~•Você foi o primeiro•~ TanjirouxLeitor

3º Capítulo-O seu passado.

A primavera havia anunciado sua chegada, a neve estava derrentendo formando pequenas poças d'água, o sol rasoavelmente quente te conforta enquanto você brinca no vasto campo de capim molhado na frente de sua casa, você se deita na grama aconchegante, observando as nuvens no céu formarem uma linda paisagem, mas, logo é interrompida pelo chamado de seu pai:
-Minha filha olhe só! A cerejeira floresceu.
-Oque?! É sério papai? Deixa eu ver!
Você inocentemente corre até seu pai para observar a linda cerejeira plantada ao lado de sua humilde casa, sua mãe sentada tomando um chá na sombra da sacada, dando um leve sorriso observando vocês dois, logo depois de ter ficado um belo tempo observando a bela cerejeira você volta para o campo, feliz, mas... Você sempre sentiu que algo faltava.
"Sabe... Não sei porque papai nunca deixou eu ver as outras crianças, eu queria tanto alguém para brincar.. Só ficar nesse canteiro não tem graça, acho que eu vou falar com ele! Quem sabe se eu insistir ele deixa?"
E assim fez, foi correndo reluntante com essa ideia na cabeça, mas tudo oque escutou foram nãos e nãos, que por sinal, bem calmos vindo dele.
Mais uma tarde calma se passa, enquanto você termina de aparar os bonsais de seu pai você escuta um grito vindo de lá de dentro, sua mãe gritava em horror, você rapidamente se escondeu dentro de uma cesta, e cuidadosamente se rastejou para dentro, mesmo com medo, curiosa para saber oque havia acontecido, não demorou muito tempo para você se arrepender, a cena era terrível, um monstro gigante comia membro por membro do cadáver de sua mãe, um rio de sangue espalhado pelo chão, sujando seus pés, a cabeça de seu pai rolando pelo chão do outro cômodo, já chorando, você sorrateiramente sai, mas, não despercebida pelo Oni, que só finge não perceber sua presença, você corre o mais rápido que pode para fora, sem ar e aterrorizada para piorar você para de joelhos no capim, segurando seus gritos para não atrair o monstro, ele porém já sai de dentro de casa e começa à correr na sua direção dizendo com uma voz esganiçada e tremendamente assustadora:
-NÃO FUJA P-P-PEQUENINA! VIRAR MINHA JANTA AGORA É O SEU D-D-DESTINO...
-...Não, isso não...
-GRAHHHHHH!
Por um milagre talvez, o monstro é atacado por um... Lobo? Não, eram 5, 10, talvez até mais você não pode contar na hora, mas o maior deles era um lobo negro dos olhos azuis, ele ordenou o resto da alcateia à lutar com o oni até o sol nascer, para que ele nunca mais voltasse, eles eram muito rápidos e ágeis, não levavam sequer um ataque, alguns ainda se feriam mas eram poucos os que baixavam a guarda, o grande lobo te colocou em suas costas correndo muito rapidamente dentro da floresta, até uma grande caverna perto de um vilarejo que se localizava em uma montanha muito alta, o ar rarefeito não ajudava o pânico de momentos anteriores, mas, fora isso estava sã e salva, o lobo volta para a luta, te deixando com as lobas mais jovens e sobre proteção de guerreiros aprendizes.
O amanhecer chega iluminando a úmida e calma floresta da montanha, você acorda ainda tentando se adaptar à nova realidade de viver na floresta e superar a perda de seus pais, enrolada no corpo do grande lobo, você desperta e olha em volta, muitos corpos adormecidos expostos no chão, a luz do sol nascente suavemente os acordava, o grande lobo desperta, se espreguiça, você claramente com medo suaviza rapidamente ao notar que não havia mal algum naqueles animais, eles à salvaram e te adotaram como uma grande família. Você depois de algumas semana se adapta à comer carne crua, e desenvolve técnicas próprias de respiração para manter o calor corporal e a mente em foco constante, te possibilitando caçar, encontrar presas, correr, pular, força nos membros e flexibilidade, além de se comunicar decentemente com os lobos que lhe ensinaram todas as técnicas de respiração e treinaram você para sobreviver aos perigos, não só da floresta, mas aos humanos também.
2 Anos se passam, você além de completar o seu treinamento, completa agora 7 anos, e para comemorar você decide descer a montanha para pegar alguma comida especial, "de gente" para comemorar o seu aniversário, descendo a floresta você chega num humilde casebre, com uma carvoaria do lado, fazia tempo que não via uma daquelas, enquanto a neve começava à cair um homem saia de sua casa com roupas estranhas, ele acende algumas tochas em sua volta e pega um graveto cheio de guizos, e começa à dançar com ele mexendo de um lado para o outro, um pequeno garoto do haori xadrez, o observa atentamente juntamente de sua mãe ao lado, não se importando muito com isso, você continua à descer pela mata.
Chegando na vila, você se encontra atrás de vários arbustos e árvores um grupo de crianças se sentavam ali comendo e falando juntos, sua visão capta um grande javali do lado que sai dos arbustos devagar, se revelando às crianças, que por sua vez correm com medo do grande animal, abandonando ou deixando cair a sua comida, o javali se aproveita da situação e se alimenta dos restos, você observa atentamente, e decide que mataria o javali, não só pela sua carne mas para fazer uma máscara com sua cabeça e conseguir comida fácil, espantando crianças, você sai da mata de 4, ele te encara e parte pra cima irritado, você agilmente pula em cima dele, lhe encravando os dentes no pescoço repetida vezes até deixar ele paralisado, quando ele se cansa aceitando a morte você pega uma pedra e lhe dá uma pedrada, assim, automaticamente o matando, lascando algumas pedras você faz uma espécie de "faca" e corta a cabeça para retirar o que tem dentro, depois tira o couro e o deixa secar até o dia seguinte.
No dia seguinte, alegremente você coloca seu capacete, sua alcateia parece orgulhosa com o feito inteligente de como conseguir comida mais fácil, você veste o casaco de pele do javali e coloca sua cabeça descendo a montanha até o mesmo beco de antes já enxergando de longe as crianças, você ainda no meio dos arbustos diz:
-Vocês pirralhos...
-?!
-Vocês mesmo! Eu vou lhes devorar! Grahhh!
Você pula da mata se revelando, e quase matando do coração as pobres crianças que saem em desparada, gritando:
-É o monstro javali!! Ahhhhhh!
-Viram? Foi muito fácil né?
Você diz para seus companheiros já pegando a comida do chão para comer.
Você manteve sempre essa prática, até quando terminou a seleção final, 3 anos depois, você continuava à fazê-la, já que não havia nenhuma missão ainda proposta à você, você dessa vez desceu com o casaco e com a máscara, mas não para assustar as crianças e roubar-lhes comida, mas sim para se sentar perto da casa no ponto mais alto, a casa com uma carvoaria, lá você senta e observa um menino grande, com o haori xadrez de sempre, trabalhando no inverno tão frio, vendendo carvão, ele colocava vários tocos dentro de sua cesta, e quando ele termina de se despedir da família, ele para abruptamente e cheira o ar, e de repente olha para você surpreso, você fica de pé e coloca sua máscara, ele anda até você, você fica de 4 e olha para ele, ele calmamente diz:
-Ei, eu não vou fazer nada com você, mas... Quem é você? E porque cheira à... Bem, cachorro?
-Eu sempre vivi nas montanhas, e eu cheiro à lobo não cachorro.
-P-prazer! Eu sou Tanjirou Kamado, e qual o seu nome?
-(S/N)
-É um nome bonito! Porque você usa essa máscara?
-É eu... Eu uso para... Hmmm, conseguir o que comer mais rápido.
O garoto te olha confuso, mas depois retoma fala:
-Você pode tirá-la denovo para eu ver seu rosto?
-Eu não gosto tanto de mostrar meu rosto.
-Por favor (S/N) Vaiiii...
-V-você não tem que ir trabalhar não? Me deixa em paz!
Você disse, não sabendo oque era aquele sentimento dentro do seu peito, mas... Você se arrependeu de ter dito aquilo, porque depois daquele dia ninguém mais apareceu, ninguém de sua família nem ele, isso quando você tinha 10, agora tem 15, terminou aos 9 a seleção final, e já tinha matado muitos demônios, mas você embora viajasse para muitos lugares você sempre voltava para o mesmo, aquela caverna perto do vilarejo, e nunca mais tinha visto o pequeno Tanjirou, não como se você tivesse muita culpa, passou muito tempo sem interações sociais, por isso não lida bem com as palavras ainda, porém apesar de tudo, você recuperou o tempo perdido, e também recuperou o seu amor, pelo menino sumido.