Como se eu fosse te perder

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―――――― Diana on ――――――

Meu pesadelo começou quando saíamos daquele teatro...

Bruce estava muito entusiasmado ao me levar para assistir uma das apresentações favoritas de sua mãe. Sempre era difícil para ele reviver algo que trazia à tona lembranças de seus pais. Mas, em meio ao compasso da construção de um relacionamento de cinco anos em que estamos juntos, algumas coisas mudaram consideravelmente. Vez ou outra ele compartilhava comigo momentos felizes que passara com seus pais, mencionava algumas de suas preferências e me levava a alguns lugares que eram especiais para o casal Thomas e Martha Wayne.

Esta noite era uma destas ocasiões ímpares.

Eu saí emocionada do concerto e Bruce implicava com minha sensibilidade extrema. Eu sabia que, apesar de disfarçar muito bem suas reações externas, interiormente ele também ficara comovido, talvez não tanto quanto eu, mas eu tive tempo de ver um brilho diferente em seus olhos quando o maestro regia a nona sinfonia de Beethoven.

De qualquer forma, não adiantava rebater as implicâncias do meu noivo, sim estamos noivos há alguns meses, em breve eu seria a senhora Wayne ou a Princesa de Gotham como é veiculado constantemente. No fim das contas, nenhum destes títulos me importavam, apenas bastava saber que o coração do homem que amo me pertencia.

Ao sair do teatro, me lembro de apontar para o céu, chamando a atenção de Bruce para contemplar a beleza da noite. O céu límpido e estrelado, a lua cheia e brilhante nos iluminando. Eu, como sempre, uma romântica notória, ele, um mestre em se mostrar indiferente. Mas eu sabia ler o seu olhar, suas íris sorriam para meu deslumbramento ingênuo com coisas tão simples.

Trocamos um beijo terno e apaixonado enquanto aguardávamos que o nosso carro chegasse. A noite estava perfeitamente calma, em meio aos nossos sussurros e sorrisos, apenas o som das vozes dos demais espectadores que saíam depois de nós era notado.

Teria sido uma noite perfeita, mas o destino foi cruel. Meu desespero começou quando minha audição apurada me atentou para um perigo eminente.

Em milésimos de segundos, o meu braço estava posicionado atrás da nuca de Bruce, o bracelete bloqueando uma bala que fazia caminho certeiro para sua cabeça. Mais tiros se seguiram repentinamente, vindos de um prédio alto na ala norte, graças a Hera nenhum projétil me escapou.

A multidão ao nosso redor se alarmou e se alvoroçou quando se deu conta do atentado que acontecia à nossa volta. Alguns corriam, outros se abaixavam tentando se proteger, enquanto isso novos tiros eram disparados provenientes de outras direções.

Eu queria proteger a todos, precisava proteger a todos, mas percebi que o alvo era um só: Bruce Wayne.

― Bruce, precisamos sair daqui. – Eu me lancei sobre ele, protegendo-o dos disparos.

― Você precisa tirar essas pessoas daqui, princesa. Eu consigo me proteger. Estão atrás de mim. Não vou me perdoar se alguém se ferir por minha causa. – O Batman estava ali, mesmo sem a armadura.

― No momento você não é o Batman, apenas Bruce Wayne. Eu não vou deixa-lo desprotegido. – Protestei, tentando inutilmente alçar voo com ele. Um projétil atingiu meu braço, me fazendo estremecer. Não era munição comum, a paralisia instantânea em meu braço provava isso.

― Quem está aqui sabe que eu sou o Batman, Diana. Eu não posso fugir desta luta. Tire as pessoas inocentes daqui. – Seu olhar era de ordem e súplica. O brilho que vi dentro deles fez meu coração parar, era uma chama que fulgurava ardentemente antes de se apagar.

Eu queria falar algo, queria defendê-lo, mas a percepção de uma bala, rumando ao peito de uma senhora a nossa frente, me fez reagir instintivamente e salva-la. Quando a coloquei em segurança voltei meus olhos à procura de Bruce. Eu não o avistei em um primeiro momento, apenas tornei a vê-lo quando ouvi um disparo e uma gargalhada estridente e desesperadora.

Como se eu fosse te perderOnde histórias criam vida. Descubra agora