Eu estava quase chegando em casa, e ainda era bem cedo.
Graças a Deus.
No geral eu chegava bem mais tarde: umas 22h50, 23 horas. Eu trabalhava numa rede de fast food à noite e de segunda, quarta e sexta, fazia um trabalho extra em um mercado no bairro do lado de casa. Não era legal ou mesmo fácil, na verdade, ter que fazer isso tudo e ainda estudar era uma droga, mas fazer o que?
Eu estava no segundo ano do Ensino Médio. Tinha 17 anos. E apesar de, no fundo, eu querer até querer ser um adolescente como todo mundo (o que não significava que eu me importasse em não ser), eu tinha muita coisa a mais pra pensar e aprender e decidir da minha vida do que ficar me "doendo" por isso...
Ou pelo menos deveria ter. Mas estava tudo bem.
Claro que era cansativo e chato ter que acordar cedo, ir pra escola, trabalhar de tarde no mercado e de noite no fast food, chegar tarde em casa, aguentar chefe e gente nojenta (aguardem muito assunto sobre isso)... mas eu fazia com carinho e de verdade, não me importava em fazer.
Minha vida era assim, e estava tudo bem. Eu só não era um daqueles sortudos que nasceu num contexto e numa família em que tinha a oportunidade dele só estudar e pensar nele mesmo e se dar ao luxo de fazer idiotices que adolescentes fazem.
No fundo, quem liga? Pelo menos eu tinha o que importava pra mim e o que me fazia feliz.
Eu vivia com a minha mãe e meu irmãozinho mais novo. E eu amava os dois. Não necessariamente por eu ser o homem da casa e praticamente o responsável por eles, mas pelos dois serem realmente as pessoas mais incríveis da minha vida e a família que eu mais amava e me importava nesse mundo.
Meu tio, minha tia, e até meus avós e meus primos, eu estava pouco me lixando pra eles. Eles tinham uma visão externa errada e falavam sem saber de todos os outros, e por mais que eu respeitasse eles como família, não é porque eles são idiotas que eu ia deixar eles influenciarem as coisas com base em um monte de baboseira com fonte na cabeça deles..
Então é, às vezes eu tinha que me opor até em relação a isso. Por que eles não viviam com a minha mãe, eles não viram o que a gente passou e passa como eu vi e como eu vejo, então sem essa de querer ditar como eu tenho que agir ou como minha mãe tem que agir. Eles não são ninguém pra dizer.
Sabe, nem sempre minha mãe consegue trabalhar ou se manter num emprego. E está tudo bem. E nem toda vez ela consegue cuidar do Jake, levar ele na escola, mas de verdade, isso é normal...
E eu sei, pode parecer estranho, mas minha mãe já passou por muita coisa, e apesar disso, ela é a melhor mãe do mundo e sempre faz tudo que está ao alcance dela e mais um pouco.
E ela até tem melhorando de verdade nesses últimos anos.
Ela perdeu meu pai quando eu era garoto. Bom, acho que posso dizer que a gente perdeu meu pai, mas eu tinha uns 6 anos. Não me lembro direito.
Eles se amavam sabe, eram de verdade os melhores pais do mundo. Era um amor verdadeiro, e meu pai era simplesmente uma das pessoas mais puras que eu conheci. Ele era sempre justo, sempre estava lutando pra fazer o mundo e as pessoas se tornarem melhores...
Ele foi policial por um bom tempo, aí entrou pro exército quando toda a coisa do Oriente Médio explodiu. Ele queria ir pra ajudar as pessoas, evitar confrontos, e não só pra atirar no lado inimigo.
E aí numa dessas, ele foi chamado. Ele disse que ia voltar como sempre voltou, mas atacaram a base em que ele estava e ele não sobreviveu.
A próxima coisa que eu sei era que tudo que eu e minha mãe tínhamos era uma carta e uma bandeira com uma medalha idiota numa caixinha, que provavelmente era feita sobre medida pra você deixar no guardas roupas e esquecer.
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Asleep by Your Side
RomanceAidan e Cris são dois garotos que nunca esperaram ter suas vidas viradas de ponta cabeça, praticamente da noite para o dia. Tudo vai mudar, e na verdade, as coisas já mudaram. É inevitável para eles terem que encontrar novos caminhos superarem essa...