Capitulo 41 (Ultimo)

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        Hoje as férias acabam, como me sinto? Bem. Will já se recuperou, ver ele bem me deixa bem. Eu o amo e muitos podem falar que é só mais um romance adolescente, mais nós dois sabemos que não é, encontramos saídas em meio a problemas dificeis. Sei que tudo isso foi apenas um capítulo da minha vida, e novos capítulos viram, mais acredito que em todos eles haverá um garoto de olhos verdes e alma boa, Will, meu Will.

         Desço as escadas do meu quarto passando a mão pelo corrimão branco, roço meus dedos na madeira.

         -Bom dia Nat! - Fala meu pai ao me escutar descendo.

         -Bom dia!!! - Termino de descer as escadas correndo e entrelaço meus braços nos seus. - Eu te amo. - Falo como um criança meiga.

         Ultimamente é assim que me comporto, deixei meu lado grosseiro e persimista, agora sou uma nova pessoa, prazer Natasha a realista e sincera. Sinto vontade de rir ao me descrever assim, mais é verdade, não sou uma garota tonta que acha que vive em um mundo perfeito, um mundo mágico. Muitos problemas viram, e de cada um deles vou levar sabedoria.

         Mais afinal será que o segredo da felicidade está tão somente ligado a momentos bons? Será que não sentimos falta do desentendimento, da raiva? Ou será que nossa alma só há espaço para coisas e sentimentos bons? Pode ser algo momentâneo, mas acredito que nossa alma tem a necessidade do sofrimento, pois sem ele não temos como se sentir feliz. Não conseguimos definir o "bom" sem antes conhecer o "ruim".


        Só aprendemos a dar valor a alguma coisa depois que a perdemos, isso porque temos que conhecer os dois lados para conseguimos enxergar qual é ou foi o melhor. Hoje consigo ver que realmente há males que vêm para o bem, só sentimos que gostamos de uma pessoa , a partir do momento em que ela nos faz passar algum tipo de situação ruim, hora essa em que o sentimento é posto a prova, raiva, desengano, decepção pode surgir com tamanha força, mas se torna inofensivo em relação ao sentimento que está presente no coração que por sua vez funciona como um anestésico.


        O verdadeiro gostar não está ligado àqueles momentos mágicos cheios de materialismo, costumes e tradições, quando ele existe realmente ele estará presente em todos momentos, como um simples bom dia até a maior prova de amor, sentimos prazer em estar ao lado da pessoa independente do que estamos passando naquele momento, um sentimento puro conforta, nos encoraja a resolver qualquer tipo de desentendimento, mesmo que para isso seja necessário abrir mão de alguma coisa. Quando se gosta, até mesmo a presença da pessoa no pensamento nos dar força, nos encoraja, nos conforta.



        Saber lidar com as situações, procurar achar sempre uma solução parcial, tirar proveito de momentos ruins fortalece o companheirismo, nos faz perceber o quanto somos frágeis sozinhos.


        Os problemas, eles vêm para fortalecer, servem como experiências, é como se após a resolução de um desentendimento, mais uma peça do quebra cabeça tenha se encaixado, e uma vez encaixado, nunca mais se desprenderá, contribuindo para sua forma final. Sonhamos sempre com aqueles romances Hollywoodianos, lua cheia, flores, declarações, musicas românticas mas nunca sonhamos com um dia chuvoso e milhares de problemas a serem resolvidos, mas mesmo assim feliz por ter alguém para te ajudar.


        Por isso comemoro a cada problema resolvido, a cada desentendimento que foi deixado para trás, encaro os problemas como uma escada em direção a felicidade e lembro me que a experiência é a soma dos desenganos.

        -Também te amo. - Meu pai me responde com um sorriso. - Melhor você ir para não se atrasar!

        Beijo seu rosto e saio saltitando, literalmente. Enquanto vou para a escola relembro de minha conversa com minha mãe, ligo para ela todos os dias, foi dificil nos afastarmos, mais estou com esperança de conseguir aproximar meus pais... se é que me entende... falei pro meu pai contar para minha mãe o motivo que o levou a sair de casa, ele recusou, falou que ela não queria saber. Mais eu sei que ele quer contar e ela quer ouvir, semana que vem ela vai vim me visitar, estava pensando em fazer eles se falarem... não sei direito, talvez eu não deva me intrometer.

        Vejo Bia e Will, que saudades da Bia, acho que ela ainda está brava por não ter me despedido, e se o tempo que ficamos longe nos tenha afastado de vez? Tantas coisas não foram compartilhadas, tantos segredos não contados,então ela sorri e  todas as minhas dúvidas somem.

                                                          *                *                *

           O sinal bate dando final as aulas, alunos saem apressados, Will caminha segurando minha mão.

           -Natasha. - a diretora Ellen me chama. - Quero conversar com você.

           -Até amanha. - Fala Will e beija meu rosto.

           Sigo Ellen até sua sala, ela se senta em sua cadeira azul aveludada e abaixa os olhos para as mãos.

          -Sinto muito pelo bebê, talvez Deus esteja te dizendo que não está na hora, sabe quando você pensava que a vida não valia a pena? Vale Nat.

           Ela levanta os olhos e eles estão com lágrimas.

          -mais como voce sabe do bebê? - Pergunto confusa.

          -Nem todos os anjos tem asas, mais isso não significa que não sejam enviados por Deus. Mais valeu a pena, não valeu?- Ela sorri.

           -Valeu.



           

Aprendendo a Viver (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora