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Ainda faltava uma hora pro ônibus da viagem chegar e o ambiente tava começando a enjoar. Muita barulheira, gente falando junto e o som nas alturas.

Ludmila tinha ido ficar com as amigas e só estávamos eu, Gio, Mike, Sophia e Gustavo na sala principal bebendo e tentando trocar ideia, mas só tentando.

— Bora ficar lá no quarto?! — Mike chamou levantando do sofá.

— Tem ninguém lá não? — Giovana perguntou e ele balançou a cabeça negativamente.

— Então vamos, porque aqui está o verdadeiro caos! — Sophia reclamou e riu em seguida.

— Garota, você não vai ficar com o Ian e o Bernardo não? — questionei.

Eles também estavam como formandos assim como ela, mas não andavam com a gente.

— Meu Deus, o Ian e o Bernardo! — ela levou a mão na boca e arregalou os olhos. — Encontro vocês na festa, beijos.

Ela largou a cerveja na minha mão e saiu correndo atrás dos amigos, começamos a rir.

— Eu adoro a Sophia, cara. — Gustavo disse rachando o bico.

E depois do surto do esquecimento dela, nós decidimos ir mesmo pro quarto pra ficar mais a sós. Isso significava o que? Que Mike e Giovana queriam transar.

Eles não estavam juntos, estavam naquele bololô que ninguém sabe o que é. Sendo bem honesta, odeio relações do tipo, mas eu sabia que os dois se amavam e que só não estavam juntos por forças externas, então eu ignorava o ranço.

Mike entrou na frente, ligou o ar condicionado e logo em seguida eu e Gustavo nos sentamos na primeira cama de casal que vimos.

— Se não se importam... — Giovana mandou uma piscadela pra gente e foi puxada por Mike pro andar de cima.

Esse quarto, em específico, tinha tipo um mezanino onde ficava uma cama de casal e na parte debaixo, onde eu e Gustavo estávamos tinham uma cama de casal e várias de solteiro.

— Pelo amor de Deus, só não façam barulho! — gritei.

— Deixa eles, chata. — Gustavo disse rindo e bebendo um gole de sua bebida.

— Eu não, já viu a abertura daquilo ali? Do jeito que os dois são escandalosos, a gente vai ter pornô ao vivo e eu tô zero afim. — disse fazendo careta.

— Zero afim porque queria estar no lugar deles, né? Tô ligada na tua. — ele piscou pra mim com um sorriso de lado malicioso.

MEU DEUS, ESTAVA TÃO NA CARA QUE EU TAVA AFIM DELE?

Até parece, tá achando que eu tô perdendo tempo em porto, meu amor? — disse tentando dar a volta por cima.

— Na. não. — gaguejou e coçou a cabeça. — Só tava brincando mesmo.

— Uhum, sei. — murmurei.

Nós ficamos em silêncio. Ele com um sorrisinho envergonhado brincando com o suor do copo e eu olhando pra parede.

Foi um silêncio constrangedor demais pra mim. Eu e ele sempre que estávamos juntos ríamos sem parar de coisas aleatórias, nunca teve climão nenhum. E agora parecia.

Continuamos bebendo e no lado de cima a coisa começou a esquentar, visto que a barulheira da cama começou a se tornar estridente.

— Ficou com o Renato hoje? — ele perguntou cortando o silêncio. Bela maneira de tirar o climão, Bernardo.

Não, quem sabe mais tarde. — dei de ombros. — E você ficou com a Lud, né? — virei o rosto pra ele e sorri.

— Fiquei sim, cheguei mais cedo e ela já me alugou. — ele riu e eu assenti. — Laís, ontem à noite...

— O que rolou ontem à noite? — me fiz de desentendida e virei toda a bebida do copo de uma vez. Que clima, meu Deus.

— Nós ficamos... hum.. cê sabe, é...

— Brincando um com o outro. — eu disse. Eu só não queria complicar tudo, sei que não conseguiria levar ele apenas como um ficantezinho, como eu normalmente conseguia.

— Sim, mas ao meu ver insinuamos no sério algumas coisas e eu queria saber se foi só por causa de bebida ou... — ele parou de falar discretamente e me encarou olhando no fundo dos meus olhos.

Sem perceber, nós estávamos muito mais perto um do outro desde que sentamos na cama. Ele estava encostado na parede com as pernas esticadas e eu de perna de chinês ao seu lado, mas inclinada pra sua frente.

— Foi só por causa da bebida. — disse lentamente olhando para seus lábios.

— Por causa da bebida, tem certeza? — ele inclinou apoiando uma mão na minha coxa e ficando centímetros de distância do meu rosto.

Eu conseguia sentir sua respiração próxima da minha, era só isso que conseguia escutar, além do meu coração que batia forte e sem saber o motivo, eu suspirei, fechei os olhos e:

— Tenho. — puxei ele pelo pescoço com força e grudei nossos lábios.

Foi como se eu entrasse em êxtase, era uma mistura muito louca de sentimentos. Era "meu Deus, que beijo bom do caralho" com "meu Deus, ele é meu amigo" com "Parece que eu nasci pra encostar minha boca nessa boca" com "Que merda, eu fiz?".

Eu o empurrei fazendo com que ele deitasse e passei minha perna direita pro outro lado sentando em seu colo. Minha mão continuava firme em sua nuca com as pontas dos dedos encaixadas e as dele tinham ido parar na minha bunda.

— Caralho, que loucura! — a voz de Mike carregada de riso ecoou pelo quarto me fazendo voar pro outro lado.

Sabe aquela cena de crepúsculo que na cena quente entre o Edward e a Bella, ele com seu "super alto controle" se choca e literalmente voa contra a parede? Essa era eu.

— Já? — Gustavo olhou rindo pros dois limpando a boca.

Enquanto eu estava completamente constrangida, não sei por qual motivo, meu melhor amigo me conhecia muito bem e sabia que se dependesse de mim a qualquer momento isso ia rolar.

— Nunca deu uma rapidinha? — Giovana cruzou os braços e em seguida me olhou, sabia que ela queria falar comigo sobre. Aonde eu fui amarrar meu bode?

O resto da noite foi como se nada, ou tudo tivesse acontecido. Gustavo não ficou mais com Ludmila e eu também não fiz nenhuma questão de ficar com Renato, ficamos também trocando olhares o tempo inteiro, mas não rolou mais nada entre nós também.

Ele começou a beber muito e desapareceu, e eu a mesma coisa só que sem desaparecer, fiquei muito feliz, com um sorriso de orelha a orelha aproveitando muito com minhas amigas que estavam super bêbadas também.

FLASHBACK OFF

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