"Droga! Isso ainda vai me matar", disse nosso protagonista, após ser queimado pelo cigarro que ardia entre seus dedos.
E vai mesmo, mas não hoje e não nessa história...
Leonel redigia uma matéria sobre o quão prejudicial seria uma mina de carvão na cidade. Os empregos gerados não compensariam o crime ambiental que se estenderia por anos e anos.
Até que...
"Parem as máquinas!", disse Rodrigo, amigo do jornalista-detetive.
"Engraçadinho... que foi?", retrucou Leonel.
"Como assim 'que foi?', você resolveu o caso do ano..."
"Ah, o caso, toda cidade sabia que a primeira dama traía o prefeito", interrompeu Leonel.
"Mas só você teve coragem de ir atrás", continuou Rodrigo, com um sorriso de orelha a orelha e que orelhas, de abano, praticamente o Dumbo humano.
"Coragem? O prefeito me pagou pra investigar ela, esse é meu trabalho. E foi fácil demais! A danada dava muito na cara, se é que você me entende, hehe".
"Então a bolada foi grande?", os olhos de Rodrigo brilhavam, dinheiro era das poucas coisas que mexia com ele.
"Digamos que para o prefeito foi um grão de areia no deserto. E comprovando a traição o divórcio fica mais favorável pra ele..." disse Leonel, piscando e puxando outro cigarro.
"Essa coisa ainda vai te matar, ilustre detetive, o melhor de barra do Ribeiro"
"Engraçadinho, sou o único por aqui, não é?! E sim, já aceitei a morte, há muito tempo..."
O clima fica pesado
Leonel perdeu sua filha e esposa num acidente de carro. Voltando duma festa de casamento, era madrugada e a rodovia estadual que liga o município de barra do Ribeiro a rodovia federal é extremamente mal sinalizada. E pra ajudar um farol do Opala vermelho estava queimado. Leonel só percebeu a vaca no meio da pista quando era tarde demais para frear ou desviar. Bateu de frente. Somente ele estava de cinto. Filha e esposa foram arremessados do veículo. Leonel lembra pouco do acidente, mas o choro da sua filha ainda o perturba.
"Leonel, você precisa superar a perda delas..." disse Rodrigo, em tom baixo e escolhendo as palavras para não machucar o amigo.
"É porque não foi com você. Certas dores a gente não supera, apenas aprendemos a conviver com elas..."
Quebrando o clima de funeral, um jovem adentra a sede do jornal/escritório de detetive e joga uma carta na mesa de Leonel
"Entrega pra você", diz ele, já dando as costas.
"Pera aí, quem mandou isso?", rebate Leonel.
"Não sei, o sujeito me pagou vinte reais só pra vir aqui e te entregar"...
Leonel abre o envelope e entra em estado de choque.
Rodrigo logo percebe que há algo errado, seu velho amigo está branco feito papel.
"O que aconteceu, Leonel?"
A carta tem marcas de sangue, a letra igual a de sua filha e uma mensagem o aterrorizou:
"Vai acontecer de novo!"

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O detetive do opala vermelho
Misterio / SuspensoLeonel é dono de jornal numa pacata e pequena cidade do interior gaúcho, nas horas vagas ele complementa sua renda como detetive particular. Os casos geralmente são de infidelidade, até que algo assombroso acontece e muda a rotina do detetive e da p...