MARRY YOU - 𝙳𝚛𝚊𝚛𝚛𝚢

005

— Escuta, se eu tiver que apanhar mais uma sandália sua na escada, eu juro que te mato! – Harry bufou assim que viu seu "companheiro" descer os degraus despreocupadamente.

— Apanha porque quer, eu não mandei. – o loiro disse em deboche.

— Acontece que eu quase caí ao tropeçar nessa merda.

— Se ta tão irritado, dorme no sofá, ou vai embora... A porta está aberta.

— Se não estivéssemos fora da cidade e nossos amigos não tivessem nos deixado sem carro, não estaria mais aqui há horas... Se bem que se eu sair agora, provavelmente chegarei em casa antes das três semanas acabarem, então estaria tudo certo. – Draco riu mordendo a maçã verde antes de bufar.

— Vai pela sombra! – gritou em zombaria indo sentar no sofá onde o moreno estava antes e revirando os olhos, Harry bateu a porta da frente.

Com certeza a vontade de ir embora não lhe faltava, eram apenas setenta e duas horas e ele sentia como se fossem setenta e dois anos. A casa dos Parkinson era insuportavelmente grande, haviam cômodos o suficiente para que ele pudesse viver em paz, mas a lembrança de saber que o loiro também estaria em algum daqueles locais, tirava sua paz.

Ele adoraria ir embora, dizem que caminhar faz bem pra saúde e naquele momento ele realmente cogitou voltar pra Londres a pé.

O que não significaria que ele chegaria vivo.

Um mergulho, Harry. Um mergulho vai te ajudar.

O subconsciente do moreno o alertou enquanto ele vagava pela rua da residência, não haviam muitas pessoas no local, somente alguns casais de idosos caminhando ou conversando na calçada. Harry os olhou rapidamente antes de desviar o caminho que seguia, indo em direção ao mar.

Um banho salgado tiraria todo seu stress.

Harry pensou em como estaria naquele mesmo momento se não tivesse aceito o jogo de Tom e beijasse qualquer um daquela festa, mas daí veio o pensamento de que talvez seus amigos o chamassem de covarde, e uma coisa que Harry nunca fazia, era recusar ou se negar às apostas. Mas então ele novamente pensou que se não tivesse aceito a proposta de Thomas, o resultado com certeza seria diferente, porque não adiantava estar naquele imenso paraíso, ao lado da pessoa errada.

As ondas iam e vinham em sua direção e quase sempre o pegando de surpresa, fazendo-o engolir agua, vez ou outra. O moreno riu consigo mesmo e continuou aproveitando o momento antes de ter de voltar pra casa e fazer as refeições com a carranca de Draco Malfoy a sua frente.

— Merda! - Harry resmungou ao sentir um ardor tomar conta de seu pé e se movendo de onde estava, ele nadou pra mais longe achando apenas que tinha batido em alguma coisa e logo a ardência passaria.

O garoto não sabe quanto tempo ficou dentro do mar, mas sentia-se exausto e suas pernas pareciam triplamente cansadas. Enquanto caminhava pra fora da agua, Harry parou por alguns segundos percebendo que alguma coisa ainda o incomodava no pé, ele não conseguiu ficar apoiado sobre ele por muito tempo e por isso acabou caindo quando uma nova onde o surpreendeu.

— Que caralhos tá rolando... - ele resmungou quando chegou à areia e só então percebeu sangue em seu pé esquerdo. — Maravilha.. Que ma-ra-vi-lha! - o moreno ironizou antes de seguir - seu agora- longo caminho até a casa dos Parkinson.

— Achei que já estivesse perto de casa... - Draco debochou erguendo o olhar do sofá onde estava quando a porta da frente foi aberta. Harry o ignorou e mancou até as escadas, só então, sendo realmente notado pelo loiro. — Que porra aconteceu?!

— Nada. Cuida da sua vida.. - Harry tentou subir os degraus mas sentiu um braço lhe puxar com força pra trás. — Merda, Malfoy, o que quer agora?

— O que houve com seu pé? - repetiu com um tom mais calmo e revirando os olhos, Harry tirou seu braço das mãos do outro e o encarou.

— Pisei em uma pedra, eu acho. Agora se me der licença, eu preciso tomar banho pra tirar o sal do corpo...

— Que banho? Precisamos ir no medico, agora! - Draco voltou a alarmar enquanto via o sangue escorrer do pé do outro — Não quero ser acusado de nada. - Harry bufou.

— Você é inacreditável! Não se preocupe que não vou morrer pra condenar você a prisão. Já te disse, devo ter pisado em alguma pedra...

— Uma pedra não tira todo esse sangue Potter, deixa de ser teimoso.

— Você tem medo de sangue, Malfoy? - o moreno disse rindo — Que cômico.

— Vai se foder! Ao menos uma vez, você pode me ouvir? - Harry ficou em silencio. — de todas as coisas que poderiam ser mais perto de uma casa de praia, eles escolhem logo hospitais. Por que acha isso?

— Quer que eu responda?

— Não, idiota. Quero que coloque um pano ao redor do corte e vamos no medico.

Harry pensou em xingá-lo outra vez e subir as escadas para seu quarto, mas infelizmente seu pé doía demais e agora ele começava a suspeitar que talvez não tivesse sido uma " simples pedra". Ele odiava ser negativo, mas talvez o alarde de Malfoy para o tanto de sangue que escorria fosse sinal de algo realmente sério.

Ele não podia dizer não.

Harry não fazia ideia de onde era aquele hospital ou centro de atendimento, nunca tinha reparado naquilo das vezes que eles passaram algum final de semana ou férias na casa dos Parkinson's. Talvez porque ninguém nunca se machucou ou tivesse ficado doente de repente.

Parabéns, Harry, além de ficar "preso" com um Malfoy por três semanas, agora vai ter que dever favores pela ida ao hospital.

Você não podia ser mais sortudo.

Potter praguejou seu subconsciente e mesmo contra vontade, teve de aceitar "o ombro" do loiro para que não tivesse tanta dificuldade em andar. O local era muito longe pra quem estava a pé, ou talvez seus passos lentos e dolorosos, lhe causassem essa impressão.

Assim que cruzaram as portas de vidro, Harry encarou o loiro e segurou em seu braço, o encarando seriamente como um sinal de alerta.

— Não ligue pra ninguém, a menos que eu precise arrancar a perna. - Draco revirou os olhos pelo exagero mas acabou concordando e então eles seguiram até a recepcionista.

O médico fez alguns exames e retirou o pedaço de vidro que estava dentro do pé do moreno, Draco digitava alguma coisa em seu celular e mesmo com dor, Harry conseguiu esticar o braço e dar um tapa na cabeça do loiro.

— Eu te disse pra não ligar pra ninguém!

— Eu não estava... Só estou olhando meu perfil...

— Seu idiota, se você disser isso, eles vão achar que estamos fingindo pra voltar pra casa...

— E se eu mandar a foto do seu pé?

O medico sorriu para os dois e levantou da cadeira colocando a agulha dentro de um prato, enquanto pegava o algodão com álcool pra limpar o local do ferimento outra vez. Harry torceu o nariz e estreitou os olhos enquanto a limpeza era finalizada, ele odiava hospitais, agulhas e qualquer coisa que envolvesse estar naquele lugar branco e que fedia a remédio, álcool e desinfetante.

— Certo, senhor Potter, nada de fazer esforço nesse pé, lembre-se de não comer nada que possa infeccionar isso por pelo menos por uma semana. - o moreno concordou, apoiando os braços para descer da cama onde estava — O curativo terá de ser trocado todo dia também, o corte não foi tão grande, mas foi profundo. Você levou dez pontos, não esqueça.

— Okay doutor.

— Creio que o seu namorado deverá ficar mais calmo agora... - o medico comentou rindo, aproximando seu rosto do de Harry, enquanto ele franzia o cenho, quase xingando o homem por aquele comentário.

Ora bolas, onde já se viu! Harry rosnou consigo mesmo.

Ao contrario dele, Draco pareceu alheio a tudo e já tinha até saído da sala sem que Harry percebesse.

Ele realmente tem pavor a sangue.

— Obrigado de novo, doutor. - Harry disse por fim tentando ignorar o comentário anterior de homem.

A faixa ao redor do pé, o impedia de calçar os chinelos por completo, então novamente Harry precisou aceitar "a carona" com as mãos no ombros de Draco Malfoy.