Silêncio

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Dei alguns passos e tentei abrir a primeira porta,e pra minha surpresa,está trancada.Sigo o corredor testando as portas,a mesma coisa com todas as 26 portas (Porque exatamente 26?).(Deveria ter pedido ao mestre dos magos executivo para ter me dado as chaves,"ache a melhor saída possível",como vou achar a melhor saída se ele trancou todas as portas?),vou seguindo o corredor ladeado de portas que parece que nunca irá acabar,pelo menos agora não estou tão molhado,mas o piso é uma superfície gelada de encontro com meus pés descalços(mas ainda é estranho,muito,muito gelado,alguém só pode ter esquecido o ar condicionado ligado).

Viro o corredor e sigo mais alguns passos até me ver de cara num grande salão abobado com uma abertura circular mediana no teto que permite que a luz do sol entre(pelo menos parece ser a luz do sol) e uma porta de madeira no lado oposto.

O salão não é muito diferente do corredor,chão ainda de porcelanato preto mas as colunas e a abóbada são de mármore num leve estilo....greco-romano?(de novo aquela sensação no fundo da mente ..porque eu sei disso?),e pedestais,vazios,algumas estátuas importantes estavam faltando ali(não sei exatamente como,mas sabe aquela sensação quando se olha algo que se vê todos os dias só que um dia uma mudança ocorre e se percebe a diferença mas ainda não sabe o'que está diferente,estou dessa mesma maneira,ou quase isso),e pela primeira vez desde que cheguei naquele pedaço de mundo que eu não fazia ideia de onde ficava,resolvi me sentar em um dos pedestais(não era muito confortável,mas se conformemos)e finalmente reparei em algo que poucas vezes havia presenciado na vida,um silêncio absoluto.

E estranhamente no inicio o silêncio não foi ruim,finalmente conseguia pensar,e finalmente tentar entender onde eu estava,oque estava fazendo ali ou tentar lembrar quem eu era,por agora nada vinha a mente somente a certeza que fazia muito tempo desde que eu tivesse parado e simplesmente ficado no silêncio.Ali o chão não parecia tão frio,e a luz do sol trazia uma leve iluminação amarelada as paredes brancas,e naquela fração de infinidade aquele momento foi perfeito,o vazio,o silêncio foi uma sinfonia tocada com cores,poderia viver assim,naquele instante.

Mas tão rápido como surgiu o calor a temperatura foi embora,devo ter feito algo errado(devo ter pisado no controle do ar de alguma forma)porque a temperatura começou a abaixar muito rápido,muito,frio,frio...muito..muito frio,congelante(alguém ligou o modo antártica só pode),as paredes começam a congelar e o sol que antes passava com a coloração amarela muda para uma coloração azulada(pronto agora sim tudo faz sentido,vou simplesmente aceitar que agora o céu é um grande PC gamer com LEDs,eu preste e a morrer congelado e pensando em futilidades,foco!foco!),chego ao centro do salão com uma velocidade impressionante levando em conta que agora metade do salão está coberto em gelo e espinhos de gelo começam a brotar das paredes(Elsa começou a cantar "let it go"),e me encontro entre dois caminhos,o corredor por onde eu vim ainda não parece impedido pelos instrumentos mortais de gelo mas a porta parece ser uma opção melhor mesmo que já encoberta com uma leve camada de geada,e sei com absoluta certeza que só tenho uma chance,o tempo não está a meu favor.

O ar que sai da minha boca começa a condensar e meus pés gritam ao ficarem muito tempo em contato com o chão que se tornou branco pelo gelo em fração de segundos;se não pensar rapidamente ambas as saídas ficarão bloqueadas.Enfrentar o desconhecido ou retomar ao caminho seguro?(acho que vou seguir o conselho de Robert Frost, olha a hipocrisia,e pegar o caminho menos tomado).

Faço uma tentativa quase suscetível de correr sobre gelo e alcanço as grandes portas de madeira a tempo de ver meu conhecido corredor ser bloqueado por estalactites de gelo,agora a camada de gelo sobre a superfície de madeira está mais espessa(o'que não faz sentido uma vez que madeira não é um bom condutor térmico,...mas pensando bem nada faz sentido),tento empurrar as portas mas elas não se movem,emperradas pelo gelo;a temperatura de alguma forma continua abaixando e consigo ver de canto de olho que em poucos minutos viraria espetinho de gelo.

Empurro mais uma vez a porta,nada(e tenho quase certeza que a porta estava de pirraça)

Tento desesperadamente abrir a porta,(uma ajuda não cairia nada mal!).Uma voz atrás de mim quebra o silêncio.E é a primeira voz que parece carregar alguma emoção e a voz é.... de uma criança?

-Empurra a porta!

Como não tenho outra alternativa, e estou muito surpreso para tentar entender o'que está acontecendo, tento mais uma vez empurrar a porta,ele se junta a mim e como se finalmente a passagem tivesse aceitado que eu merecia viver a porta se abriu,e eu caio para um sol escaldante.

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⏰ Última atualização: Mar 01, 2022 ⏰

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