cartas para Taehyung

02

Foram dois meses até que Cristina retornasse, agora mais magra e apática, seus olhos não tinham mais brilho e nem seus cabelos não eram mais os mesmos, ela se negava a receber minha visita pois não se achava digna, podia ouvir seus soluços da sala de estar da casa dos seus pais. Era desesperador, lembro-me de ter ido ter com seu pai e pedido sua mão em casamento o que rendeu alguns olhares feios em minha direção vindos  dos mais velhos.

-Achas engraçado tirar sarro da cara da minha pobre filha? Taehyung até hoje respeitei-te  como alguém de valor, mais não pilheire com minha filha pois aí mato-te para dar-te exemplo a não brincar com sofrimento alheio.- ele dizia-me todas aquelas coisas e eu não entendia o por que.

-Senhor , amo tua filha e não será essa doença maldita que arrancara o amor que sinto por ela, disseste a mim que não poderia receber ajuda minha em socorro dela pois não passava de um pretendente, dou te agora a solução, caso-me com Cristina e passo para mim suas dores levo-na para os melhores hosptiais fora de bela ventura e trago-te a filha curada e de quebra um ou dois netos para adocarte a velhece.- meus pais já me tinham dado autorização para tal ato então podeira desposar a minha amada.

-Falas com tanto fervor que chego a derramar lágrimas com teu sentimento .- Dizia a mãe dela qem pratos em um canto daquela sala iluminada de um velho lustre de pedras.

-Senhora apoia-me , sabes do meu amor por Cristina... Então repito eu o que vim tratar com o senhor Manuel das Oliveiras, Dá-me Cristina casamento .

Então todos caímos em choro ao ouvir a sentença do senhor Manuel que fora positiva ao meu pedido. Mesmo diante da negativa de Cristina das Oliveiras , dias mais tarde tornou-se Cristina Kim, não tivemos lua de mel devido a fraqueza de minha esposa, e nem filhos, exatos quarto meses  após nosso casamento a pior das dores me foi destinada a sentir, Cristina passou mal e sua mãe trouxera um médico de fora um jovem que havia trabalhado em Los Angeles, doutor Mark Tuan , ele avaliou minha esposa e deduziu que Cristina estava grávida , carregava um descendente meu em seu ventre, porém as células cancerígenas que estavam em seu cérebro agora tomavam conta de todo seu corpo, não havia cura para tal doença , naquela época mudamos para são Paulo e depois fomos para os Estados Unidos assim como o doutor nos aconselhou,  não sabia eu que a pior das dores estava a me acompanhar a cada passo dado por mim .

Foram três meses até que Cristina teve que mudar-se para o hospital e assim como ela eu também passei a viver dentro daquele lugar, onde fiz amizade com Jinyoung um conterrâneo aquém meus pais salvaram da guerra juntamente com seus irmãos e pai. Olhar para aquele jovem ali estirado na cama esperando para que melhorasse seu quadro de endema era muito triste, lembro-me de vê-lo correr pelos Campos de café dos Almeida quando tinha seus 12 anos de idade agora aos 19 estava ali sofrendo .

Os irmãos sempre visitavam -no , dentre eles um jovem a quem seus pais o encontraram no porão do navio rumo a são Paulo e o adoraram ,Choi Youngjae era seu nome, o pequeno Choi era encantador mais vivia a brigar com Jimin irmão mais velho o que rendiam cascudos na cabeleira .

Quatro meses de Cristina internada e os médicos acharam uma estranheza em seu ventre nosso pequeno não crescia ,logo havia morrido dentro dela o que foi necessário fazer uma retirada de emergência, Cristina sofreu todos os momento que lhe restavam de vida, tivera seus lindos cabelos raspados e a pele sensibilizada e fragilizada, agora minha amada que vivia por meio de tubos e mais tubos não tinha mais vivacidade.

Era outono e o tempo estava deveras frio, Cristina estava deitada na cama e tinha seu olhar vazio , estávamos a completar um ano desde a sua internação, a dias ela chorava escondido na calada da noite, lembro-me de ouvir os médicos dar-me aquela sentença horrenda.

-Senhor Kim , fizemos tudo que estava ao nosso alcance , tua esposa não viverá por mais de que meio ano , a única coisa que podemos fazer por ela é mantê-la ligada aos aparelhos e assim amenizar a dor vivida por ela.- aquilo tirou todos os meus pensamentos da cabeça e me levou até o limbo , senti meu mundo desabar,  olhei para ela que dormia naquela noite e comecei a lembrar do nosso primeiro encontro na velha cabana dos Lopes onde meus pais e primos faziam-me surpresa pelo meu aniversário , nem de longe era a mesma pessoa...sai do meu tranze quando a voz fraca se fez presente quebrando o silêncio noturno do lugar.

-Tae? Querido meu, sei que não tenho muito tempo a celebrar contigo, tenho um pedido a fazer-te...

-Não me peças o que sei que vais pedir Cristina... Não perdete- ei por nada neste mundo.

-Vida minha, luz dos meus olhos ,entendes, que estou a sofrer e fazer-te sofrer tbm quero viver o resto dos meus dias com os meus em nossa terra, leva-me devolta ao Brasil , pelo amor que tens por mim .

Sem forças para recusar , dias mais tarde estávamos desembarcando no Brasil e em seguida bela ventura, seus pais nos olhavam incrédulos minha amada Cristina estava magra e não tinha um terço da vivacida de outrora, vivemos aqueles meses de todas as maneiras possíveis, a levava ao lago , passavamos de bonde, tomávamos sorvete na praça e caminhavamos ao luar, criava com ela todas as boas memórias possíveis