Quando eu entrei para a novela "As Aventuras de Poliana" eu não sabia que tudo na minha vida mudaria a partir daquele dia.
Eu sempre fui um garoto muito extrovertido, carismático e divertido, e isso não mudou até hoje. Porém, problemas e preocupações que não permeiam a infância de qualquer ser humano começaram a me atormentar enquanto eu crescia, e a novela me acompanhou nesse processo de amadurecimento.
Pode parecer clichê, mas eu me apaixonei enquanto encenava junto dos atores. Entretanto, não foi tão simples assim, eu meio que gostava de duas pessoas ao mesmo tempo, um menino e uma menina. Eu sei que não faz sentido algum e eu teria de seguir em frente somente com uns dos dois. Quando eu percebi que me atraía por ambos os gêneros, eu surtei! Mas eu não tinha ninguém em quem eu confiava plenamente, ninguém que, quando eu surtava, estava sempre lá.
Tudo mudou quando eu me aproximei da Sophia Valverde, um dos meus crushs, toda lindinha, cheirosa e sempre bem arrumada. Ela era três anos mais nova que eu, mas era muito madura. A gente conversava todos os dias, e minha admiração por ela só crescia cada vez mais, e eu decidi me declarar.No dia de seu aniversário de 14 anos, todos iam fazer uma festa surpresa para ela no estúdio do SBT, mas eu não ia me declarar assim tão simples. Eu planejei uma festa em que só estaríamos eu e ela, claro que meus pais me ajudaram, pois eu expliquei o motivo. E eu preparei um presente especial para ela.
A festa surpresa no estúdio foi incrível e eu quase me esqueço da nossa festa a sós. Eu puxei ela para um canto e disse que ia levá-la para uma surpresa. Apesar de espantada, ela me seguiu, e eu percebi que ela poderia gostar de mim também. Eu fiz um pedido muito imponente para ela, na frente de todos no restaurante onde eu tinha reservado para a nossa festa. E, sim, ela aceitou.
Quatro meses depois, eu não tô nada feliz com nosso relacionamento. Ela continua muito legal, solícita e bonita, mas parece que eu não sinto amor por ela, e, sim admiração. Eu não consigo pensar nas palavras "Eu te amo, Sophia" sem me sentir agoniado. Na verdade, as palavras "eu te amo" eu não consigo atribuir a ninguém — além dos meus pais — e eu me sinto muito aflito, achando que nunca vou encontrar um amor verdadeiro. Eu não consigo mais mentir pra mim mesmo, nem pra Sophia, eu tenho que contar a verdade urgentemente, eu preciso me libertar e libertá-la. Eu resolvi criar um plano para contar que eu quero terminar. Eu não posso recuar agora. Eu não sei se essa infelicidade toda se iniciou devido à facilidade em conquistá-la, como escreveu John Ruskin:"alegria sem labuta é vil".
Eu decidi planejar uma viagem para os Estados Unidos, um local a qual ela sempre quis viajar. Sério, vai dar muito certo, ela vai se distrair na viagem e nem vai ligar quando eu deixá-la. E eu vou me sentir muito aliviado sem esse peso, ainda apor cima as gravações de "Poliana Moça" vão começar em breve, e eu não posso ter nenhum impasse. Vão ser dois coelhos numa cajadada só. Meus pais acolheram bem a ideia, eles pensaram que se eu estava infeliz na companhia da Sophia, eu deveria me abrir para ela.
Eu fui até a casa da Sophia, como seu namorado. Nós nos divertimos, nos beijamos algumas vezes, eu evitei, mas não queria parecer estranho, então tive que dissimular. Antes de ir, eu fiz o pedido, e, sim, ela aceitou, desde que a família dela fosse junto. Que bom! Assim, tudo vai dar certo.
Desde o aeroporto, eu não queria demonstrar muito afeto, não que eu não gostasse dela, mas eu acreditava que se ela se desapegasse, seria menos dolorido ainda. No avião, eu preferi seguir o bom e velho modo soneca, que funciona muito bem caso queira evitar uma pessoa. Eu percebi que as investidas da Sophia estavam diminuindo cada vez mais, isso tava indo totalmente a favor do meu plano.
Nossa primeira parada foi em Orlando. A gente nem arruma nossas coisas no Hotel e já vai direto para a Disney. Passamos 3 dias desfrutando dos parques temáticos, que foram espetaculares! A magia que exala não alcança somente as crianças, como muitos pensam, assim como os próprios parques possuem públicos-alvo diversos. O Seaworld e seu mundo aquático e a Universal Studios foram minha atrações prediletas. No fim do passeio, nos deparamos com uma paisagem incrível exalante de alegria e animação. Foi como se o tempo parasse ao nosso redor enquanto nos encarávamos, o clima romântico surgia diante dos nossos olhos, e, assim, nos beijamos.
Toda essa experiência me fez ficar com um pé atrás quanto a decisão de terminar com a Sophia, e se eu tivesse paranoico e estivesse prestes a estragar tudo que eu tinha de esperança de um amor só por não conseguir expressar um sentimento que possivelmente eu tenha? Mas meu instinto e meu sistema nervoso não poderiam estar me enganando ao me guiar para o término dessa relação.
Nossa próxima parada é um pouco mais ao norte, mas ainda na costa leste dos Estados Unidos: Nova Iorque. Nosso hábito de, ao chegar ao hotel, não arrumar nada e somente ir aos passeios durante o dia, se manteve. Nossa primeira atração foi a Estátua da liberdade, que é um pouco isolada da cidade por estar meio que em uma ilha. A paisagem era incrível, a contradição entre a natureza e a cidade dava arrepios. Tirando uma foto, Sophia é atacada por uma gaivota, em vez de ajudar eu caio na gargalhado, era impossível não rir, parecia que ela tinha confundindo-a com comida. Depois de perceber que ela era uma sem sal, a gaivota desiste. No caminho de volta, a gente ri muito do ocorrido e ela reclama da minha negligência.
Isso tudo que tem acontecido nos últimos dias me repensar bastante na minha decisão de terminar com ela, mas eu resolvi seguir meus instintos e conversar com ela quando estivermos mais calmos. Assim que chegamos ao hotel, tomamos banho — separados, obviamente — e arrumamos nossas coisas, eu espero os pais dela saírem para jantar para conversarmos a sós. Quando ela estava seguindo-os, eu a impeço:
—Sophia, a gente precisa conversar — eu falo tentando não transparecer no tom de voz como eu espero que esse diálogo venha a acabar.
—Claro, vamos no quarto, parece ser algo sério — ela diz percebendo meu nervosismo.
—Então, ultimamente eu venho analisando nossa relação — eu inicio assim que nos sentamos sobre nossas camas — e eu percebi que nós passamos muitos momentos juntos que me trouxeram alegria, risada e sensações boas. Porém, em nenhum desses casos, eu vi você como meu amor. No início, eu realmente achava que amaria você, porém aquele sentimento que eu sentia e ainda sinto por você apenas se mostrou, não como paixão, mas, sim, como admiração e adoração. Espero que você entenda que eu quero terminar nosso namoro, mas manter a amizade especial que nós podemos ter.
—Eu não entendo — ela replica com lágrimas escorrendo pelas maçãs de seu rosto — eu realmente gosto de você e talvez até amo. O que eu fiz de errado? É outra pessoa, não é? — ela termina de falar de cabeça baixa, com um tom bem reduzido.
—Bem, na verdade, tem, sim, outra pessoa, mas não confunda: nossos momentos juntos foram muitos especiais. Eu vou recordá-los com muito carinho, e, apesar, de seu sentimento não ser recíproco, você sempre estará em meu coração. Eu espero que você me perdoe por ter te dado expectativas em relação a nós, e me aceite apenas como seu amigo.
Ela sai do quarto, não correndo, mas caminhando cabisbaixa. Espero que não tenha dito nenhuma besteira e que a gente consiga reconstruir nossos laços, mas agora sem ultrapassar os limites da amizade. Meu celular apita, e é uma mensagem da Sophia dizendo: "eu to indo pra Boston com a minha família, não espere que a gente te leve junto". FERROU! Ela saiu totalmente do roteiro da viagem e minha família só concordou que eu viesse se fosse acompanhado.
Gente, não estranhem a quantidade pequena de diálogos ou a pressa para contar essa parte inicial da história, isso é apenas a introdução, eu não quis tardar muito pra explicar a relação entre Sophia e Lucas Burgatti.
Isso é apenas uma fanfic, poucos acontecimentos realmente existiram.
Se vocês gostaram, favoritem e comentem durante a história para eu ter um feedback de vocês.💞
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Antes Tarde do que Nunca
FanfictionLucas Burgatti, ator de Poliana Moça, de 17 anos, vê-se diante de um dilema ao se apaixonar por 2 pessoas. Porém, nada é como esperado, e ele precisa se descobrir e aprender discernir seus sentimentos. "Eu fiz um pedido muito imponente para ela, na...