Pirate Captain

I

O navio havia chegado há algumas horas no porto, as pessoas daquela embarcação se espalharam e começaram sua busca, no momento da explosão eles pegaram suas coisas e foram em direção ao local do acidente, seguindo o plano arquitetado pelo seu capitão. Divididos em dois grupos se posicionaram em seus lugares e viram guardas e jovens se confrontando, após o acidente o porto virou uma bagunça, dois jovens estavam apagados no chão sangrando.
O primeiro grupo avançou em direção aos guardas e os prenderam, já o segundo pegou os garotos feridos os levando para o navio, juntamente com as caixas de pólvora que estavam intactas e as colocou no interior da embarcação. O local se tornou um verdadeiro caos e teria assustado os visitantes, porém eles já estavam acostumados com tudo aquilo. Uma tensão se espalhou por ali na medida em que botas pesadas batiam contra o chão, o barulho irritante de correntes ecoavam pelo porto e logo foi acompanhado pela voz firme e melodiosos.

-Vejo que minha tripulação tomou conta de tudo.

Com uma risada irônica, o homem se abaixou até estar próximo ao rosto do chefe dos guardas, analisou suas expressões e acariciou de leve sua face.

-É uma pena ver que pessoas bonitas como você estejam do lado errado.
-Errado ?  O único errado aqui é você...seu imundo.

O guarda cuspiu as palavras contra o rosto do Capitão, que não se abalou pela arrogância do outro.

-Uau, parece que ele sabe xingar.

O homem disse em zombaria, fazendo com que sua tripulação se divertisse com a cena. Porém, em um momento de distração o capitão foi atingido pelo guarda.

-Minho.

O capitão advertiu um de seus tripulantes, pois o mesmo havia batido no guarda.

-Mas, Capitão ele...

Houve um momento de silêncio e com apenas um olhar, Minho se sentiu envergonhado.

-Peço perdão.

O guarda que até segundos atrás enfrentava o Capitão, sentiu seu estômago embrulhar ao notar o olhar do mesmo sobre si. Com um solavanco, Minho fez com que o guarda ficasse de pé e a identificação do mesmo ficasse visível.

-Levem o guarda Park até minha cabine.
-Sim Capitão.

Com um pouco de resistência, o Park foi levado em direção ao navio juntamente com os outros guardas.

-Vamos tratar de negócios agora. Jongho e Mingi fechem o porto, ninguém entra e ninguém saí até terminarmos isso.

A dupla se curvou e saiu em disparada, o Capitão focou seus olhos na loira que voltava do navio acompanhada da mais baixa.

-Moonbyul e Wheein, achem aquele bando de adolescentes irresponsáveis.

O Capitão pôde ver um sorriso macabro se espalhar pelo rosto de Wheein.

-De preferência que estejam vivos.

Seus olhos agora focados diretamente na mais nova, captaram um descontentamento que a mesma nem se deu ao trabalho de esconder.

-Que seja essa droga.

Wheein ralhou e saiu andando sem se preocupar com reação de seu Capitão. Moonbyul arqueou as sobrancelhas, se curvou e correu até a outra que caminhava de forma apressada.

-Eis uma evolução, ela não quebrou nada ou atirou em alguém.

O loiro que até então estava calado, disse de forma brincalhona e se aproximou do seu Capitão.

-Yeosang, preciso que encontre o feiticeiro. Leve San com você, aquele lugar é sujo, pode ser que precise de punhos e músculos.
-Sim Capitão.
-Hwasa e eu vamos resolver alguns assuntos pendentes.

O capitão passou um de seus braços pelos ombros da mulher e começaram a caminhar para um bar no fim do porto. Por fora o Capitão aparentava força e confiança, mas por dentro sentia seu cérebro se arrependendo daquela decisão e suplicando que o mesmo desse meio volta para sair dali.

A situação no navio não estava fácil. Os guardas foram levados para as celas com muita dificuldade, o Park resistiu muito e sua teimosia era de dar nos nervos, até para Yunho que normalmente era calmo. Os jovens feridos se encontravam em uma sala improvisada, ambos já estavam acordados porém continuavam dopados. Yunho era médico do navio e cuidava desde arranhões até casos extremos, com a ajuda de Hyunjin que era enfermeiro, eles limparam os ferimentos e colocaram os curativos necessários, um dos jovens estava com a perna machucada e a explosão agravou a situação. Um silencioso desconfortável pairava sobre o local, os garotos estavam agradecidos pelos cuidados, porém não confiavam naquelas pessoas e esperavam a primeira chance para escaparem.

A porta foi aberta por Minho que se encontrava meio afobado, Hyunjin o encarou por alguns segundos e logo voltou a organizar suas coisas. O Lee se aproximou do médico e sussurrou algo de forma apressada, não demorou para que ambos saíssem da sala, Hyunjin até tentou ignorar o sentimento de exclusão, o que foi em vão.

Há dias Minho o tratava de forma seca e profissional, há dias Lee ignorava todas as suas tentativas de reconciliação e isso quebrava o Hwang por completo. Eles eram amigos de infância e enfrentaram muitas coisas juntos, porém tudo isso mudou devido há uma discussão que haviam tido. O mesmo estava tão imerso em seus pensamentos que não percebeu a movimentação em suas costas, apenas sentiu algo duro e frio ser pressionado contra sua cabeça. Seus pelos se arrepiaram e o seu corpo esfriou gradativamente, com as mãos ainda sobre a mesa alcançou uma seringa e a fincou na coxa do jovem. O mesmo ficou relutante contra dor, porém uma de suas pernas cedeu e todo seu corpo foi de encontro ao chão.

Hyunjin se aproveitou do acontecimento para pegar a arma que havia caído próximo aos seus pés, esvaziou o cano e a jogou na mesa. O jovem que estava no chão sentiu sua perna latejar e queimar de uma forma agonizante, apertou os olhos e mordeu o lábio.

-Que merda é essa que você injetou em mim ?
-Vai te fazer pensar duas antes de me atacar de novo

Hyunjin falou de forma calma e encarou o garoto que estava na cama.

-Qual é seu nome ?
-Jisung.

Com a voz um pouco receosa, o ruivo respondeu baixando os olhos logo em seguida.

-Você me parece um bom garoto Jisung, se não for como seu amigo ali, talvez tenha chances de entrar pra equipe.

Hyunjin sorriu de forma doce e deu tapinhas leves no ombro do garoto, o mesmo relaxou e sorriu de volta. O enfermeiro recolheu sua mão, caminhou até a porta e chamou um dos tripulantes responsáveis pela segurança.

-A propósito, você tem um sorriso bonito Jisung.

E com um último aceno saiu da sala, deixando um ruivo de bochechas coradas e um moreno indignado.