A outra vida de Maya Kalter

Capítulo 1 O começo de tudo

Eu costumo todas as manhãs, ir com Lisa até um jardim de flores que há perto de nosso vilarejo, ela sempre vai com a mesma roupa, seu vestido azul até a canela, seu cabelo encaracolado marrom está preso a um pano branco que dei de presente para ela em seu aniversario de treze anos, ela nunca tira este paninho da cabeça. Lisa não é tão baixa, mas mesmo assim amo provocar ela por causa de seu tamanho. caminhamos todos os dias por uns quinze minutos para chegar  ao Jardim, só demoramos isso porque Lisa gosta de apreciar cada flor que vê, é meio chato ter que para no meio do caminho por causa disso, mas gosto de ver a carinha de felicidade dela por cada flor que encontra. 

 Toda vez que atravessamos por uma pequena trilha que dá de frente para o jardim de flores que vamos, uma senhora nos cumprimenta entregando uma flor, para mim e para Lisa, está senhora aparenta ter uns setenta anos, não sabemos nada sobre ela, toda vez que tentamos conversar com ela, a própria apenas sorri para nós, e aponta para a trilha, indicando que devemos continuar nosso caminho, nisso eu me viro para Lisa e me abaixo um pouco, chegando perto de seu ouvido.

-Será que ela pode falar?- E bem baixo, solto algumas risadas, olhando disfarçadamente para Lisa que não gosta muito da brincadeira, mas mesmo assim diz.

-Vc  sabe que isso não é muito legal né Maya.- Diz com olhar sério e irônico, mas a conheço bem, sei que ela está querendo rir, porém apenas concordo com ela.

Assim que chegamos ao jardim, consigo enxergar Kayo, acenando para nós. ele está com uma boina cobrindo a parte de cima de seus cabelos pretos, esta vestido de uma camisa branca e uma bermuda marrom, Kayo é alto, facilitando para que possamos vê-lo.  Lisa saiu correndo até ele, por um momento achei que ela iria voar pelo jeito em que correu até ele. Mas antes que acontecesse algum acidente, a segurei pelo braço e fiz com que ela parasse.

-Você é bem chata as vezes sabia??- Ela diz se afastando de mim com a mão no outro braço onde eu havia segurado.

-Me desculpe, da próxima vez deixo você cair e se machucar toda, para depois eu ter que ficar explicando para sua mãe oque aconteceu.- Digo  cruzando os braços, olhando para o lado, fazendo o máximo para não olhar para ela e acabar dizendo coisas para que ela aprendesse a obedecer.

Nisso Kayo aparece atrás de Lisa, colocando suas mãos em seus ombros tentando acalma-la. No momento acho que sou eu quem precisava se acalmar, mas entendo oque Kayo pretende fazer e apenas observo.

- Se acalmem.- ele diz rindo de nós. - Lisa peça desculpas á Maya, você sabe tão bem quanto eu que ela só não quer que se machuque.

-Hm.- ela resmunga, com o olhar cabisbaixo.- Desculpa Maya, prometo não discutir com você novamente.

Kayo vai para o lado dela, apoiando sua mão direita em seu ombro esquerdo, ele se abaixa para falar com Lisa e aponta para mim como se estivesse dizendo para Lisa fazer algo.

-Vai Lisa, não é algo tão difícil né.- ele a encara com um olhar sério, porém com seu jeitinho brincalhão, dá um empurrão nela para frente.

-Kayo... mas não tem motivos para eu fazer isto...- ela diz meio desanimada, mas continua a caminhar em minha direção. Logo toma atitude e corre até mim, me dando um abraço. Lisa não é de dar abraços mas sabe quando é necessário. Eu estava bem chateada com ela, mas não deixei de retribuir o abraço. Nisso afasto ela de mim colocando minhas mãos em seus ombros, a colocando de frente para mi, e olho fixamente para ela sorrindo.

-Posso ser chata igual vc diz, mas espero que entenda que é porque não quero que se machuque.- Dou um beijo em sua testa testa, e a levanto para que possamos ir colher as flores.

Cada um de nós pega uma cesta que está encima de um banquinho em frente ao jardim de flores. Eu vou em direção dos Girassóis, Kayo vai até as Rosas, e Lisa até as Margaridas. Achei fofo da parte de Kayo ter aparecido para nos acompanhar, ele não tem costume de sair conosco sem ser por causa de alguma aventura, ele é bem fechado com as pessoas, mas eu e Liz um apelido carinhoso que demos para Lisa, nós duas conhecemos um lado de Kayo que poucos conhecem.

Eu pego os girassóis com toda a minha delicadeza, que não é muita, e vou colocando as flores dentro da minha cesta. Não fiz questão de contar quantas flores havia pego, e assim voltei para o banquinho onde havíamos pegado as cestas, e me sentei esperando os dois. Comecei a observar o local melhor, era um lugar muito pacifico que transmite uma paz enorme, ao redor só se vê arvores e flores por todo lado, sem ter visão da feira lotada de nosso vilarejo, é um campo bem aberto, um lugar onde eu poderia passar horas do meu dia observando e lendo meus livros.

Passei uns vinte minutos observando aquela paisagem, até que vejo Lisa e Kayo voltando. cheios de flores em suas cestas. Consigo ver no rosto de Kayo que está cansado de tanto seguir Lisa para pegar flores. Eu coloco a mão escondendo meu pequeno riso ao ver sua cara, ele percebe que estou rindo e ri de volta discretamente, enquanto Liz volta saltitante até mim para mostrar quantas flores conseguiu pegar.

-Maya, Maya! Olha só quantas flores consegui pegar hoje, Kayo me ajudou a contar, consegui pegar dezesseis flores!- ela diz olhando para mim sorridente.

-Que incrível Liz, eu não consegui contar quantas flores peguei desta vez, mas ainda sim acho que conseguiu pegar mais que eu desta vez- Digo sorrindo também.

Me levanto do banco com minha cesta de flores, e começo a caminhar em direção a trilha de volta para casa, mas percebo que nem Liz e nem Kayo estão vindo atrás de mim. Ao perceber isto me viro para trás e olho para os dois e me pergunto porque estrariam parados.

-Maya, não está se esquecendo de algo?.- Liz diz como se eu estivesse esquecendo alguém em apuros, mas me lembro na hora do que ela está falando.

-Puts, como pude esquecer disso, temos que levar as flores para a senhora Merlin, ela já está nos pedindo para trazer as flores para ela a semanas.- coloco a mão em minha cabeça e penso como pude esquecer algo que deveria ser tão importante.

Merlin é uma senhora de idade, mais ou menos uns sessenta anos, que praticamente me criou enquanto meus pais trabalhavam, hoje em dia ela está bem debilitada mas ainda é cheia de energias, ela mora um pouco longe de nosso vilarejo, então é difícil eu conseguir ir visita-la, por isso tento ir lá uma vez na semana para saber como ela está, e na ultima vez que fomos até lá ela me pediu para que da próxima vez levasse algumas flores diversas para ela.

Logo, eu e Liz começamos a caminhar as pressas na direção da casa de Merlin, nem Liz quis parar para apreciar outros tipos de flores naquele momento. Antes de sairmos correndo perguntei para Kayo se ele queria nos acompanhar, mas ele disse que preferia ficar e voltar ao vilarejo para avisar aos pais de Lisa e aos meus pais onde estávamos indo e continuar a ver os objetos que achamos em uma de nossas ultimas aventuras, ambos conheciam Merlin então com certeza não se preocupariam.

Liz começou a se cansar e eu mais ainda pois acabei tendo que levar as três cestas de flores comigo. estico minha mão na frente de Liz, ofegante, indicando para que déssemos uma pausa.

-Não consigo mais correr liz.- digo me sentando no chão, respirando fundo e olhando para cima, ainda ofegante.

-Eu também, mas precisamos chegar até lá Maya.- Liz diz se sentando ao meu lado e apoiando sua mão no meu ombro. Eu aceno com a cabeça e ela se levanta primeiro que eu, estendendo sua mão para me ajudar a levantar, logo que levanto começamos a caminhar novamente, acelerando o passo aos poucos.

A trilha em que passávamos era parecida com a trilha do jardim, mas não transmitia nenhum pouco de paz ou um ambiente calmo, e sim pelo contrário, era um ambiente agitado pelo barulho dos animais, ao redor só víamos árvores e moitas, ainda mais por estar anoitecendo, os barulhos de vento estavam ainda mais alto, e por isso sabia que estávamos chegando. A casa da senhora Merlin era quase encima de um morro, onde só há uma árvore ao lado de sua casa, com isso a passagem de vento era mais ligeira.

- Falta pouco para chegarmos, chuto que em uns quinze minutos já vamos conseguir ver a casa dela- Digo com um meio sorriso, cansada de tanto andar.

- Espero que esteja certa, porque não vou ter coragem de voltar para casa.- Liz diz inclinando sua coluna para frente desanimada enquanto caminha.

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