Diz que me ama

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Inspirada em "Barcelona - Jão" então aconselho ouvirem ela enquanto leiam.

Boa leitura, y'all.


Barcelona - 21h

Avenida Las Ramblas

O homem correu desenfreado até sentir a falta de ar comprimir seus pulmões e demonstrar necessário parar em algum dos becos para conseguir respirar. As mãos desceram para seus joelhos e a coluna se reclinou, sugando uma quantidade de oxigênio necessária para respirar regularmente.

O som dos carros e do falatório reverberava por todo o lugar, deixando o ambiente com uma poluição sonora cada vez mais latente. As vozes dos comerciantes atingiam seus ouvidos como uma pancada, o fazendo fechar os olhos esmeraldas.

Harry pôs as mãos no rosto e coçou os olhos, sentindo as lentes incomodando suas orbes congeladas pelo medo e adrenalina da correria.

Se sentia um espião fugindo de um bando de bandidos mercenários e riu consigo mesmo do rumo de seus pensamentos, parando um tempo significativo encostado na parede.

Quando a calma retornou, ele levantou sua mão esquerda e observou a peça reluzindo no seu dedo grosso e longo. O objeto cravejado de diamantes, sendo ouro branco dos mais caros que existia na loja em sua antiga cidade.

Não sabia onde estava com a cabeça quando aceitou se casar justo em Barcelona e pior, sem saber ao certo se devia se casar. Se sentia exaurido.

O hálito quente saiu de seus lábios finos e vermelhos e chicoteou o ambiente, tornando uma neblina densa e foi quando finalmente percebeu que estava frio apesar do calor do seu corpo enérgico.

A adrenalina estava se esvaindo e dando lugar a consciência que pesava, o deixando certo de que ter fugido do seu próprio casamento não tinha sido uma decisão inteligente.

Deixar alguém assim em pleno altar tinha sido desonesto e desonroso, mas na hora do medo, Harry só conseguia pensar em viver trancafiado com alguém mesmo que a amasse.

Dentro de um casamento. Por vontade de suas famílias.

Respirou fundo, erguendo-se e expirando profundamente, sentindo seu coração voltar a bater regularmente. Pôs suas pernas a andarem ágeis em direção ao final daquele beco escuro e frio, conseguindo observar a cidade brilhante de fundo.

Os sons tornaram-se mais limpos e ele sentiu o cheiro de nachos, de paella, de torta de Santiago e se amaldiçoou por ter escolhido seu lugar favorito para se casar forçado.

Amava Barcelona. Amava todas as cores. Amava a culinária.

Era o país de origem de seus avós, então também guardava um sentimentalismo que era quase inato já que Potter tinha uma profundidade emocional de uma colher de chá.

— Oi, senhor, quer uma rosa? — perguntou um menino baixinho repleto de botões de rosas vermelhas vivas.

Harry apertou seu terno e encarou sua rosa branca em seu bolso, a jogando no chão e comprando a vermelha do garoto para substituir.

Ele precisava achar. A pessoa que o fez desistir de seu casamento e vir correndo em meio às ruas de uma cidade que quase tinha esquecido onde tudo se localizava.

Precisava encontrá-lo.

Andou a passos rápidos e ágeis até um ponto onde poderia pedir um táxi, encontrando uma velhinha ao lado apoiada em sua bengala enquanto degustava de um sorvete de baunilha.

Ela olhava para frente de forma melancólica e quase por instinto o moreno se aproximou dela, sorrindo gentil.

— Precisa de ajuda? — questionou a senhora que negou, retribuindo o sorriso.

Barcelona | drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora