Flores (Capítulo único)

209 39 8
                                    

Kakashi sorriu ao receber o buquê de flores. Por ser casado com um romântico incurável, já estava acostumado a recebê-las, seja em datas comemorativas ou até mesmo ao acaso, como era o caso naquele dia. A habitualidade do ato, porém, não o fazia menos especial para si, que sempre se pegava sorrindo feito bobo com o presente.

Ao adentrar a sala de casa, entretanto, o seu sorriso se desmanchou, sendo substituído por uma expressão intrigada ao notar o rapazinho aborrecido sentado no sofá com seus bracinhos cruzados. Já começava a enxergar um padrão ali:

Na primeira vez não prestara tanta atenção, na segunda ao ligar os pontos, cogitou que pudesse ser, mas foi apenas agora, na terceira, que teve a sua confirmação: Sasuke estava se incomodando com as flores.

Resta saber a razão.

Decidido a entender o que se passava na mente infantil, o adulto se abaixou em frente a criança até que estivessem face a face.

— O que houve, filho?

Alguns minutos se passaram enquanto o menino parecia incerto se diria ou não para o pai o motivo de seu incômodo. Kakashi aguardou o tempo do filho com paciência, era como se estivesse vendo um mini Obito a sua frente, afinal, tamanha a semelhança aqueles dois tinham na hora da birra.

Quando pareceu chegar em um consenso dentro de sua cabecinha, Sasuke suspirou antes de perguntar com sua vozinha infantil e chorosa:

— Por que eu nunca ganho flores, papai?

— E foi isso. — Kakashi encerrou a narrativa.

Estavam deitados ao final do dia, após colocarem um Sasuke ainda amuado na cama. Percebendo o humor do filho, logo tratou de perguntar os motivos ao marido assim que possível.

Agora, com as costas apoiadas no colchão ao acompanhar a história, sorria divertido para o esposo, que repousava deitado em seu peito.

— Então aquele pequeno ciumento agora quer ganhar flores? — Ele riu com gosto. — Acho que posso providenciar isso.

*****

O sino anunciando a entrada de algum possível cliente no estabelecimento fez a senhora Yamanaka levantar os olhos da história de amor que lia até então. Amante do romantismo e tudo o lhe dissesse respeito como costumava ser, ela sorriu ao reconhecer Obito, um de seus compradores mais fiéis.

— O de sempre? — Ela perguntou após os cumprimentos habituais.

— Não, hoje quero algo mais alegre, mais...Hm, jovial. Pode me ajudar, Sra Yamanaka?

A mulher sorriu bondosa.

— Alguma ocasião especial? — Ela arqueou as sobrancelhas para o Uchiha antes de varrer com os olhos azuis a vasta quantidade de opções por ali. — O que acha dessas mini rosas coloridas, querido?

— Não exatamente. E as mini rosas são perfeitas, na verdade, até combinam mais! — Obito sorriu carinhoso ao pensar no filho.

Perante o consentimento do cliente, a Sra Yamanaka montou um buquê caprichado com rosas de variadas cores. Terminava de enfeitá-lo no arranjo de plástico quando o perguntou distraída ao amarrar o laço de cetim:

— Kakashi, certo? — Ela se adiantou, já tendo conhecimento de que seria ela a escrever o bilhete com as palavras ditadas por Obito.

O cliente tinha uma letra péssima, e desde que lhe pediu que escrevesse por si uma vez, a senhora Yamanaka o vinha fazendo desde então com sua caligrafia caprichada.

Flores (ObiKaka)Onde histórias criam vida. Descubra agora