Então esse foi o preço.

70 7 6
                                    

— Sério, quem convidou você? — Tsukiyama apontou diretamente para um ruivo inclinado sobre a mesa de guloseimas.

Com uma expressão hostil, bem como apontando o dedo indicador em um ato acusador, Kei suspeitou de uma intrusão — o que de alguma forma seria algo razoável a ser considerado, dado o histórico de tolices daquele baixinho.

Lá estava Hinata Shouyo com uma energia desonesta pairando ao seu redor, demonstrando maquiavelicamente com as mãos esfregando um esquema complexo atrás de sua entrada. Ele ajudou Yamaguchi a tomar coragem para pedir o loiro em casamento, além de organizar a surpresa, então é justo que ele e seu namorado Kageyama tenham sido convidados, não concorda?

Yamaguchi caiu na gargalhada com a evidente indignação de seu agora marido, que murmurou "então esse foi o preço" baixinho. Um sorriso bobo brotou em seus lábios de repente ao pensar: "meu marido".

Ele discretamente observou Tsukishima: a cor branca do terno contrastando perfeitamente com a gravata cinza bem amarrada no pescoço, e a pequena flor alojada no bolso, dando um toque mais delicado ao traje. O cabelo dourado estava jogado para o lado e, sem óculos, os olhos âmbar brilhavam, como uma única estrela presente em um céu escuro.

Desceu até deparar-se com a aliança de ouro no anelar da mão esquerda. A esmeralda no centro parecia mais brilhante do que o normal.

— Meu bem — ele sussurrou próximo ao ouvido de seu marido, envolvendo seu braço. — Podemos cortar o nosso bolo agora? 

Tsukishima rapidamente se virou para ele, admirando o par de olhos castanhos vibrando em êxtase. Ele acariciou seu cabelo esverdeado em uma afirmativa indireta.

O casal então se aproximou de um arco composto por frágeis flores brancas, estacionando em frente à extensa mesa de madeira coberta por um manto. Em cima do manto havia inúmeros doces cobertos com papel transparente personalizado. Havia também o principal, o bolo, com uma camada rasa de massa americana de formato simétrico, decorado com espécies de plantas azuladas, comestíveis e de sabor adocicado.

Yamaguchi se posicionou atrás de Kei, juntando as mãos para que ambos cortassem uma fatia ao mesmo tempo.

Ele os guiou lentamente, com uma certa pena de destruir o trabalho impecável que havia encomendado.

"Que Osamu me perdoe", pensou Tadashi, antes de perfurar a textura amena, forçando até que o utensílio afiado alcançasse a estrutura sobre a qual o bolo repousava.

Fizeram isso mais algumas vezes, com cuidado, até chegarem ao número exato dos poucos convidados que chamaram, apenas os mais próximos.

Tadashi, pegando o pedaço mais generoso, olhou em volta, sentindo-se atordoado com seus amigos olhando para ele, esperando ansiosamente que entregasse aquele pedaço para alguém.

— Yama, você sabe que eu sempre gostei muito de você, não sabe? — Hinata indagou, se aproximando com charme.

— Eu dizia direto que você e o Tsukki formavam um bom casal, não dizia, Agashe? 

— Dizia, Bokuto. — Keiji confirmou.

— Olha aí, Yama!

E então, uma série de súplicas invadiu aquela casinha de festas onde aconteceu a cerimônia. Durante a maior parte do evento, seus votos foram interrompidos pelo choro ultrajante de Hinata e Bokuto; os outros amigos tentando acalmar a situação. Kenma queria ir embora cedo, mas Kuroo contornou seu tédio dando a ele seu celular para que ele pudesse jogar alguma coisa. Kageyama, porém, estava em um nível além, estando ali por, primeiro, arrastado pelo namorado e segundo, por Yamaguchi.

Tsukishima e Kageyama adoravam trocar farpas entre si.

Seus amigos certamente tornaram esse dia ainda mais especial. Será que eles estavam tomando aquela pedaço, neste caso o primeiro, como algo relevante?

Rapidamente, Tsukishima pegou uma colher, arrancou um pequeno pedaço e o dirigiu aos seus lábios arqueados, tremendo de nervosismo.

— O primeiro pedaço vai para os noivos, claramente. — disse Tsukishima. 

Houve algumas reclamações, mas logo foram esquecidas com a liberação do buffet.

Ainda mastigando, seu marido o guiou para a pequena pista de dança, envolvendo as mãos em volta da sua cintura. Em algum momento, elas subiram até suas costas.

Os pés iam e vinham, em direções não planejadas, vagando pelos paralelepípedos do chão, movendo-os para todos os cantos daquele salão.

Tadashi levou seus longos dedos para a nuca de Kei, prendendo-os nos fios loiros.

Ele inclinou a cabeça para cima, hesitando brevemente antes de alcançar os lábios de seu amor, enviando-os para um lugar onde só eles existiam, onde nenhuma música era mais alta que suas batidas eufóricas.

Aos poucos, outros casais se juntaram à pista de dança, calados, desfrutando do caloroso abraço de seus parceiros.

Emergindo naquele silêncio, Tadashi se permitiu aceitar o fato de que ele era casado com a pessoa que mais admirava em sua vida, assim como Tsukishima assimilou finalmente o quão enredado estava nas garras do amor.

"Que bom que você quis, Kei."

Você quer?Onde histórias criam vida. Descubra agora