War Dancer

O Último Ato

Ela estava em um lugar muito confortável e quente, uma respiração lenta fazia cócegas na sua nuca e braços fortes lhe acolhiam com carinho, era uma sensação indescritível de paz e sossego, como se aquele fosse o seu lugar no mundo.

Sentiu o corpo se arrepiar com leves beijinhos em seu ombro desnudo, que subiram pelo pescoço até parar na bochecha corada, seus olhos pesavam mas se esforçou para abrí-los e acostumar-se com a luz de um dos raios do sol que surgia por uma fresta na janela e banhava sua pele alva.

Respirando fundo deixou que seus músculos relaxassem ao alongá-los e por fim virou-se saindo da posição de conchinha para encarar as orbes peroladas que sorriam para si.

-Ohayo meu amor – o rapaz sussurrou preguiçosamente antes de descer a mão que antes enlaçava sua cintura para a coxa de forma que pôde se mover mais livremente e lhe roubar um selinho carinhoso. 

-Ohayo – Tenten respondeu manhosa desejando gravar aquele momento em sua memória para sempre.

Os cabelos castanhos sedosos caindo sobre a pele leitosa do peitoral dele, seu rosto descoberto de qualquer bandana ou faixa deixando a mostra o selo que para ela não era uma gaiola, mas uma coroa que adornava sua cabeça, as orbes brilhantes como cristal e o sorriso mais lindo e verdadeiro que ela já havia visto na vida.

Não pôde fazer nada além de deixar escapar um suspiro completamente apaixonado e rendido, derretendo-se de tal forma que caiu dramaticamente sobre os lençóis com as mãos no peito arrancando gargalhadas do amado.

-Não é culpa minha que você seja tão ridiculamente perfeito Neji – resmungou irritada.

Contudo, toda a cena deu lugar à sonoras risadas e leves debatidas sob o corpo grande que lhe fazia cócegas sem pena, sabendo exatamente cada um de seus pontos fracos.

No fim, acabaram ambos ofegantes por conta das brincadeiras. Com Neji aconchegado em seu corpo, deitado de costas para cima, apoiando a cabeça sobre seus seios com os braços envolta de si e Tenten remexendo com carinho em seus macios fios castanhos.

O clima era de felicidade genuína, conforto e completude, ela gostaria de ficar ali para sempre. Por um milésimo de segundo um sentimento de tristeza profunda atingiu seu coração e ela já não reconhecia aquela cama, muito menos o quarto em que estavam, mas tão rápido quanto surgiu essa sensação desapareceu.

A morena balançou a cabeça expulsando aquele pequeno desconforto e voltando a si, decidiu começar o longo processo de tentar arrancar Neji daquela cama, pois se dependesse dele os dois jamais deixariam aquele lugar.

O rapaz já soltava os primeiros resmungos de contestação quando o som baixo de pezinhos rápidos os alertou e em segundos as portas do quarto foram escancaradas por uma figura miúda de olhinhos perolados, longos cabelos castanhos bagunçados, um pijaminha verde cheio de florzinhas coloridas e um biquinho emburrado no rosto gordinho.

Imediatamente Neji sentou-se na cama dando espaço para que a companheira arrumasse a camisola azul que estava toda amarrotada e aproveitando para prender o cabelo num coque improvisado bem a tempo de receber a menininha de pouco mais de seis aninhos em seus braços.

-Oi gatinha – falou alegremente mudando um pouco a voz para que ficasse engraçada e apertando a menina em seus braços para fazê-la rir.

-Ohayo tousan, kaachan – a criança cumprimentou, dessa vez mais sorridente.

-Ohayo Linlin – a mais velha se aproximou deixando um beijo na bochecha fofinha e um carinho em seus cabelos – Por que essa carinha meu bem?

-É que eu estava tendo um sonho bom e não queria acordar, mas o despertador tocou – a pequena murmurou trazendo o biquinho de volta a sua face.