Remus estava. Bom, Remus estava entrando em pânico. Deitado na cama, rolou para um lado e olhou para o despertador. 04:00h da manhã. Essa era a segunda vez só nessa semana na qual ele não conseguia dormir, por conta de sua maldita ansiedade. Mas então, ele se levanta da cama, abrindo a cortina delicadamente e levantando sem fazer barulho, um livro nas mãos.
Ele sai do dormitório que dividia com seus 3 amigos, Prongs, Wormtail e Padfoot. Ah, Padfoot. O causador de todo o fuzuê, de sua insônia e das vezes em que acordou no meio da noite, suado e ofegante. Mas não era culpa dele. Sirius era uma beldade. Remus não se cansaria de olhar para ele nem por um instante. A forma como seu cabelo escuro e ondulado emoldurava sem rosto macio e delicado, o jeito que seus cílios se chocam contra sua bochecha quando ele abre os olhos, seu sorriso enrugado sempre que eles planejavam alguma pegadinha...
Remus não saberia dizer quando isso começou. Mas desde a primeira vez em que eles se tocaram, Remus não soube descrever a estremecida que deu, quando as mãos de Sirius tocaram nas suas.
Talvez no seu aniversário de 15 anos. Sirius estava deliberadamente lindo. Ah, Remus não sabe explicar... Sirius vestia uma camisa social branca arregaçada até os cotovelos, uma gravata frouxa e uma calça jeans preta e colada, seus cabelos amarrados em um rabo de cavalo. Puta merda, que visão.
Era realmente uma pena Sirius não retribuir esse amor. E ele não iria, principalmente agora que estava saindo com Mary. Mary era tão bonita. Remus não teria nem chance.
Remus suspirou, sentado no sofá da Sala Comunal, apanhando um cigarro, acendendo-o e tragando. Talvez ficar chapado ajude, ele pensou, sem o menor entusiasmo. Deu mais umas longas tragadas, e descansou o cigarro na mesa, começando a realmente ler seu livro.
- O que você faz aqui, Moony? - Perguntou uma voz sonolenta, e completamente familiar. Remus virou a cabeça, dando de cara com um garoto baixo, usando um pijama de botão das cores da grifinória, seus cabelos negros e ondulados, que batiam nos ombros, levemente bagunçados. Como ele conseguia ser tão fodidamente lindo? Pensou suspirando de novo, e forçando um sorriso.
- Nada. - Respondeu, com pesar. - Apenas lendo. Não consegui dormir. Minha mente está tentando me matar. - Riu nasalmente, suspirando de novo e voltando os olhos para seu livro.
- Posso me juntar à você? Prongs ronca alto demais, minha cabeça vai explodir. - Ele disse sonolento, e Remus notou que ele havia trazido o lençol junto à ele. Remus assentiu e acenou com a cabeça, arredando para o lado para que Sirius pudesse se sentar confortavelmente.
Sirius se acomodou ao lado de Remus, as pernas cruzadas e enroladas em um lençol quente e pesado.
Eles passaram algum tempo assim. Sentados, Sirius agora tragando um cigarro também, Remus lendo... Remus teria certeza de que conseguiria viver só com isso. Mas isso não é suficiente. Nunca foi. Não quando Mary beija Sirius nos lábios todos os dias. E Remus tem tanta inveja. Mas Remus nunca poderia dizer isso. Odiaria perder a amizade que tem com Sirius. Os olhos de Remus marejam, e ele leva a manga da suéter aos olhos, esfregando-os e fingindo que só estavam coçando.
Remus se levantou abruptamente, descansando o livro na mesinha de centro, deixando a bituca de cigarro encima da mesma. Sirius o olhou confuso, mas Remus apenas gesticulou pra ele ficar quieto. Remus então voltou com uma vitrola na mão, aparentemente fazendo muito esforço pra carregar o objeto. Colocou a vitrola do lado do sofá, e colocou um disco pra tocar. Metal Guru. Ele e Sirius amavam ouvir T-Rex. Tanto T-Rex quanto David Bowie. Tanto David Bowie quanto Beatles. E tanto Beatles quanto qualquer outra banda ou cantor de rock. Sirius olhou pra ele como se dissesse "você é um salvador" e abriu um sorriso largo. Remus voltou para o sofá, e voltou a ler seu livro. Percebeu que Sirius queria falar algo, abria e fechava a boca várias vezes.- Mary terminou comigo. - Sirius hesitou, mas disse, por fim. - Hoje de manhã.
Remus não soube o que dizer, mas notou que o menor parecia levemente frustrado com tudo isso.
- Ah... Que... Pena? - Remus disse, por fim, e repreendeu-se por ter se embaralhado com as palavras. Como não sabia o que fazer, apenas colocou as mãos no ombro do amigo, e disse: - Você está bem com isso?
- Na verdade sim, mas mesmo assim é chato, sabe? Você nunca se apaixonou por nenhuma garota? É complicado. - Sirius disse, num tom irritantemente normal. Ele vem e pergunta se Remus nunca se apaixonou? Esse bastardo ficou louco. Ele é tão lerdo... Mas Remus não consegue se irritar com ele.
- Ah- Bom... Na verdade eu meio que... Sabe... Eu sou gay, Sirius. - A expressão do menor não muda.
- Tá, então, você nunca se apaixonou por nenhum garoto? - Remus piscou. Duas. Três vezes. O que responderia? Achou melhor deixar quieto.
- Ah, sei lá, cara. Nunca pensei muito nisso? - Isso era uma mentira. Mas Sirius não saberia. Sirius grunhe alto que soa como um "Pfff" e joga as costas contra o sofá.
- Você tá estranho comigo esses dias. - Sirius diz subitamente.
- Não tô não.
- Tá sim, cara.
- Como assim estranho? Eu tô bem.
- Remus, você tá completamente estranho. Quando eu apareço no Salão Principal você sempre desvia o olhar, nunca conversa comigo direito, até o James já veio me perguntar o que aconteceu! Sabe, eu só quero que você me diga o que eu fiz. - Remus percebe o quanto o menor parece intrigado. Na verdade, parecia que ele iria chorar, mas Sirius nunca chorava. Pelo menos não na frente de Remus Remus de repente sentiu uma pontada de culpa.
- Ah- Você não fez nada, eu só... Eu... - Ah, foda-se! Remus simplesmente não aguentou mais. Segurou o rosto de Sirius com as duas mãos e lhe beijou. Sirius congelou, e Remus se levantou de supetão, soltando o menor e voltando para o dormitório, deixando Sirius, seu livro e a vitrola sozinhos.
Se jogou em sua cama e fechou as cortinas, não sabendo se ria ou se chorava. Que merda eu fiz? Pensou e começou imediatamente a rir histericamente.
Pensando melhor, foram só 5 segundos, talvez Sirius nem percebera... Não, na verdade isso era impossível.
Lançou um feitiço silenciador rápido para disfarçar sua risada, e ouviu a porta do dormitório abrir. Sirius voltou. Ouviu passos em direção à sua cama. Meu deus do céu. Seu coração disparou. Sirius enfiou a cabeça pela cortina, e Remus tentou disfarçar seu desespero, mas sabia que estava corando. Pra caramba. Sirius subiu na cama, sentando de joelhos e encarando Remus por um tempo.
- Então era isso? - Ele não parecia irritado. Completamente ao contrário, Remus tinha certeza que podia ver a sombra de um sorriso perpassar seu rosto. Remus não sabia o que dizer, então se sentou também. E Sirius o beijou. Puta merda. Puta merda. Dessa vez foram definitivamente mais de 5 segundos. E Remus retribuiu. Sirius se separou por um instante, murmurando contra seus lábios: - Muffliato. - Remus sabia o quanto estava sorrindo, mas só seguiu o baile. E eles dormiram juntos. De conchinha.
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⌦┇❝ 𝘌́ 𝘪𝘴𝘴𝘰, 𝘣𝘦𝘣𝘦𝘳𝘦𝘴.
𝘝𝘰𝘵𝘢, 𝘱𝘰𝘳 𝘧𝘢𝘷𝘰𝘳? 𝘝𝘢𝘪 𝘤𝘢𝘪𝘳 𝘰 𝘣𝘳𝘢𝘤̧𝘰?