Sejam muito bem-vindos à Gastronomia, o terceiro conto de Paralaxe. Esta história não é recomendada nem para menores de 18 anos e nem para preconceituosos. Todas as menções feitas aqui são fictícias, nada é real. Se você está ciente e deseja continuar... o jantar está servido!
Sinopse: Teodoro Müller está desaparecido. Juliano, o policial responsável pelo caso, tem certeza que Lúcio Fontanna sabe onde está o corpo.
──────────
҉G҉A҉S҉T҉R҉O҉N҉O҉M҉I҉A҉
──────────
— Tenho convicção que foi ele, Yago — disse seco, fechando os mesmos papéis, aqueles que já sabia decorado, na pasta preta.
— Não pode prender um garoto baseado em suas convicções, Juliano.
— Garoto? Garoto, Yago?! Você... — Juliano apontou o dedo trêmulo para o outro policial, incrédulo, mal conseguindo controlar sua revolta.
— Juliano... calma... — Yago se aproximou, baixando a voz, mas assim que seus dedos tocaram o ombro do amigo, Juliano livrou-se dele com um safanão magoado.
— Você... você viu como ele estava. — passou a mão nervosamente pelos fios loiros, os olhos sem foco porque Juliano repassava tudo de novo pela cabeça, procurando organizar cada um dos acontecimentos.
— Todos procuraram uma maneira de lidar com o luto — Yago explicou, cansado. — A mãe dele fez um jardim-
— Ele estava... dançando. Dançando e cantando no meio da cozinha!
— Juliano.
Só agora Juliano olhava verdadeiramente para Yago. Aquele era não era mais o tom de voz do seu amigo, mas sim do chefe da polícia civil. Eles tinham a mesma altura, mas Yago assim, tão frio e controlado, parecia ter vários centímetros a mais do que aquele Juliano frágil e que não sabia como lidar com o luto.
Faziam três meses desde que Teodoro Müller havia desaparecido.
Três dias desde o enterro simbólico com o caixão vazio.
Yago amansou o olhar. Foi da austeridade para a pena. Juliano estava perdendo a cabeça, aquele caso não estava fazendo bem a ele e o chefe da polícia se sentia culpado de ter procurado justamente ele para comandar a investigação.
Então Yago ajeitou a arma na cintura, olhando para os lados, se certificando que ninguém via a cena que Juliano estava fazendo.
— Não me olha assim, Yago. Desculpa. Desculpa, tá legal. Eu só... — as mãos foram para os olhos e depois para os cabelos — Eu só quero achar o corpo.
Sim, Juliano só queria o corpo. Não se iludia mais que Teodoro estivesse vivo.
Não.
Seu melhor amigo não estava mais ali. Mas o corpo estava. Em algum lugar. Juliano prometeu, em meio às lágrimas, que traria o corpo de volta para a senhora Müller, para que a pobre senhora, mesmo que ela não amasse Teodoro como ele merecia, para que ela pudesse se despedir adequadamente do seu único filho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Paralaxe e Outros Contos
Mystery / ThrillerAlícia e Bernardo vivem uma aventura romântica na floresta fóssil. Porém, após ambos retornarem à cidade, Alícia sai da floresta com uma certeza: há algo estranho com Bernardo. E ela não é boba: antes que seja tarde demais, descobrirá o que está aco...