1. Família

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Domingo.

Havia algo sobre os domingos que faziam com que Hoseok acordasse com o melhor humor possível. Ele amava o clima preguiçoso, o cheiro do café feito do coador, e a preparação do tradicional almoço com sua família.

Aos 75 anos e aposentado, nada lhe dava mais satisfação do que poder encontrar seus filhos e seus netos e se sentir útil ajudando Neri a preparar tudo para recebê-los. Aqueles almoços eram talvez sua tradição favorita.

Ele arrastava os pés quando entrou na cozinha, seus chinelos fazendo barulho contra o assoalho, e parou quando viu sua esposa fechando a caneca de café. Ela sorriu, caminhando até ele para lhe dar um beijo na bochecha.

- Bom dia querido.

- Bom dia meu bem. - ele sorriu de volta se sentando na bancada.

- O café está fresquinho. - ela se sentou ao lado dele lhe entregando uma xícara. - Do jeito que você gosta. - sorriu carinhosa para ele

Hoseok inspirou o perfume da bebida e sua boca salivou, ele amava café, desde sempre, e agradecia todos os domingos que lhe eram agraciados com o pó especial dos domingos. Uma tradição que ele e Neri adquiriram ao longo dos anos.

Enquanto bebia calmamente de sua xícara, Hoseok olhou em volta vendo algumas sacolas de comprar em cima da bancada e algumas verduras na pia.

- Você já foi comprar as coisas pro almoço? - ele quis saber.

- Sim, fui com a Sumi, ela passou daqui mais cedo. - respondeu e ele apenas concordou.

- Que horas Hyun disse que eles chegariam?

- Não disse. - Neri deixou sua xícara sobre a mesa e passou a se movimentar pela cozinha, organizando as comprar. - Ele sempre diz que não sabe, não é atoa que é seu filho. - alfinetou fazendo-o rir.

- Você sempre fala como se ele não fosse teimoso como você. Por favor...

Hoseok se levantou, para deixar sua xícara na pia e ir em direção à porta. Ele atravessou o batente ignorando a feição indignada de sua esposa e abandonou o corpo em sua poltrona favorita. Se sentia especialmente preguiçoso naquela manhã.

- Jung Hoseok. - Neri apareceu, na porta. - O senhor não pense que vai ficar aí deitado enquanto eu faço tudo sozinha. Nem pensar. Trate de levantar essa bunda da poltrona e vir lavar as verduras.

Mas Hoseok apenas fechou os olhos em um suspiro folgado.

Mas seu sossego durou apenas os segundos necessários para que o pano arremessado por Neri, lhe atingisse o rosto, fazendo-o abrir os olhos no susto e ver a mulher sumir para dentro da cozinha novamente. Ele não pode não rir. Antes, é claro, de ir fazer o que havia sido mandado.

E durante todo o resto da manhã, Hoseok a ajudou com todos os preparativos para o almoço enquanto os filhos e suas famílias não chegavam. Ele lavou as verduras, temperou a carne e lavou a louça enquanto ouvia-a contar sobre qualquer fofoca da vizinhança.

Hoseok gostava da dinâmica entre eles, gostava da intimidade trivial da rotina que criaram ao longo de tantos anos juntos. Gostava de como Neri havia se tornado sinônimo de conforto e se considerava um homem de sorte por ter tido ela como sua companheira e sua melhor amiga. Estar com ela naquela casa era algo tão cotidiano de seus últimos 50 anos que criava um clima confortável demais para ser quebrado. Eles funcionavam bem juntos, apesar do mundo.

E então, às 11h30 da manhã em ponto o almoço estava pronto.

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O relógio no pulso de Hoseok marcava exatamente 11h57 quando a campainha tocou. A mesa estava posta, e a comida quente perfumava a sala de jantar que abrigou as vozes dos filhos e os gritos dos netos. Eram sons que enchiam o peito dele de amor.

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