Piloto

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Clendor. Uma cidade pequena e cheia de vida, localizada perto da fronteira com Canadá. Muitas pessoas que moram aqui falam com o sotaque diferente do que Ethan foi criado, e ele se acostumou bem.

Logo depois de um dia longo de trabalho, chegou em casa e colocou seu casaco no encosto de uma poltrona, verificou o termostato e logo tirou o tênis. Andou pela casa verificando se estava tudo no lugar e foi ver sua avó, que estava em seu quarto.

- Vovó! Cheguei! - abriu a porta do quarto e viu sua vó dormindo profundamente, ela não podia sair de casa, estava frágil demais para a vida corriqueira do norte da cidade. Ele a cobriu com um edredom grosso, a temperatura tinha caído mais ainda esse ano. - Um dia irei nos tirar daqui.

Depositou um beijo em sua testa e saiu do quarto apagando as luzes do mesmo, Ethan preparou um jantar sofisticado e logo recebeu uma ligação de vídeo de sua melhor amiga Melanie.

- Cara eu nem te conto o que aconteceu!

- Diga minha flor.

- Sabe a vadia da Sidney? Pois é, está grávida!

- Não brinca?!

- Sim, o marmanjo é aquele guri lá do bairro 6C, conhece? Acho que o nome é Maylo.

- Não... Não faço a mínima ideia.

- Aquela piranha me arrancou muita dignidade, vou jogar tanto na cara da vaca louca! Tô doida pra voltar às aulas.

- Calma guerreira, quero aproveitar as férias enquanto tenho.

- Verdade, deveríamos dar uma volta sei la. - conversas são ouvidas na casa de Melanie e Ethan fica curioso. - aí maninho, preciso desligar, meu irmão prendeu a cabeça de novo na grade aqui. - Ethan sorriu e ambos se despediram.

Gotas caíram na janela e logo uma chuva despencou dos céus. No noticiário Superman era o que mais se falava, Liga da Justiça isso, liga daquilo. Ethan achava difícil como seres com tamanho poder poderiam manter a sanidade assim, talvez os adultos saberiam administrar melhor, ter um senso melhor, o que um adolescente de 16 anos faria? Provavelmente destruiria tudo no primeiro surto.

Ligou a televisão e comeu a janta, logo depois de alguns minutos o sono o invadiu, não tinha problema em dormir nos lugares, o sono vindo, poderia dormir até mesmo em pendurado.

Um pesadelo o atormentou, viu-se sozinho em um mundo devastado, sua avó tinha morrido e seus pais... Mortos. Não tinha muita diferença, seus pais tinham realmente morrido, ou era o que sua avó contava, nunca vira nenhum dos dois, crescerá com os avós, mas seu avô acabou falecendo pouco tempo depois, e desde então Julieta, sua avó, o cuidava e protegia como um filho, parte de seu corpo. Ver a avó morta o arrasou, a amou desde o primeiro suspiro e jamais queria vê-la partir. Seus amigos também estavam jogados sem vida, e isso estremeceu seu corpo.

Acordou no susto segurando com força o sofá que dormiu. Se levantou e andou até seu quarto onde cochilou por mais um tempo antes do amanhecer.

A manhã estava tranquila, Ethan encontrou com seus amigos em uma pista de skate logo depois do café da manhã.

- Meu querido Ethan, como vai? - Melanie se aproximou, ela era baixinha com cabelo cacheado e preso em coque. Ela adorava quando ficava assim e odiava quando falavam de sua altura. Mas era a melhor pessoa do mundo, sempre ajudava Julieta quando Ethan não podia.

- Meus queridos amigos! Como vão? - Disse Nate ao chegar com seu skate, ele era alto e totalmente popular pela escola, adorava sair de casa, atleta e jogador de futebol americano, eu não era lá grande coisa perto dos troféus dele. Melanie não estava muito atrás, líder nata no grupo de ciências com 3 prêmios de primeiro lugar em olimpíada de química , física e biologia em seus grandes projetos, aceitou trabalhar em uma agência de astronomia do condado e está lá até hoje.

Cada um com seu mundinho particular, e Ethan se sente agarrado aos seus fardos, nunca foi inteligente, nem esportivo, não tinha talentos, único papel legal de prestígio que tinha, e nem sabia se tinha valor era atuar na sua escola, e seu papel era próximo ao das plantas e pedras. Uma vez fez papel de porta. Tentou fazer parte do time de futebol de Nate, mas acabou desmaiando na terceira volta, foi uma vergonha enorme.

Nate foi conversar com outros amigos que estavam na pista Ethan ficou conversando com Melanie que ainda estava treinando subir em um skate e ficar equilibrada. Nate fazia isso muito bem, subia e descia, suas acrobacias eram inéditas e todos o elogiaram por isso.

Ao final todos foram tomar sorvete em uma lanchonete próxima.

- Como vai sua avó Ethan? - Nate perguntou sugando um milk shake.

- Bem... Eu acho. Os remédios tem ajudado, mas todo dia é difícil.

- Entendo, mas é a única pessoa que sobrou então se precisar, estamos aqui pra ajudar.

- Obrigado. - a garçonete olhou para ele atrás do balcão, Ethan percebeu e logo ficou curioso pela sua beleza, alguém olhando assim pra ele? Será um flerte. A garota sorriu mesmo tentando disfarçar, Melanie percebeu esse drama.

- Meu cavaleiro está se amarrando? Isso é furada.

- Areia demais pra mim. - Ethan comentou.

- Vai lá, nunca se sabe se essa areia na verdade é isopor. - Nate disse sorrindo com milk shake saindo pelo nariz. Melanie riu até ficar sem ar. Nate se levantou e foi até o balcão.

- O que posso lhe ajudar? - a garçonete falou olhando no fundos dos seus olhos, seus dedos estavam inquietos segurando a lista de pedidos.

- Eu vou querer um donut daqueles - Ethan apontou e a garçonete anotou o pedido e logo pegou seu donut. - é nova por aqui? Nunca te vi antes, e olha que aqui todo mundo se conhece.

- Digamos que sim, cheguei a poucas semanas na cidade e arranjei um empreguinho, é bom, mas almejo mais entende, me chamo Ella e você?

- Ethan, gostei do seu cabelo. - Ella tinha um cabelo loiro sedoso que encantava Ethan em todos os aspectos. As borboletas na barriga começaram a alçar vôo.

- Obrigada, é difícil cuidar dele nesse rio de óleo fervendo ali atrás. - riram. Conversaram por muito tempo e Ethan felizmente conseguiu seu número de telefone, Melanie queria ir embora então logo saíram da lanchonete.

Um mendigo do outro lado da rua fitou Ethan por um tempo e se levantou do chão andando atrás dele pela rua bem devagar, sem ser percebido.

Ethan conversou com seus amigos e logo se despediram, Ethan passou por um cara todo tatuado e uma barba horrível, homem o encarou com rancor e Ethan sabia que deveria manter distância daquela porta que o homem estava protegendo, algo rolava por lá e deu pra ouvir disparos de armas do lado de dentro. Ethan se apressou enquanto todos daquela região corriam para se proteger dos tiros, a polícia logo passou e cercaram o local. Ethan entrou em casa rapidamente fechando todas as janelas que via pelo caminho.

- Esses malandros acham que estão cuidando do Norte, mas só estão nos tornando piores. - Julieta estava vendo televisão na poltrona.

- Não posso reclamar muito vovó, eles que trazem os remédios pra farmácia daqui de perto.

- Esses remédios não estão adiantando nada.

- Está melhorando mais ainda por causa deles. - ela resmungou e Ethan aproveitou para fazer um suco para ambos.

King: o guardião dos sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora