Maníaco sexual?

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Sabe aquele momento em que você está parado em um lugar e as coisas começam a fazer sentido de uma forma estranha? Ao mesmo tempo em que o vento passa carregando uma sacola encardida e um cachorro caga no meio da pista, você só consegue pensar no quão familiar aquela cena é.

Uma certeza estranha de que já ouviu determinada fala ou que já viu aquela pessoa agir daquela mesma forma em algum momento. Pior quando você consegue, peculiarmente, prever a fala do seu irmão.

Bom... Este é o famoso Déjà vu.

A capacidade de ver o passado no futuro enquanto o mesmo toma conta do presente.

Essa é a sensação que estou sentindo agora. Pura nostalgia. Mesmo que eu não consiga enxergar nada.

Eu consigo sentir uma leve brisa, um cheiro suave de... Flor? Só não sinto meu corpo.

Mesmo agora, quando ouço barulhos estranhos, como se algo caísse ao chão, me sinto leve, como se flutuasse no nada.

Aos poucos consigo sentir meu corpo, mas ainda não posso movê-lo ou abrir os olhos. Mas isso é um avanço, certo? Até alguns minutos atrás eu podia jurar que estava prestes a encontrar a luz no fim do túnel. Não que isso faça muito sentido.

Mais uma vez meus sentidos se intensificam. Posso sentir melhor o tecido sob o roçar dos meus dedos e a luz sobre minhas pálpebras.

Percebo que não estou sozinho.

A movimentação dentro do quarto faz meu coração acelerar. Mas por quê?

Vamos analisar. Duro igual uma pedra sobre a cama. Posso ter sofrido um acidente. Então por que há essa sensação de alerta? Mas e se for minha mãe ou umas das pestes dos meus irmãos inquietos ao lado da cama? Não tem motivo pra esse alarde.

Merda.

Enfim, melhor abrir os olhos de uma vez e acabar com isso. Não é como se alguém fosse tentar me matar. Ainda mais alguém acamado. Certo?

Errado.

Por que fui abrir os olhos?????

Uma garota magrela e de olhos fundos está ao lado da cama descendo uma faca em direção ao meu peito.

Instintivamente lanço meu corpo para o outro lado do móvel e analiso a assassina.

Ela olha para mim e alterna o olhar para a janela e a porta atrás de si durante a caminhada hesitante para longe da cama.

— Você pode me explicar o que está acontecendo? Assassinato não é legal, sabe? — Rio nervosamente ao mesmo tempo que noto lágrimas caírem dos olhos da garota.

Ela pressiona a mão no cabo da adaga, muito bonita por sinal, e corre em minha direção gritando.

— Oioioi, calminha mulher. EI, OU!!!?? — Estendendo a mão em direção a ela, me acuo no canto da parede e de uma cômoda.

A assassina impulsiona seu corpo na cama e lança-se sobre mim.

Grito assustado e fecho meus olhos.

Morto.

Era como deveria estar neste momento, mas a garota simplesmente foi parar no outro lado do cômodo. Desacordada.

— Mas que caralho. — Percebo minha mão ainda estendida. — Ta de brincadeira?

***

Sentado em uma cadeira, encarando a garota amarrada sobre a cama penso em inúmeros motivos.

Nunca peguei dinheiro emprestado com agiotas ou irritei alguém muito importante. Talvez eu tenha pegado dinheiro escondido da minha vozinha, mas aquela velha não mandaria matar o próprio neto. Ela mesma sabe que puxei dela esse comportamento...

Noto a garota se mexer. Se assusta quando percebe estar amarrada e se desespera ao tentar entender a situação.

Pigarreio para ter sua atenção.

Seus olhos fundos me encaram estatelados. Ela abaixa a cabeça e chora.

Mas que merda está acontecendo, primeiro ela me vê e tenta me matar, agira me vê novamente e chora? Eu estou em um CAPS? Possivelmente. Minha mãe finalmente cumpriu a palavra ao dizer que iria parar num hospício? Mas eu pensava que ela iria, não um dos filhos. Não pode ser.

Levanto da cadeira e me aproximo da cama.

— Oi, como se chama? — Tento ser o mais brando possível.

Ela paralisa e nem me encara.

— Olha, você tentou me matar e por hora vou ignorar esse pequeno detalhe. Eu estou um pouco confuso, sabe? Esse provavelmente é o quarto de hospital mais estranho que eu já vi, talvez um CAPS tenha um quarto assim? CAPS tem quartos? — A garota move a cabeça e me encara com as testas quase se unindo. — Desculpa. Eu viajei. — Sento-me na cama. — Bom, devo te elogiar. Você pula muito bem, para frente e para trás. Por mais que eu ache o último humanamente impossível. — Divago enquanto analiso a parede aonde ela foi parar.

— E-Eu não saltei para trás. Ninguém além de mestres da espada podem saltar para trás no ar.

— Aaaah que merda! — Levanto-me e caminho de um lado ao outro. — Como elas puderam me internar em um CAPS?

Inspiro profundamente e volto a olhar para ela.

— Muito bem, jovem padawan. Onde exatamente estamos?

— Estamos Áriah. Sob o seu maldito reinado.

— Ooooookay. E quem sou eu?

Ela me olha como se estivesse vendo algo indecifrável.

Incentivo ela com um bom sorriso.

— Você é Emeth. — Franzo meu rosto para o nome, o que gera um nervosismo na garota. — R-Rei Emeth. Quem usurpou o trono de Áriah.

— Oi? — Que merda. Reino? Rei? Usurpação? Definitivamente fui internado. — E você quem seria? O que exatamente eu fiz para você tentar me matar?

Ela franze o rosto em raiva.

— Você é o monstro que transformou Áriah e todo o continente em um inferno. Que abusou de meus irmãos e irmãs. Alguém que deveria morrer e pagar por seus pecados.

— Pera lá um segundo. Como assim abusar?

Ela desvia o olhar envergonhada.

— Não acredito que sou um maníaco sexual de uma fantasia de um paciente do CAPS. Era o que me faltava. — Lanço o corpo sobre a cama encarando o teto e rio.

*********

Olá, pessoal!

Olha quem está por aqui?
Kkk
Espero que estejam bem.
Bom, estou trazendo mais uma historia. Não sei se vai ficar bom, considerando a merda que O Humano ficou (Estruturalmente falando) kkkkk mas espero que curtam a ideia e a trama.

Ainda não tenho dias fixos para publicação, pois estou começando a escrever por diversão mesmo. Meus dias são cheios e desenvolver e colocar minha criatividade para fora é uma forma de desestressar.

É isso.
Espero que quem acompanhar curta essa trajetória desse novo personagem.

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