Capítulo 7

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Gustavo:

Depois que conversamos aquela noite e beijei sua bochecha, notei que o clima entre nós estava um pouco mais leve. Compramos roupas pela manhã por mais que estivéssemos cercados por seguranças, era algo comum pra ela então  encarei como algo normal... já no outro dia ficamos o dia todo distantes, ela trabalhava ao longo do dia enquanto eu tentava focar em alguma coisa.

Saímos no sábado pela manhã e ela me levou por não querer que eu ficasse sozinho... Mas voltamos pra casa quase em horário de almoço e dessa vez seu pai estava lá. Era sábado e como Maraísa havia dito ainda bêbada, seu pai chegaria no fim de semana. Não só Marco César mas também César seu irmão... era uma reunião em família e ela estava a flor da pele.

E depois de Maiara me apresentar,beijar o rosto do pai e abraço-lo, tentamos todos a mesa naquele silêncio terrível, Marcos César encarava os três filhos que se evitavam a um tempo. Maraísa comia em silêncio ao lado do marido, Maiara sentada ao meu lado enquanto César a encarava com desprezo, Isadora e Lara comia entre brincadeiras ao lado da mãe e Marcos César se mantinha sério na cadeira principal da enorme mesa.

-Marcos César: Vão ficar como crianças birrentas no auge dos 10 anos?

-Maiara: Não tenho nada a dizer então quero permanecer calada,Será que posso? - questionou convicta erguendo o olhar para o pai.

César riu provocativo e Maiara revirou os olhos, Marcos César suspirou pesado e Maraísa riu de canto... seja lá o que estivesse acontecendo, eu previa uma briga.

-Cesár: Eu vou dar uma volta. - ele colocou os talheres ao lado do prato. - Quanto mais longe de você, melhor. - disse olhando para Maiara.

-Maiara: Vai lá, aproveita e volta só na hora de dormir. É um desgaste para minha visão tem que ver você transitando no mesmo ambiente que eu.

Aquelas poses durões pareciam sumir quando a família se reunia e ali eu só vi a pessoas que aparentemente se odiavam tendo que montar uma imagem e conviver em conjunto no maldito fim de semana.

-Cesár: Eu a amava, ok Maiara? - ele voltou atrás. - Deveria ter consciência disso.

-Maiara: Não, você não amava. - ela alterou o tom de voz. - Você só não queria ficar sozinho, talvez ela fizesse bem ao seu ego ou talvez, melhorasse sua vida imprestável. Mas você não amava ela, porque não se destrói a pessoa que você ama!

A ruiva concluiu se levantando da mesa, deixando todos estáticos. Até mesmo suas filhas.

-Marcos César: Maiara precisa ouvir algumas verdades, posso ir primeiro?.. - ele me pediu paciente e delicado, e eu assenti.

Maiara:

Eu estava no meu quarto,em silêncio sentada na cama enquanto sentia meus olhos marejarem e o ódio subir a cabeça outra vez

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Eu estava no meu quarto,em silêncio sentada na cama enquanto sentia meus olhos marejarem e o ódio subir a cabeça outra vez. Meu pai passou pela porta a fechando outra vez, o eco da batida foi ouvido em todo o quarto e por fim sua voz firme soou outra vez.

-Marcos César: Eu sei que não quer que ele aprende da pior forma e se sinta como você se sente, mas essa decisão não é sua. Seu irmão não tem mais 6 anos, deixe-o quebrar o coração sozinho e curá-lo da mesma forma.

-Maiara: Não vê que ele está se matando aos pouquinhos? - questionei rouca,e falha.

-Marcos César: Vejo e você também prevê-lo futuro disso porque assim como eu, também está morta por dentro.

-Maiara: Não estou.

-Marcos César: É um vazio total e sombrio que você tem aí dentro, Maiara. - ele se aproximou aos poucos. - Nada o preenche, não é? - eu engoli em seco. - Nem comida, bebida ou mesmo sexo.

-Maiara: Cala a boca. - pedir gélida e ele segurou meu maxilar com força, mantendo minha coluna ereta enquanto eu encarava com raiva.

-Marcos César: Você força sorrisos, coloca a máscara de frieza e mente pros seus irmãos e para você mesmo... mas não para mim! Eu vejo você por dentro, Maiara.. eu vejo, como está arrasada, indefesa e frágil. Você não pode vencer e sabe disso.... mas continua lutando...

-Maiara: Já falei para cala a boca! - soou ríspido, enquanto minha fragilidade era demonstrada em lágrimas.

-Marcos César: Você não tem fome de vida... porque por dentro já está morta. Você tira vidas para satisfazer o seu ego e poder... sempre sobre um pedestal onde ninguém pode ousar tentar te alcançar... essa é você.

Um tapa foi deixado em seu rosto e pude sentir aquilo queimar com o inferno, meu pai se mantinha a me encarar.

-Marcos César: Você pode ser a porra de uma grande empresária, chefe da maior máfia da América Latina, e uma psicopata e assassina de merda... mas não ouse se dirigir a mim com alta voz outra vez. - ele disse com dedo apontado ao meu rosto.

Eu só queria xingá-lo ou dizer o quanto o odiava em certas situações. Queria dizer a ele que a culpa é da dor que eu carregava era pelo motivo dele ter sido tão distante desde a morte da nossa mãe.

Mas ele saiu, saiu pela porta sem me deixar dizer mais nada eu fiquei em silêncio.

Gustavo:

Depois que vi Marcos César descer as escadas enxugando disfarçadamente algumas lágrimas, ele se despediu de mim com um abraço rápido e sussurrou no meu ouvido pedindo, que cuidasse de Maiara.

Bati na porta do seu quarto e ela continua em silêncio, depois que ouviu minha voz pediu que entrasse. Provavelmente só não queria ver a família outra vez... adentrei o quarto e fechei a porta assim como pediu. Eu nunca havia entrado lá, mas era enorme, bem arquitetado e com detalhes decorativos únicos.

-Gustavo: Está tudo bem? - questionei paciente sentado ao seu lado e quando ela evitava olhar pra mim.

Ainda estava sentada, virada para vista que podia ter através do vidro que servia como parede para o seu quarto. Se perdia naquela visão intercalando entre o verde das árvores e o céu nublado quase chuva.

-Maiara: Estou bem. - notei a mentira e o desprezo em sua resposta, e quando ela me olhou, via parte estampado em vermelho causada pela irritação da agressão da pele.

Maiara:

Gustavo não me olhou com pena, e aquilo era bom. Eu merecia e sabia disso. Ele também...

Sua mão delicada e macia tocou meu rosto, exatamente onde meu pai havia marcado com o tapa. Um carinho foi feito ali enquanto não olhávamos com paciência, sem maldade.

-Gustavo: Que ficar sozinha?

Neguei e ele assentiu em silêncio.

Gustavo:

Sua mão tocou minha coxa e eu levei a mão que tocava seu rosto até sua nuca, afagando e causando um atrito com os dedos. Ela fechou os olhos e deixei um beijo demorado sobre a recente marca vermelha... Maiara me puxou para perto e prendi em um abraço.

-Maiara: Por que insistir em se aproximar de mim? -questionou rouca, e baixo.

-Gustavo: Eu não... eu não sei... - sussurrei falho, em um fio de voz rouco.

Eu me vi confuso, não tinha resposta para aquela bendita pergunta.

𝕃𝕒 𝕄𝕒𝕗𝕚𝕒 - MaiotoOnde histórias criam vida. Descubra agora