O som da risada de crianças amaldiçoadas ecoava pelas ruas escuras e desertas naquela noite.
A lua cheia iluminava as três fogueiras altas, que na manhã seguinte seriam usadas para purificar a alma de nove pessoas acusadas de bruxaria.
De dentro de um templo de pedra MacGyver tentava enxergar pelo vão da porta se os militantes já tinham se retirado. Quando se preparava para sair uma mão firme pousou em seu ombro. Assustado ele se virou e encontrou os olhos enrugados e sérios de Wallace seu superior.
-MacGyver devo te alertar, você está sendo vigiado por causa de sua mãe, e se você sair essa noite eu terei que te delatar amanhã de manhã.
–Senhor é minha mãe e eu não posso aceitar isso, ela que me fez ser o que sou hoje. E como o senhor pode acreditar nesses boatos?
- Não importa no que acredito, pois você já tomou sua decisão e tudo que posso fazer é desejar que o Divino te proteja nessa jornada suicida.
A entrada do templo de pedra era guardado por portas pesadas de ferro maciço, e MacGyver teve que aplicar toda sua força para conseguir abri-las sem chamar a atenção. Mentalmente ele orava ao divino que o protegesse nessa perigosa jornada.
Já fora do templo, ele seguiu pelas ruas ocultado pelas sombras. Se um militante o visse ele estaria perdido, ele seria queimado vivo por simplesmente violar o toque de recolher.
Enquanto caminhava, ele se lembrava das histórias que sua mãe contava. Ela dizia que seu pai era um covarde e que havia fugido com seus irmãos após ela prometer sua vida ao Divino.
MacGyver cresceu vendo a mãe sofrer com a ausência dos filhos, e sempre se perguntou porque ela nunca tinha ido atrás de seu pai, mas isso era um assunto delicado e sempre evitado. Ela parecia tentar esquecer se dedicando a cuidar dele e do pequeno sítio em que viviam.
Depois que ele se tornou um sacerdote seu pequeno sítio foi ficando cada vez mais próspero. Suas vacas eram as que davam mais leite e seus legumes eram sempre mais saborosos e suculentos. Sua mãe dizia para todos que o Divino a estava abençoando pelo filho maravilhoso que tinha.
Foi o som de passos em sua direção que havia o tirado daquele turbilhão de lembranças. Ele precisava se esconder e a entrada para a trilha estava muito longe.
Os homens com suas tochas estavam a menos de dez metros de MacGyver quando nuvens negras cobriram a Lua ocultando sua presença. Cego pela escuridão ele correu para a floresta, mas quando nela entrou tudo estava claro, era como o sol mas sua luz fria e prateada. Por onde passava ia marcando as árvores com uma pedra para conseguir voltar caso se perdesse. Depois de ter marcado mais de uma centena árvores, a floresta começou a ficar mais escura, fria e estranhamente quieta. O som do choro de um bebe o guiou até uma clareira. Conforme ele andava o choro ficava mais perto, junto com o cheiro de sangue fresco e morte.
Uma enorme árvore negra cheia de vermes erguia-se no centro da clareira, era dela que vinha o cheiro de morte.
Alguns vermes caiam sobre a cesta onde estava o bebe que chorava, sem pensar duas vezes MacGyver pegou o bebe em seus braços, ele estava sujo e seu choro parecia ser de fome, só depois de se afastar da árvore encontro os corpos estripados de um homem e uma mulher que provavelmente eram os pais da criança.
Ele correu para longe dos corpos, e viu quando a árvore começou soltar um vapor verde mal cheiroso, enquanto seus galhos caiam na terra se transformando em vermes.
Já em uma distância segura ele observou a árvore maldita se transformando em um grande lobo. Que se espreguiçou e fixou os olhos em MacGyver. O lobo estava feliz pois acabara de ter mais um daqueles sonhos, em que ele se divertia com suas vítimas. A maldição tinha sido uma benção em sua vida, ter aqueles sonhos todos os dias o deixava excitado e satisfeito. Ele se sentia vivo. E acordar sem ter que buscar novas vítimas era quase um presente. Seu humor estava ótimo naquele dia.
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Maldição da Família Tlihil
AdventureMacGyver é um sacerdote que desconhece os segredos de sua família. E agora precisa fugir de uma fera e ainda correr contra o tempo para salvar sua mãe do fogo divino.