu impulso, seu pulso vital elevando-se a um zumbido profundo, e ele se sentiu forte, mais forte do que jamais se sentira antes em sua vida.

Eles estavam voando mais rápido agora, acelerando mais rápido do que ele jamais havia voado, e era fácil. Eles se aproximaram da coisa escura, combinando velocidade com velocidade, mergulhando na nuvem brilhante de partículas de energia que rugiam para trás de seus jatos. O jovem ficou pasmo e entusiasmado com a velocidade tremenda e sem esforço com que estavam avançando. Esta foi a primeira vez que ele teve tanto poder. Era dez vezes mais do que qualquer aurora boreal com sua lavagem pálida de ondas de energia.

Bêbado em sua nova força encontrada, ele avançou mais perto dos jatos rugindo.

No pico do arco de subida do stratoliner Nova York-Istambul, no alto da ionosfera onde a Terra era apenas um globo gigante lá embaixo, o piloto do stratoliner cortou entediado os jatos para o planador economizador de combustível que virou seu nariz em direção à Terra novamente.

O radar estava emitindo seu usual aviso sem sentido de colisão iminente com alguns objetos sólidos, que se aproximaram mais perto do que os relés automáticos considerados seguros. Ele vinha tocando há vários minutos. O piloto olhou aborrecido para a tela do radar, onde várias centenas de globos - de sessenta a dois metros de diâmetro - apareciam vividamente, seguindo a nave em um aglomerado em forma de leque.

"Algum dia vou dar uma martelada nessa coisa."

O co-piloto, olhando para trás da janela traseira da bolha de controle, não viu nada, como de costume, exceto alguns dos globos brilhantes, que se mostraram transitoriamente em um breve flash de luz azul enquanto descuidadamente sobrecarregavam e descarregavam - e um, menor do que o resto, que piscava rapidamente em flashes brilhantes de azul. Enquanto ele observava, ele desceu repentinamente na escala de cores para vermelho e começou a ficar para trás, um globo vermelho brilhante, afundando.

"Eu me pergunto o que diabos eles pensam que estão fazendo?" ele resmungou.

FIM

O Boeing 307 Stratoliner foi a primeira aeronave de transporte comercial com uma cabine pressurizada. Esse recurso permitiu que o avião realizasse cruzeiros a uma altitude de 20.000 pés, bem acima das perturbações atmosféricas. O modelo 307 tinha capacidade para cinco tripulantes e 33 passageiros. Seu primeiro voo foi em 1938.