O que fazer quando o acaso toma conta?
O que fazer quando o acaso se torna um intensa paixão, de inverno e não verão?
Talvez nada disso precise realmente de uma resposta.
Talvez você só precise tragar seus sentimentos e expira-los como a fumaça cinz...
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-eu ainda acho melhor a gente pega um táxi.
Diz Bento, pela terceira vez enquanto descíamos o pequeno prédio de elevador.
-mais Bento, não é longe
Tento explicar pro garoto, que se mantinha relutante. O elevador para, e começamos a andar para as portas de saída do local de mãos dadas.
-depois não diz que não avisei.
Da de ombros dobrando a esquerda do estabelecimento.
Por alguns metros, andamos ininterruptamente, porém, logo passaram por nós, duas garotas com camisas do logo dos mamonas.
-olha, o Bento dos mamonas assassinas!
Uma aponta pra ele toda animada. Ambas correm em nossa direção.
Como nunca havia passado por uma situação daquelas (imaginava que elas fossem questionar as mãos dadas ou presumir algo), abaixo o olhar sentindo a timidez tomar conta.
-ooii Bento.
Elas dizem em uníssolo, ignorando completamente minha existência.
-oi meninas.
Bento responde simpático, começando carícias em minha mão ao perceber meu desconforto.
As garotas perguntam algumas coisa a Bento, que responde com sua simpatia habitual, porém, sem largar minha mão por um segundo sequer.
-bom garotas, tenho compromisso agora, então preciso ir andando.
Diz, depois de passar uns 10 minutos ali parado.
-espera!
Uma delas da um passo a frente, colocando a sua mão no peito do garoto, que instintivamente para com tal toque.
-tira uma foto com a gente? Por favor.
Bento apenas acena com a cabeça, concordando.
-você tira pra gente?
Ela se direciona a mim, estendendo sua camera.
Agora você sabe da minha existência?
Suspiro e pego seu aparelho, aponto pra eles, que se posicionavam pra foto, e por fim a tiro. Elas vem correndo em minha direção, todas animadinhas pra ver a fotografia.
-obrigada pela foto, Bento.
Por um mísero segundo, penso que ela seria educada e me agradeceria.
Cruzo os braços. Enquanto a garota se retirava, Bento acenava dando tchau com a mão.
-de nada.
Falo em um tom mais baixo, enquanto a observava sumir pela rua.
-ei.
Bento puxa meu braço direito e assim que permito que ele o tirasse, ele cruza nossos dedos e leva até sua boca, depositando ali, um beijinho.
