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Sangue embebeu a neve num raio de 15 metros. Uma vítima fugitiva, interrompida pela mandíbula do seu assassino.

- Então? - Jack Crawford suspirou, um hálito quente nublado naquele ar invernal - Como ele fez isso? 

Will abriu os olhos, olhando para Jack. - Ele a conhecia. - enfiou as mãos nos bolsos - A amava, na verdade. Ele queria vê-la fugir para longe. - os sujeitos caminhavam do lado do rastro de sangue - Mas, vê-la fugir o relembrou dela o deixando. A dor foi muito forte. Ele finalmente a matou. 

Jack assentiu, observando a neve brilhante misturada com o liquido vermelho escuro - Algum histórico desse homem? Ocupações? Nada? 

Graham suspirou. - Ele é um artista. A jeito que ele a matou é quase como se ele estivesse... pintando. - no seu caminho para o carro, ele apontou os ferimentos em sua ultima vítima. Cinco cortes assustadoramente precisos no estômago da mulher - A esfaqueou uma vez, mas não foi o suficiente. Deu assim os outros quatro golpes. CC- eles se afastaram do corpo - Ele queria honra-la o melhor que podia. Fazer dela uma de suas telas.

Se escapuliram para o veículo preto e dirigiram até Behavioral Analysis Unit - BAU - onde avaliariam mais profundamente o corpo da vítima.
Entrando no laboratório o corpo os saudou, deitado numa mesa de metal. Um lençol branco sobre o seu corpo, enrolado para revelar os ferimentos. Jimmy Price e Brian Zeller atarefados, examinandos os ferimentos e trazendo os arquivos da vítima.

- Faca de cozinha. - começou Price - 20.32 centímetros. - ele acenou para o corpo enquanto Zeller se aproximava do cadáver.

- A primeira facada foi aqui, no rim. - Zeller pigarreou - O assassino é bastante inexperiente no que to-

- Ele estava hesitante, - Will murmurou - Ele não sabia se matá-la estaria tirando sua dor ou se estaria apenas tomando controle.

Price se apressou com o arquivo, abrindo-o próximo da mesa de metal. - Mary Schiro. 35, residente em Baltimore, Maryland e... - apontou para os papeis. - ...formalmente casada com Michael Hanson.  

- Aqui está nosso assassino. - enunciou Zeller. 

Will balançou a cabeça, enfiando as mãos nos bolsos. - Não, não... muito fácil, - murmurou - Nosso assassino agiu num ato de raiva. Ciúmes e dor. 

- Exatamente, - Price seguiu - ela se divorcia, ele fica com raiva e mata ela. Simples. 

Will se inclinou para Jack. - Ele não é o assassino. 

Ele ganhou um aceno. - Ainda teremos que o interrogar; obter algumas respostas, esperemos encontrar algum suporte para o caso. Quer fazer as honras? 

Graham se limitou a fazer uma careta, ajeitando seus óculos enquanto se virava de volta ao corpo. - Interrogações. - estremeceu - Não é realmente meu fortePessoas exigem interações

Jack deu um leve sorriso olhando para os dois especialistas. - Vocês dois, continuem trabalhando; talvez assim consigam achar alguma informação extra. - saiu da sala acompanhando Will lado a lado - Acompanhe-me então. Só precisará de fazer perguntas se realmente for necessário. 

Will suspirou. - Irei pensar no assunto. Me ligue quando estiver pronto. 

Crawford assentiu e ambos seguiram caminhos separados. Will para sua casa e Jack para o escritório. 

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Will Graham teve uma viajem tranquila. Chegando no alpendre de casa, no entanto, foi sentida uma estranha sensação de pavor. Um ar pesado e nebuloso, pulsando com- 

Uma batida falhada vinda do coração de Will. 

A Morte estava ali. 

Pegou na chave e abriu a porta saudando seus cachorros latindo, frenéticos. Eles pularam nele, alguns choramingando e, conforme ele caminhava pela casa o cheiro da Morte se intensificava. 

Outra batida falha. 

Na esquina, na cozinha. Ele espreitou e- 

Nada. 

Nenhum homem. Nenhum rastro. 

Apenas o familiar cheiro e um cachorro morto no chão de ladrilhos. 

- Oh, Buster! - Will exclamou, correndo para perto do animal. Seus restantes cachorros o seguiram, ladrando com as caudas abanando. Graham embalou o animal caído em seus braços, ainda tórrido. A Morte lhe escapara. 

Will silenciou os outros cães enquanto olhava de relance para Buster. Um vira-lata que ele cuidou, tal como os outros. Ele conhecera o cachorro em uma manhã límpida e ensolarada, antes de ir pescar - sozinho, sem coleira, à beira rio.  Mas, apesar das agradáveis lembranças que circundavam sua cabeça, a dor não o consumia. 

A madrugada passara diante seus olhos. 

Will se levantou com o cachorro nos braços, caminhando para fora da sua residência pegando uma pá pelo caminho. Alguns cães o seguiram, pairando sobre ele enquanto o mesmo se punha ao trabalho.  

E se isso tivesse um significado? 

Colocou Buster seguramente a seu lado e perfurou a terra com a sua pá. O baque satisfatório atingiu seus pensamentos. 

Teria esta visita um motivo? 

Outro baque. 

Buster era um cachorro perfeitamente saudável. Certamente ele não adoeceu. 

Baque, baque, baque. 

Will se inclinou para trás e enxugou sua testa, olhando de seguida para o pequeno túmulo improvisado. Ele largou a pá e despiu sua jaqueta e envolveu Buster nela, cuidadosamente o colocando na pequena cova. Depois de uma respiração profunda e um respeitoso momento de silêncio, finalmente enterrou seu cachorro. 

A Morte estava próxima e, dessa vez, ele a veria novamente. 

Ele se certificaria disso. 

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⏰ Last updated: Apr 23, 2022 ⏰

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Only I Can Feel YouWhere stories live. Discover now