MINGI
Encarava a parede manchada de goteira enquanto esperava o despertador tocar. A luz do sol penetrava aos poucos pela janela, fazendo aquela mancha ficar cada vez mais visível. Pensava em quantas coisas precisava arrumar, uma delas com certeza era um emprego pra minha véia. Eu podia me virar com qualquer bico, mas desde que a médica disse que ela não poderia pegar peso, não podia arriscar sua saúde.
Essa é a realidade quando você não tem um curso superior: pode fazer de tudo, mas ao mesmo tempo, não pode fazer nada. Não me arrependia da minha escolha, mas me sentia culpado por ela não ter tido a opção de escolher. O telefone tocou na mesma hora que o despertador ressoou aquela música horrorosa que eu mesmo havia colocado, o que me fez levantar às pressas para ouvir o que ela dizia:
— Sim, sou eu mesma... Como? Claro, claro, eu posso sim... Me diz o endereço, por favor... Aham, aham, muito obrigada, muito obrigada mesmo!
— Quem era?
— Eu consegui uma entrevista! — Sua voz animada aquecia meu coração. Corri para um abraço mesmo sabendo que aquele momento fofinho me custaria um atraso.Hongjoong me olhou torto quando coloquei o capacete no balcão, mas estava feliz demais pra deixar suas provocações me afetarem. Yeosang me entregou dois celulares e me explicou o que precisava ser feito, e assim segui.
Meu pai me ensinava muitas coisas quando estava vivo e uma delas foi conserto de eletrônicos. Graças a isso, consegui convencer meus dois amigos a se arriscarem comigo e abrimos uma loja de peças de aparelhos, que modéstia a parte, até que ia bem.
Estava quase puxando um fio quando Hongjoong me assusta depois de receber uma mensagem.
— Festinha hoje, quem vamos? — Disse animado mesmo depois de pronunciar uma gíria de 2015.
— Não, não tô a fim de gastar dinheiro. — Yeosang respondeu.
— Não vamos festejar, vamos trabalhar.
— Eu quero. — Respondi. Ainda precisava levar minha mãe até a entrevista mais tarde, porém nada era certo. Melhor já ter uma graninha do que confiar num monte de gente rica, sendo assim, mandei o Kim confirmar meu nome na lista de garçons e fui pra casa com uma marmita quentinha.***
Uma das poucas coisas que podia me orgulhar nessa vida era ter conseguido comprar uma moto com meu próprio suor. Agora, com o ritmo das coisas, era questão de tempo até eu ser obrigado a vendê-la e a partir de então, tudo viraria uma bola de neve. Só de pensar nisso, meu estômago revirava. Tinha acabado de deixar minha mãe naquela mansão e torcia pra ter uma boa notícia, enquanto recebia as instruções da promoter.
Hongjoong e eu estávamos com aventais treinando nosso comportamento para a noite. Aparentemente aquilo seria uma festa de elite e nosso cachê seria bem generoso. Ouvia tudo com atenção e analisava o local, que era grandioso com uma decoração simples, já que gente rica gosta de coisa besta. Se fosse festa de pobre tava tudo com uma decoração linda, mas não posso fazer nada sobre o senso de estilo dessa gente. Senti meu celular vibrar com uma mensagem da minha mãe dizendo que havia terminado e perguntei se queria que fosse buscá-la, mas ela disse que pegaria um ônibus. Suspirei aliviado porque de qualquer forma, sair dali agora não era uma opção viável sem colocar em risco meu emprego temporário.
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YUNGI - Hidden Love
FanfictionRelacionamento sério não estava nos planos de Yunho, que herdaria em poucos anos o império do pai e curtia as noites em festas superficiais com os amigos. Um garçom atrapalhado talvez tivesse feito um favor ao lhe mostrar que nem tudo era fácil como...