Sly nasceu João e, sem aceitar um único "não", transformou-se no que é hoje: a mona mais temida do centro da cidade. Calça de couro apertada e reluzente, no cabelo black um pente e no bolso a navalha fechada.
Um guarda chegou sorridente, mediu a moça dos pés à cabeça, e ficou na dúvida: "essa preta é uma mina ou um só mano indecente com silicone nos peito?" Sly logo viu, e no olhar do porco sentiu... "Gostinho de preconceito", refletiu.
Cascuda, igual ao cabo Pereira já aguentou mais de mil. Sempre tratada na ponta do fuzil, a gata nunca pensou duas vezes. Sempre que ameaçada por um homem vil, saca a navalha que nunca mentiu. Agora não foi diferente.
O PM até pensou "isso é um pente?", e só foi perceber que Sly não era inocente quando a lâmina rasgou sua boca, cortou a língua e quase lhe arrancou um pedaço dos dentes. E pra onde foi aquele gambé sorridente? Sumiu; deu lugar a um homem de cara rasgada.
Desnorteado, ele tentou alcançar o .38 na cintura, mas já era tarde: Sly era risada pura, enquanto o sangue da garganta do sujeito jorrava na sarjeta suja.