Viagem Entre-realidades [Peter Um]

Pessoas que eu nunca pensei que fosse voltar a ver

Eu não me esforcei o suficiente? Penso todos os dias assim que acordo. Eu penso que teria muitas maneiras de não acabar assim, mas fui ingênuo em me deixar levar. Teria muitas formas de ganhar do Mysterio, se eu fosse menos inocente e fosse mais seguro de mim mesmo.

Entretanto não há como voltar no tempo, na verdade há, porém acredito que devo aprender com meus erros, eu fui idiota em confiar, mesmo que naquela época eu ainda fosse um adolescente inseguro que não acreditava ser capaz de herdar as indústrias Stark.

Sei que a minha vida não é das mais normais, atiro teias pelo meu corpo e salvo a cidade de super vilões estranhos, mas depois de tudo que aconteceu comigo, eu nunca pensei em ver Tony ou tia May novamente.

Eu estava lutando com o Duende Verde — dessa vez do meu universo e não o do Peter 2 — e, assim que o amarrei com minhas teias, pude sentir algo me puxando para trás. Claro que imediatamente tentei grudar uma teia na parede para permanecer grudadinho no chão, mas foi em vão.

Em um instante eu estava prendendo um vilão e no outro eu estava no meio de Nova Iorque sobre uma enorme e bonita praça aberta ao lado de super-heróis que eu nunca pensei que pudesse voltar a ver um dia.

Eu estou em um universo paralelo! Como vim parar aqui? O que aconteceu?

Inconscientemente busquei pela minha variante, esperando encontrar um novo irmãozinho, visto que o Dois e o Três não tinham os Vingadores e muito menos os Guardiões da Galáxia, que por incrível que pareça estavam ali também. Não quis entender aquela reunião, talvez tenha sido o Stephen desse universo. Na verdade, talvez nem seja Stephen o mago desse universo, pode ser uma variante feminina dele ou simplesmente outra pessoa. Mas torço para que seja ele mesmo, tenho saudades dele, saudades de todos. Porém eles não são os de meu universo, são de outro ou outra aranha. E assim deve permanecer, devo conversar com o mago ou a maga suprema daqui e voltar para a minha terrível realidade.

Porém antes disso olhei em cada cantinho, mas não encontrei ninguém com uma aranha no peito ou em qualquer outro lugar no uniforme, muito menos consegui identificar através do meu sentido aranha. Não existia um homem ou mulher aranha num raio de quilômetros. O que estava acontecendo?

Cocei atrás da minha cabeça em sinal de confusão, meu rosto ainda estava coberto pela máscara e eu nunca iria tirar assim de repente, talvez aqui ainda exista um ou uma aranha variante e não quero complicar a vida dessa pessoa. E também eu nunca faria isso novamente depois de todo aquele trauma que eu passei.

Corri com meus olhos novamente pelos heróis, eles tremiam, alguns choravam e eu estranhava, uma pessoa se aproximava, ela era familiar, estava um pouco mais velha, coisa de dois anos bom máximo, mas mesmo assim... Era Tia May... Viva.

VIVA! ELA ESTÁ VIVA! MEU IRMÃOZINHO OU IRMÃZINHA CONSEGUIU SALVÁ-LA AQUI!

As lágrimas começaram a cair e eu me levantei afoito, dando dois passos compridos e me agarrando ao corpo da mulher. Ela era minha tia, minha mãe... Minhas lágrimas molhavam a máscara, senti mais passos, mas não me atrevi a olhar, gravando o cheiro característico da pessoa que mais amei durante toda minha vida... May, me perdoe...

Ouvi seu choro em meus ombros, tirei a cabeça dela dali com cuidado, observando seu rosto, temendo que fosse um sonho e secando suas lágrimas com os dedos. Os passos pararam perto de mim, mas eu estava concentrado na minha pessoa favorita.

— Peter? — sua voz suave e trêmula atingiu meu peito com sucesso, suas delicadas mãos não se limitaram e pousaram em minhas bochechas sobre a máscara. Ela as apertou, dando um singelo sorriso e voltando a me abraçar com uma força que eu nunca achei que ela podia abraçar alguém. Estava me sufocando um pouco, mas eu não ligava, porque assim eu conseguia entender que não estava sonhando. Era real, eu tinha viajado pelo multiverso... Isso é mais do que posso aguentar...