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Um quase sonhador suspiro escapou os lábios de Kagami, que aproveitava a gostosa e confortável situação na qual se encontrava. Estava deitado sobre o peito de Tobirama, seu marido, enquanto ele mexia delicadamente nos cachos de seus cabelos.

Não pôde deixar de sorrir quando sentiu uma das mãos de seu albino lhe abraçar as costas e o trazer para mais perto de seu corpo. Kagami fechou os olhos e apoiou a cabeça no ombro dele; aquele fim de tarde se encontrava em um relaxante e unusual silêncio.

Silêncio demais. Era um pouco suspeito...

– É melhor ir vermos o que o Shisui está fazendo... – A voz de Tobirama sussurrou perto de sua orelha, lhe causando um pequeno arrepio.

– Mas ele está tão quietinho lá no quarto dele... – Kagami colocou um dos braços sobre o peito do albino e apoiou seu queixo nele. Não cansava de se encantar com seus belos olhos vermelhos.

Tobirama sorriu minimamente com a óbvia preguiça do moreno. Ergueu seu braço e tocou os cabelos dele com leveza, os afastando de seu belo rosto.

– Exatamente por isso. Se ele está quieto, é porque está aprontando.

Kagami inflou as bochechas em birra. Tobirama estava certo, como sempre. Shisui era uma criança deveras hiperativa; adorava uma bagunça, e vivia tagarelando pelos cômodos da casa.

Ainda assim, resolveu teimar um pouco.

– Não fale assim. Nosso bebê é um anjinho.

O albino lhe encarou com as sobrancelhas erguidas. Uma breve risada lhe escapou.

– Anjinho? – Perguntou incrédulo. – Ontem mesmo ele se pendurou nas cortinas e arrebentou tudo.

Kagami não conseguiu segurar as risadas com a lembrança. Deu um leve e inofensivo tapa no albino antes de levar seu olhar até uma das janelas, onde de fato, os trilhos da cortina estavam quebrados.

– Certo... – Desistindo de teimar, Kagami se virou para Tobirama novamente e lhe deu um pequeno beijo no rosto. – Ele pode ser um pouco levado, mas continua sendo um anjo.

Tobirama revirou os olhos, mas concordou com ele. Não havia como negar, com os cabelos enrolados e aquele rostinho delicado, Shisui era realmente semelhante a um anjo.

– Vamos ver o que ele está aprontando, então?

Kagami grunhiu em falsa frustração. Se levantou preguiçosamente do sofá e esperou que o albino fizesse o mesmo.

Juntos, os dois subiram as escadas e caminharam sorrateiramente pelo corredor, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Não demorou muito para que chegassem ao quarto do filho.

Esperaram encontrar algum tipo de bagunça - e bom, eles encontraram, pois havia roupas jogadas no chão e espalhadas para todo o lado -. Entretanto, eles se depararam com uma pequena surpresa.

Em frente ao espelho que ficava em uma das paredes do quarto, estava Shisui, trajando um belo e delicado vestido.

No momento em que Kagami avistou o pequeno, a bagunça do quarto foi momentaneamente esquecida. Shisui estava uma gracinha! O vestido que ele usava era de um tom rosa bebê, com uma saia longa e repleta de babados; combinava perfeitamente com seu tom de pele claro e cabelos negros.

Tobirama se encontrava na mesma situação. Seu peito se aqueceu ao ver o quão fofo seu filho estava.

– Shisui? Onde você arrumou esse vestido? – Kagami perguntou a primeira coisa que lhe veio em mente.

Quando escutou sua voz, Shisui deu um pequeno pulo. Ele se virou para trás e encontrou os pais lhe encarando. Instintivamente, recuou alguns passos.

Tobirama e Kagami se assustaram ao ver os olhos dele se encherem de lágrimas.

Shisui in a dressOnde histórias criam vida. Descubra agora