1. Camila

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- Eu vou marcar a sua sessão para a próxima sexta feira às 15h, pode ser? - Em chamada telefónica, pergunto à Ana se podemos finalizar a sessão enquanto aponto na minha agenda.

- Fica marcado. Obrigada Camila. - Agradeço e desligo a chamada.

Hoje é quarta-feira, o que me resta dois dias para preparar tudo para a sessão de consultoria que vou dar à Ana.

Eu sou empreendedora, na área do marketing digital. Ajudo outras empreendedoras a escalarem o seu negócio nas redes sociais e com apenas 3 meses de divulgação de negócio tenho tido pelo menos dois clientes semanais, o que me garante dinheiro para sobreviver o resto do mês sem ter que procurar um part-time.

Estou neste momento agendar publicações para a marca de um dos meus clientes, quando ouço a campainha a tocar.

- Olá Sr.Orlando, como posso ajudar? - Pergunto para o porteiro.

- Camila desculpa estar a incomodar, mas sei que gostas de estar a par de tudo o que acontece no prédio e também sei que trabalhas em casa e qualquer barulho incomoda-te - O Sr.Orlando começa a falar demasiado rápido e a gaguejar.

Tento manter a paciência, porque isto é algo que já estou habituada vindo do porteiro do meu prédio. Quando o Sr.Orlando está mais nervoso ou stressado, automaticamente fica gago e a falar extremamente rápido.

- Sim...o que se passa? E se puder falar mais devagar, eu agradecia. - digo com a maior calma que consigo depois de fazer o maior esforço para perceber o que ele tinha acabado de dizer.

- Aí sim, desculpe.... - Ele diz todo aflito - Era só para informar a menina, que um tal de senhor Mateus vai-se mudar para o apartamento ao lado.

Pronto, já sei que vou ficar sem paz. Três meses sem ter nenhum vizinho no andar, e eu estava finalmente a habituar-me ao facto de não haver barulho.

- Aí e tem mesmo que ser para o apartamento ao meu lado? - Reclamo fazendo um sinal para o Sr. Orlando, entrar em minha casa, para dar a entender que quero saber o máximo de detalhes possíveis do tal Mateus.

- Pois Camila, sabe que são coisas que não consigo controlar. Vim avisá-la porque o condomínio informou-me que ele deve fazer algumas obras em casa e sei o quanto isso afeta a sua produtividade. - Ele diz novamente demasiado rápido e a gaguejar.

Por esta altura, já estou a bufar e a pedir todos os santos que essas obras não aconteçam.

A última vez que isto aconteceu eu tive que ir todos os dias para o café trabalhar, e fazer reuniões num café não é nada profissional.

- Muito bem Sr. Orlando se tem mesmo que ser, mais alguma informação que sabe dele? - Pergunto, cruzando os braços.

- Eu já falei com ele, e ele parece bom moço. Mas pronto, a menina já sabe como são estes homens novos! - Eu assinto e solto uma gargalhada. - Qualquer novidade que tenha eu venho aqui informa-la.

- Combinado, obrigada por todo o seu trabalho Sr.Orlando. - Digo enquanto abro a porta de casa para o porteiro sair, ele assente e despede-se voltando-se para o elevador.

Fecho a porta já irritada a pensar no que o meu vizinho vai fazer quando chegar...mas esperem? Nem sei quando é que o homem vai chegar!

Isto vai correr tão mal. É que já estou mesmo a ver, ainda vou estar em reunião com algum cliente e o homem vai começar a fazer barulho.

Tento me acalmar e não pensar mais no assunto, até porque tenho muito trabalho para fazer, no entanto mal me sento na cadeira e o meu telefone começa a tocar.

- Estou? - Pergunto.

- Como é que vais para o jantar de logo? - A Joana pergunta-me do outro lado da chamada.

A Joana e eu somos melhores amigas há 5 anos, e trabalhamos as duas na mesma área. Conhecemos-nos na faculdade e desde então nunca mais deixamos de conversar, atualmente ela trabalha numa das melhores empresas de luxo do mercado mobiliário, enquanto que eu sempre sonhei em ter um negócio próprio.

- Eu estava a pensar que tu podias sair da CoHouse e passar por aqui para irmos juntas. - Sugiro.

- A gasolina está demasiado cara e por isso a menina não quer conduzir? - Ela diz com um tom de voz irónico e eu começo a rir.

- Apesar disso ser verdade, também é verdade que tenho o carro no mecânico, lembras-te? - Recordo-a ainda a rir.

Os próximos quinze minutos foram passados a conversar com a Joana sobre o jantar de logo, e depois de uma hora de trabalho começo a preparar-me para ir jantar.

🤍

- Oii! - A Joana exclama de uma forma bastante exaltada para quem está num restaurante cheio de pessoas.

Demoramos cerca de 10 minutos para encontrar um sítio para estacionar, apesar de ser quarta-feira parece que todas as pessoas lembraram-se de vir jantar fora.

- Onde está a Catarina? - Pergunto ás meninas que estão já sentadas na mesa.

- Foi à casa de banho. - A Mafalda responde. - Olha ela vem ai! - E aponta para trás de mim.

Levanto-me e cumprimento a Catarina, felicitando-a pela promoção no trabalho.

- Quero aproveitar este momento que estamos as 6 reunidas, para agradecer a todas vocês que tiraram um bocadinho do vosso tempo a meio da semana para celebrarem o facto de amanhã começar a ser gerente do MiniMarché! - A Catarina exclama a última parte com bastante entusiasmo e nós todas sorrimos e dizemos o quanto ela merece aquela promoção.

O MiniMarché, é um dos supermercados mais famosos da nossa cidade e a Catarina é sem dúvida um exemplo de superação! Começou a trabalhar neste supermercado quando tinha 16 anos, para ajudar a mãe que cuidava dela sozinha, e desde então nunca mais foi trabalhar para outro lado. Agora com 26 anos é mais nova gerente do MiniMarché e nós não podíamos estar mais contentes por ela.

Pouco tempo depois, a nossa comida chega e eu começo uma conversa com a Joana que está há minha frente e a Mafalda que se encontra do lado direito da Joana. O jantar em si, foi bastante tranquilo, pouco tempo depois fomos todas para casa, afinal amanhã ainda é quinta-feira e vamos todas trabalhar.

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