Parte 2

705 47 4
                                    

Mal Harry havia adentrado o banheiro e logo se pôs nu debaixo da água quente do chuveiro. Era como se fizesse massagem em seus ombros, relaxando toda a tensão que lhe dava dor nas costas, arrepiando sua pele dos pés a cabeça e principalmente, o fazia fechar os olhos e soltar alguns suspiros de conforto.

Certo, pensou, se conformando. Ele não tinha mais aquele poder de conseguir o que queria de Louis desde que Eleanor apareceu, e ela não apareceu do nada, ela foi colocada na vida deles!

Talvez ele não precisasse de Louis hoje, talvez ele pudesse fingir que não se importava e iria dormir com Zayn, já que o mesmo já havia jogado as cartas da manga, iria se satisfazer com ele.

Ergueu os braços a procura do shampoo. Com toda sua delicadeza característica de alguém profundamente irritado, foi empurrando tudo que se assemelhava com um tubo cilíndrico com a tampa para cima, deixando um rastro de barulho à medida que os tubos caíam, e para o seu tremendo azar, um deles estava sem tampa. O líquido derramou em seu rosto e ele descobriu que havia achado o shampoo.

Tomlinson adentrou a sala aos tropeços, enquanto tentava calçar as alpargatas, ajeitar a calça e o casaco, pentear o cabelo, atender o celular que tocava irritantemente uma música do The Fray e ainda respirar. E não estava se vendo bem em nenhuma tentativa. Zayn o encarou prestes a rir.

Louis atendeu ao celular e o prendeu entre sua orelha e o ombro, se apoiando na parede para calçar as alpargatas decentemente.

– Oi amor. – Suspirou cansado. – Eu já... Já estou saindo de casa, Els. – Louis arregalou os olhos e até mesmo Zayn pode ouvir os gritos agudos que Eleanor Calder fazia soar do outro lado do telefone, provavelmente reclamando do atraso do namorado, que demorava mais que uma adolescente de quinze anos em plena bipolaridade para se arrumar. – Eu quis dizer que já estou chegando! Pode comprar os ingressos e a pipoca?

Não posso não, Louis. – Eleanor grunhiu irritada, ao mesmo tempo em que se foi ouvido um grito desesperado vindo do banheiro do apartamento dos garotos.

– SOCORRO! – Os ouvidos de Louis ficaram mais apurados e ele deixou de fazer qualquer uma das suas tentativas para ouvir melhor a voz rouca de Harry gritando. – SHAMPOO! MEUS OLHOS!

Louis, já estou cheia dos seus atrasos. Se você não estiver entrando na sala dois do cinema comigo em menos de cinco minutos... – Louis se viu desesperado. Seus instintos masculinos não lhe permitiam prestar atenção em tantas coisas ao mesmo tempo e naquele momento, Eleanor gritava de um lado e Harry de outro. E Zayn não conseguia parar de rir, contribuindo para a ira do rapaz de Doncaster. – ... É o fim do nosso relacionamento.

Era só o que faltava!

– Malik, você pode socorrer Harry? – Louis franziu a testa, tapando o microfone de seu celular e apontando para o corredor de onde vinham os gritos de Harry.

Zayn negou lentamente com a cabeça e voltou seu olhar para a televisão. Para maior desespero de Louis, Liam e Niall tinham a capacidade de dormir como se alguém apertasse um botão para desliga-los, e os dois estavam apagados (e abraçados, diga-se de passagem) em cima do sofá.

Louis, você está me ouvindo? – Eleanor reclamou.

– ESTÁ ARDENDO! – Harry choramingou. De repente, Louis tomou uma atitude que nem mesmo achava que era capaz.

Atirou o celular na direção de Zayn com raiva, praguejando Eleanor, Zayn e Harry com todos os nomes que conhecia. E desistiu de ajeitar o cabelo e as alpargatas.

– Tá ardendo! – Styles gritou, nervoso. Seus olhos estavam ardendo em fogo. Ele tentava desesperadamente chegar ao chuveiro, mas o shampoo continuava a escorrer e os sentidos que lhe guiavam até à água desapareceram no meio do desespero.

Seu desespero era tanto que foi impedido de ouvir a porta do banheiro se abrindo fortemente, quase como se fosse arrombada.

– Calma, eu estou aqui, Curly. – Disse a voz dele, acalmando todas as células desesperadas que se agitavam em Harry. Ele já não tentava chegar à água.

Suas mãos grandes seguraram os braços fortes de Harry, deixando-o imediatamente calmo. Uma das mãos foi até seu rosto cheio de espuma e com delicadeza, retirou o shampoo dos olhos do mais novo, passando água no local certo. Aos poucos, seus olhos já não ardiam mais. Louis o empurrou de volta para o chuveiro, observando a água escorrer pelo seu rosto, suas covinhas que mesmo que não estivessem ali, ele sabia que existia. A água escorreu pelo seu peito e Louis se lembrou de puxar a toalha de Harry para secar suas mãos e sua camisa, qual ele havia encharcado completamente.

Quando foi capaz de abrir os olhos verdes novamente, Harry o encarou impressionado. Ele supôs que Louis já não estivesse mais em casa, mas ali estava ele, todo molhado, se secando com sua toalha de banho.

Louis soltou uma gargalhada ao encarar Harry e o mais novo ficou ligeiramente corado, se virou de volta para a parede do banheiro e passou a mão pelo rosto molhado.

– Você não tinha saído? – Harry murmurou.

– Eu... – Louis suspirou. – Não vou mais sair.

Harry se virou para Louis, que quase imediatamente se aproximou do mais alto, levando as duas mãos ao rosto molhado de Styles, embaraçando seus dedos em seu cachos molhados. As células de Harry se agitaram com aquela aproximação inesperada e um arrepio percorreu sua espinha quando Louis aproximou seu rosto do dele.

Louis beijou com sua boca quente a testa molhada de Harry, sua criança particular. Ele atirou o telefone em Zayn, porque soube imediatamente que tinha que cuidar dele, e dane-se Eleanor, era quase latente o fato de quem era mais importante ali.

Harry passou a mão pelo rosto mais uma vez, sussurrando um “obrigado”.

MutualOnde histórias criam vida. Descubra agora