2 - O Processo

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-Agente Montgomery... O caso é seu.

O encarei por alguns segundos, surpresa. Não achei que fosse conseguir fazê-lo mudar de ideia, apesar da minha persistência e postura confiante. Deixei escapar um sorriso frouxo, juntamente com um suspiro nasal de alívio. Quase lacrimejei mas isso já seria um exagero. Ainda estava desacreditada.

Ergui uma sobrancelha e cruzei os braços, talvez fosse uma brincadeira de mal gosto de sua parte. Bati o pé com força contra o chão e o esperei dizer mais alguma coisa.

-Não era isso que você queria, agente? -sua voz estava firme, autoritária, ele praticamente gritava mas eu estava ocupada demais comemorando internamente.- Conseguiu me convencer com essa sua pressãozinha. E saiba que, se algo der errado, a culpa será completamente sua. Eu lavo minhas mãos... Se por acaso falhar e sofrer as consequências por isso.

-Hum, sei. É isso que significa "cuidar" da filha do seu melhor amigo falecido.

-A culpa não é minha que as coisas funcionem dessa forma. Já que tanto insiste, será designada como a agente operacional, ainda teremos algumas reuniões mas eu faço questão que me mostre o seu "poder feminino". Acho que estou curioso para conhecer os seus truques.

-Eu não vou decepciona-lo Michael, não se preocupe. -ele concordou de forma irônica com a cabeça, revirando os olhos.- Eu prometo.

-Prometa não se deixar seduzir por ele. É um Don Juan de araque. Não demorou nadinha para que uma das nossas subordinadas caísse em tentação.

-A que trouxe o preservativo pra doutora Hyuna analizar?

-Essa mesmo. Ainda está suspirando por ele pelos corredores.

-Então é melhor ficar de olho nela, não em mim. E se não fugir muito da sua zona de conforto, eu quem posso seduzi-lo.

-Bom, não tenho dúvidas disso... Mas o seu pai não aprovaria.

-Eu sei que não, mas ele está morto. Não tem como opinar em nada na minha vida.

Saí de sua sala a passos largos logo depois de me curvar em respeito. Não conseguia definir ou organizar minhas emoções. Um misto de medo e ansiedade ou adrenalina, mas ao mesmo tempo orgulho de mim mesma... Acho que na pior das hipóteses, eu morrerei tentando fazer justiça.

É minha grande chance. E não falharei.

Caminhei até o lado de fora do departamento, encontrando Félix sentado no último degrau da escada, arrancando as pétalas de uma flor comum. Havia um jardim ao seu lado. Ele parecia bem pensativo. Toquei em seu ombro, e brevemente o assustei, mas logo sorriu para mim.

-E então? Conseguiu algo, Bela? -As sardinhas o deixavam ainda mais adorável.

-Não me chame de Bela. E, bom, sim, eu... Consegui.

-Conseguiu?! -Comemorou com um sorriso ainda maior, me fazendo sorrir junto a ele. Jamais o diria, mas ele era incrivelmente fofo.

-Sim. Vou operar o caso.

-Uh... Eu... Tô orgulhoso de você.

Ele virou o rosto na direção oposta de mim e ficou em silêncio por um tempo considerável, acabando por me deixar desentendida.

-Félix... Félix olha pra mim, antes que eu te vire do avesso.

Ele suspirou disfarçando um sorriso e voltou a me encarar, parecia buscar as palavras certas.

-Olha Isabela, eu realmente fico... Feliz que você tenha o poder de ir lá e fazer a diferença, mas...

-Mas?

Blue Blood;;MYGOnde histórias criam vida. Descubra agora