Sábado no Hell de Janeiro.
Carioca não perde uma única oportunidade de estar na praia, e eu não sou diferente. Dia de folga, um sol pra cada um... chamei uma amiga e em poucos minutos estávamos no Recreio.
Cangas na areia, bronzeador na pele, pagodinho tocando no Spotify... Eu estava me sentindo muito bem, e a sensação do sol queimando o corpo me traz uma excitação que não consigo explicar. Na verdade, todo esse clima de praia me dá esse certo tesão, e eu me sinto extremamente gostosa quando estou me bronzeando.
Definitivamente não tenho um corpo padrão, mas eu gosto muito da minha aparência. Sou morena, gordinha, cabelos cacheados e, do alto dos meus 30 e poucos anos, me acho bem atraente.
Sempre uso o menor biquini possível. Às vezes percebo algumas mulheres e famílias olhando em reprovação, afinal, "que absurdo uma gorda de biquininho na praia". Mas os homens... esses disfarçam, mas aprovam. O meu biquini favorito é um estilo cortininha amarelo neon, de lacinho, 2 tamanhos menores que o meu, que só cobre uma partezinha dos meus seios fartos e fica completamente enterrado na minha bunda. O contraste da cor neon na minha pele bronzeada dá um destaque especial.
Hora de me bronzear de bruços. Toda mulher sabe o ponto forte do seu corpo, e o meu, definitivamente, é a bunda. Puxei a calcinha do biquini mais pra cima, pra ficar o mais enfiado possível e fazer uma marquinha bonita na cintura. Abri um pouco as pernas pra bronzear também a parte de dentro da coxa, aumentei um pouco o volume da playlist e esqueci da vida.
Até que percebi que toda hora caía areia em mim. Das primeiras vezes ignorei, mas aquilo foi me irritando... Na terceira vez, levantei da canga puta, tirei o óculos e gritei: "Quem tá jogando areia aqui, hein???"
- Desculpa, tia. A gente tá jogando aqui e sem querer a bola tá caindo aí na senhora.
Virei pro lado pra ver de onde vinha a voz meio esganiçada com sotaque carregado. Era um menino de uns 16 anos, branquinho, franzino, parecia ter olhos claros e cabelo bem loirinho, meio comprido, que ficava caindo no olho e ele jogava a cabeça pro lado pra conseguir enxergar. As bochechas e o nariz dele estavam vermelhos de sol (ou de timidez?), e ele parecia não conseguir olhar pro meu rosto enquanto falava comigo.
- Tudo bem menino, toma cuidado da próxima vez, tá?
- Tá bom tia, pode deixar.
Achei engraçado ser chamada de tia. Não tenho muito contato com crianças e adolescentes, então isso soa um pouco estranho pra mim. Mas simplesmente gostei da sensação, não sei porquê.
O loirinho continuava jogando bola com um amigo, cada vez mais perto de mim. Eu estava deitada, de costas pra ele, quando ouvi ele gritando. Virei o rosto pra trás pra ver o que tava acontecendo, e só deu tempo de perceber o menino caindo na tentativa de evitar que a bola batesse em mim de novo.
E ele caiu em cima de mim... de bruços.
Ele tava mudo. Eu ainda estava atordoada tentando entender o que aconteceu.
Ele estava demorando a levantar. Falei baixinho: "menino, levanta! O que houve?"
- Tia, eu não posso levantar agora.
- Por que, menino?
- Tia.. mil desculpas.. não sei o que houve... mas... eu não posso mesmo.
Daí eu meio que entendi e senti ao mesmo tempo qual era o problema. O menino estava praticamente encaixado na minha bunda, e obviamente estava de pau duro. Olha, aquilo me acendeu um fogo por dentro que há tempos eu não sentia.
- Acho que entendi. Aqui, toma o meu chapéu... Senta devagar na canga e põe o chapéu na frente.
- Tia, não sei como agradecer. Eu to morrendo de vergonha... - O menino realmente estava vermelho igual um pimentão.
- Primeiro lugar, tá tudo bem. Segundo, chega de tia. Meu nome é Larissa. Qual o seu?
- David.
- Prazer, David.
Começamos a conversar amenidades. Ele disse que era americano, mas que tinha vindo pro Brasil com os pais há uns 5 anos, e isso explicava um pouco o biotipo branquinho e loirinho dele. Ele realmente tinha olhos claros, bem azuis, pareciam uma piscina... Falei isso pra ele.
- Nossa, nem fala em piscina. To traumatizado.
- Uai, que houve?
- Eu não sei nadar, Larissa! Teve uma pool party na casa de uns amigos semana passada e eu quase morri afogado.
- Eita, saber nadar é muito importante, principalmente aqui na praia. Você tem vontade de aprender?
- Tenho sim, mas meu pai não tem tempo de me ensinar e minha mãe também não sabe.
- Olha... eu acho que você tá com sorte. Eu era nadadora na adolescência, tenho uma piscina em casa e moro perto daqui. O que você acha de eu te ensinar pelo menos o básico lá em casa? Melhor que aqui na praia, o mar tá muito agitado.
Eu não sei por que raios falei isso. Simplesmente saiu. A ideia de ensinar aquele menino a nadar era bem divertida, mas tinha alguma coisa por trás daquela minha vontade que eu não tava identificando... ou simplesmente não tava querendo entender.
- Nossa, não... vai te atrapalhar, não quero te incomodar.
- Que isso. Não vai. Eu adoro ensinar e você parece ser uma companhia divertida.
- Ah... então eu topo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Menino da Praia
Short StoryLarissa é uma mulher muito bem resolvida, na casa dos 30 anos, que conhece o jovem David na praia. Eles sentem uma intensa atração um pelo outro, e uma simples aula de natação pode trazer sensações surpreendentes...