isn't bad at all;

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O papel rasgado ao meio, onde continha a carta de aprovação à Julliard, foi caindo lentamente de encontro ao asfalto úmido. Jennie fitou o letreiro com uma letra piscando intensamente, apagando e acendendo. Não acreditava que entraria naquela boate só por um simples ato de rebeldia.

Se seu pai descobrisse que conseguiu passar em Julliard, onde o próprio já estudou, sua vida se tornaria uma inferno. Principalmente, depois da noite anterior, quando ele descobriu que ela terminou com um playboyzinho que cursava direito na universidade tão querida pelo Sr. Kim. O patriarca praticamente jogou em sua cara que nenhuma das suas decisões eram corretas e a mais nova tinha uma mínima ideia de que se ele soubesse da carta de aprovação tentaria controlar isso também.

Jennie respirou fundo antes de mostrar a identidade ao segurança, que passou o olho rapidamente e abriu a porta. A música bate-estaca invadiu os tímpanos de Jennie e ela fez uma careta, pouco acostumada com aquele tipo de barulho. Tomou coragem para entrar no local, sentindo uma estranha sensação de déjà vu afinal, a primeira vez que esteve ali foi em um de seus momentos de revolta.

Jennie andou com um ar decidido até um dos bares, onde pediu uma coca-cola. Decidiu procurar um lugar calmo para sentar e pensar na merda que era sua vida de menininha rica e privilegiada, mas como os lugares mais confortáveis e discretos ficavam do outro lado do salão, Jennie teve que passar por uma multidão.

Todos os lugares estavam ocupados; Jennie passou o olho da ponta esquerda, onde um grupinho de cinco pessoas riam, visivelmente alterados, e uma parecia estar encarado algo perto de Jennie. A ponta direita estava mais formada por casais, dos mais carinhosos, aos neutros e os radicais - Jennie podia ver as carreirinhas montadas e o dinheiro enrolado.

Suspirou. Pensando em voltar para o bar, Jennie girou o tronco, mas um assobio lhe chamou a atenção e veio da mesa das cinco pessoas. Um loiro riu para Jennie e acenou com a mão, como se dissesse que não era com ela. Jennie sorriu forçado, envergonhada por agora ser o centro da atenção daquela mesa.

O mesmo rapaz acenou novamente, chamando-a para mais perto. Temerosa e derrotada, Jennie foi, segurando seu copo com as duas mãos.

- É óbvio que ela não tem... olha a cara dela. - uma garota ruiva disse, baixando o tom conforme Jennie se aproximava.

O rapaz bufou para ela e se dirigiu a Jennie:

- Desculpe incomodar, mas tem isqueiro? - perguntou, semicerrando os olhos.

Jennie soltou um "ah" e procurou em sua bolsa. Não fumava, mas sempre tinha um isqueiro na bolsa; um costume, já que seu ex namorado fumava e as bolsos das calças eram tão apertadas que marcavam o objeto, o que ele não gostava.

Jennie estendeu o isqueiro para o loiro, que saltou no sofá, o pegou e fez um sinal de reza, sorrindo minimamente.

- Obrigado. - sussurrou e Jennie sorriu rapidamente.

O rapaz foi seguido por um casal, que passaram por Jennie com um olhar risonho, provavelmente se perguntando o que uma garota vestida como Jennie estava fazendo em uma boate de quinta.

Jennie revirou os olhos, acostumada com aquele tipo de generalização por causa de seu jeito "menininha rica". Cruzou os braços, levando o copo a boca. Olhou para o lado só para não ficar um clima estranho, já que sobrou duas mulheres na mesa.

Uma delas, ruiva, tentava convencer a outra de algo, mas a morena levantou a mão, como se estivesse encerrando o assunto. A ruiva levantou e passou por Jennie bufando, seguindo para o fumódromo onde seus amigos estavam.

Jennie fitou rapidamente os lugares vazios e a única pessoa sentada.

A morena estava podre a uísque e cigarro. Seu delineador trouxe uma visão pesada, junto aos fios desgranhados e boca entreaberta. Os olhos pequenos se arregalaram e um sorriso de canto se ergueu debochadamente.

Déjà vu. | JensooOnde histórias criam vida. Descubra agora