Capítulo Único

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I


Meu ódio por ele é tão grande quanto meu desejo, e isso envenena meu sangue, minha alma, meus nervos, e cada parte do meu corpo, que já não obedece mais minhas vontades.

Fomos criados para matar. Digo, eu e ele. Fomos criados como assassinos, filhos dos cinco governantes da Nova Era, uma espécie de instituto, uma força internacional de espionagem e monitoramento e, por esse motivo, fomos treinados para derramar sangue, para sermos astutos, perversos, extraordinários…

Desde que me entendo por gente tenho vivido em treinamento. Um treinamento cruel e pesado, do tipo que me fazia ter pesadelos quando criança. Deixei de tê-los há muito tempo atrás. Deixei de dormir bem há muito tempo atrás.

Por eu ser da prole de um dos cinco, fui criada para substituir meus pais em seus cargos, e isso custou minha vida; custou qualquer normalidade que eu poderia desejar, qualquer tranquilidade e humanidade. Estar na frente da Nova Era custou meu coração. Meu ridículo coração humano, que eu, de algum jeito, mantive, apesar de tudo.

Toda arrogância do mundo estava entre nós. Toda jogada política, decisões importantes, história dos governantes, destino das pessoas… tudo era monitorado pela Nova Era, e, enquanto meus pais e os dele se banqueteavam com essa perversidade de brincar de deuses e fingir que seus ideais eram bons, nós, seus filhos, pagamos o preço de termos pais sádicos.

Aos cinco anos conheci as outras quatro crianças herdeiras. As outras quatro crianças que deveriam se preparar para serem máquinas inteligentes e ferozes com a finalidade de substituir os próprios pais futuramente. Naruto, Hinata, Shikamaru e Sasuke; outras versões minhas, que passaram pelo mesmo que eu.

Criar antipatia pelos quatro quando eu não passava de uma criança foi inevitável. Fui criada para desconfiar, e mesmo muito nova já não tinha fé em ninguém. Mas então, o tempo foi passando, e descobri, junto a eles, que se na vida tivéssemos que ser amigos de alguém, seríamos de nós mesmos, porque ninguém jamais nos entenderia.

Aos doze, tivemos que lutar uns com os outros enquanto nossos pais assistiam para que nossa força e habilidade fosse observada. Naruto quebrou o braço em duas partes por isso.

Aos quatorze, nos amarraram e jogaram numa floresta densa e escura, fria e úmida, com nada mais que a roupa do corpo. Ficamos lá por uma semana, e Shikamaru pegou uma doença estranha, que o deixou horrível por algum tempo, incapaz de se mover sem que doesse, incapaz de falar.

Aos quinze, passamos o dia tendo que fazer a parte suja da instituição, e torturamos as pessoas que nos mandaram. Até hoje não faço ideia do nome delas, só me recordo de Hinata vomitando, e depois, sendo punida por isso.

Aos dezesseis, colocaram-nos numa sala, e então, tivemos que atirar uns nos outros.

Atirei em Sasuke, e ele…

Ele atirou em mim.

Crescemos para sermos frios. Para engolir a dor, para sermos ferozes, para pecar todos os dias sem que houvesse remorso, mas nunca nenhum de nós chegou a ficar insano como os nossos pais. Nunca.

A questão é: apesar de eu ter aprendido a suportar a companhia de Naruto, Hinata e Shikamaru, e entender que não tínhamos qualquer coisa que não fosse um ao outro, Sasuke sempre foi dono do meu desgosto, dos meus piores olhares, da minha repulsa, e, ironicamente, dos meus pensamentos.

Ele parecia fechado demais, acomodado demais, ríspido demais, irônico e cínico demais, lindo demais… são características insuportavelmente cruéis para uma pessoa só, e eu odiava. Odiava porque pensava nele por um tempo interminável; odiava porque minha atenção não era tão eficiente ao seu lado; odiava porque ele sempre me odiou de volta com aqueles olhos rancorosos e escuros.

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⏰ Última atualização: Mar 14, 2022 ⏰

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