LUNA LOVEGOOD - P.O.V
"A cegueira de cores, conhecida cientificamente como acromatopsia, é uma alteração da retina que pode acontecer tanto em homens como em mulheres e que provoca sintomas como diminuição da visão, sensibilidade excessiva à luz e dificuldade para enxergar cores."
Esse foi o meu diagnóstico com 3 anos devido a um genes herdado da minha bisavó.
Resumindo basicamente: eu tinha uma alteração genética que impedia o desenvolvimento das células do meu olho, causando assim a minha falta de observação e distinção de cores.
Tudo para mim, a minha vida inteira desde que me entendo como gente, é cinza. As nuvens, o meu cabelo que todos falavam que era loiro glacial, meus olhos, meus desenhos, meus pertences... Nada tinha cor.
Tudo era meio triste.
Em geral, não tinha me incomodado durante a minha infância além do susto inicial de que durante toda a minha vida eu enxergaria apenas aqueles tons opacos e sem vida. Mas aprendi a viver as adversidades.
Não era o fim do mundo! Eu ainda era uma criança saudável, com pais afetuosos e a filha única que era paparicada por ser o xodó deles. Não me permitia ver o lado negativo daquilo tudo.
A única coisa frutífera que eu tirei de toda aquela situação inteira foi minha paixão pela arte. Eu conseguia desenhar desde pinturas a óleo a abstratas, porém a minha verdadeira paixão era a argila.
Se eu pudesse ficava horas sentada esculpindo vasos e obras incríveis, trancafiada no meu mundo ou conversando com o Senhor Davis da limpeza da escola.
— Boa aula — sorriu meu pai e eu acenei.
Abri a revistinha que eu mesma tinha desenhado e apelidado de "Pasquim" que eu atualizava e jogava pelos corredores da escola sobre a crueldade animal e como a arte tinha que ser mais valorizada.
O jornal da escola, O Profeta Diário, conhecido como o maior site de fofoca onde tinha todos os podres das jogadoras do time de futebol e dos jogadores de basquete; era mais famoso que meu simples informativo.
Eu entendia. Algumas pessoas admiravam a verdade em contextos diferentes dos meus, mas isso não quer dizer que se tornava menos verdade para elas.
Tudo muda dependendo da perspectiva.
— OLHA PARA ONDE ANDA, CEGUETA — gritou uma menina dentro do carro e eu ao menos percebi que o sinal tinha fechado de tão imersa.
De dentro do carro saíram as jogadoras do time de futebol com a cara amarrada, reconheci algumas pelas vezes que dividimos educação física juntas.
— Ah, desculpe, meninas — sorri gentil. — Eu estava folhea...
A revista é retirada da minha mão com uma brutalidade absurda e eu abro a boca em espanto, encarando Pansy que sorria maliciosa, chutando a revista para longe.
— Imagina se você quebra o carro caro que meu pai me deu? Você não viu o sinal vermelho? — vociferou irritada, me empurrando contra o poste.
De onde eu estava conseguia ver a movimentação quase nula da rua que interceptava a escola e os cabelos de Pansy esvoaçante na minha frente. Ele tinha um tom cinza bem escuro, então eu deduzi que seus cabelos eram bem pretos.
Os pássaros voavam acima de nós e eu sorri ao ver o V perfeito que eles faziam enquanto iam para o leste. Dava uma boa pintura para uma das tardes chuvosas com o Senhor Davis e seu sotaque enrolado ao espanhol.
— Você ao menos escuta? — questionou Cho, a zagueira do time.
Pisquei meus olhos ao sentir os dedos dela prenderem no meu pulso de forma que me fez soltar um chiado de dor.
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Colors | linny
FanfictionVocê está pingando como uma luz do sol saturada. Você acha que está rasgado nas extremidades, mas você é uma obra-prima. Tudo para você é cinza. Seu cabelo, seus desenhos, seus sonhos; e agora nosso amor é tão desprovido de cor que ele não sabe o q...