Laís Salles

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      Acordo com um pequeno raio de luz solar que vai aos poucos iluminando meu pequeno quarto. Me levando vagorosamente, retiro os lençóis, e deixo um bocejo escapar por entre meus lábios. Subitamente escuto ao longe uma voz me chamar:

-Filha? Já acordou?- É a minha mãe

- Sim- respondo com a voz rouca de sono, deixando outro bocejo escapar

      Ao me olhar no espelho, que fica pendurado logo a frente da minha cama, vejo uma garota de estatura média baixa com cabelos encaracolados presos a um coque, essa era eu? Uma garota de 12 anos, consideravelmente bonita, sim, essa era eu.

Me dirijo ao banheiro e tomo uma ducha, logo acima da cadeira, que fica posicionada à frente de uma mesinha, encontra-se uma calça jeans e uma camisa com o logo da escola no qual estudo. Visto  calça e em seguida a camisa, volto a encarar o espelho. Por algum motivo desconhecido isso me irritava, eu deslizei a mão sobre meus seios. Por quê? Por que eu tinha aquilo? Minha mãe diz que sou mulher e que sou linda, mas... Não. Hoje não. É o meu primeiro dia no 7º ano, tudo tinha de ser perfeito, penteei alguns fios emaranhados com as pontas dos dedos enquanto proferi para mim mesma quase como um sussurro:

-Vamos lá Laís, você consegue, deixe seus pais orgulhosos.

Como já era de costume, enviei uma mensagem de texto para minha melhor amiga:

 Chat on:

                                                                                                                                      Eu:

                                                                                                                      Oii, bom dia.

Bea <3:

Oii, bom dia, boa sorte com o 7º ano.

                                                                                                                                 Eu:

                                                                                      Boa sorte para você também

Bea <3:

8º ano, lá vou eu!

Chat off:

       Era notável a beleza dela, mas o que eu estava pensando? Não é esperado que a "perfeitinha" pense assim da sua melhor amiga, mas ok, apenas respire. 

       Eram 6:00 da manhã quando eu entrei em uma condução que me levaria até a escola, oh claro, o que poderia ser melhor? Uma hora em um automóvel indo a cerca de 50 km/h, com criancinhas gritando e babando no banco de trás,  e talvez alguns adolescentes mal encarados dos quais eu não fazia ideia de quem eram. Eu estava com um moletom cor de goiaba que eu forcei minha mãe a comprar, não me leve a mal, eu não sou uma filha tão terrível, eu só amo moletons. Bem, se não fosse pelo fato de eu andar com a coluna tortuosa quase como uma escoliose, por eu ter um porte pequeno o casaco era ideal para esconder os seios que custavam a aparecer na camisa, eu diria GENIAL.

      Finalmente na escola, era uma sala com uma abundancia de pré-adolescentes que tagarelavam sobre todo tipo de coisas que eles fizeram nas férias, alguns rostos eram familiares, mas nada que me fosse útil. Sentei-me na primeira cadeira ao lado da bancada do professor, que por sinal estava alguns minutos atrasado, quando sou interrompida por uma garota de cabelos loiros e compridos, ela vinha saltitando em minha direção:

-Oii- disse a menina enquanto se sentava na cadeira ao lado da minha.- Vi que você estava sozinho aí no canto e vim falar com você.

      Nenhuma resposta foi ouvida de mim,para falar a verdade, eu nem sei o porquê de eu não ter falado nada, droga, eu sou péssimo para fazer novas amizades.

- Nossa, meio grosso você, o que foi? O gato comeu sua língua?- Continuou ela na tentativa de arrancar algumas palavras da minha boca.

-Laís.- Eu disse em um tom relativamente baixo- Laís Salles.


Tudo que eu queria dizer, mas não disse.Onde histórias criam vida. Descubra agora