Reaproximar

1K 68 11
                                    

Quando fui saindo do banheiro, ela continuou ocupando metade da porta e virou me acompanhando assim que passei ao seu lado.

— Deixa eu te perguntar uma coisa? — parei no corredor de saída do banheiro.

— Fala, Emilia.

— Você não falou direito comigo porque achou que eu tava com o Sebas novamente? — segurei o sorriso brincalhão que queria aparecer.

— Não fode, Emilia! — me repreendeu, revirando os olhos e rindo incrédula.

— Estava com ciúmes, Andi? — a provoquei e mordi os lábios, me divertindo com sua expressão.
— Não. — colocou as mãos nos bolsos e se virou, voltando a caminhar em direção a nossa mesa.

Poderia até não ser exatamente isso, mas havia algo e o que ela disse no banheiro ecoava na minha mente.

Ela caminhou a passos largos e eu fui mais atrás, apenas a observando.

Os garçons começaram a nos servir comida, enquanto comíamos, dava algumas olhadelas na direção de Andi. Agora me sentia um pouco mais confortável para tal, percebia que ela retribuía os olhares e isso me dava mais confiança e me arrancava pequenos sorrisos enquanto todos estavam distraídos.
Levei a taça à boca e vi Andi pegar um guardanapo de papel na mesa. Me levantei e olhei em sua direção e fiz um sinal com a cabeça, fui a um canto meio escondido, perto dos banheiros. Ela entendeu meu gesto, porque não demorou para aparecer onde eu estava, esticou o braço me entregando uma flor improvisada com o guardanapo.

— Como nos nossos velhos tempos? — sussurro e pego a flor, admirando.
— A tradição sendo mantida.
— Obrigada... Antes de vir hoje, eu encontrei uma foto nossa dentro do meu passaporte antigo.
— Qual? — perguntou visivelmente interessada.
— Aquela que a gente tirou no dia que te pedi em noivado, lembra? Você pediu para Dixon tirar, tu disse que queria ter essa lembrança para quando estivéssemos velhas. — falamos em uníssono as três últimas palavras.

E então rimos juntas.

— É uma foto muito bonita... — comentei dando um sorrisinho triste e olhei para minhas mãos, brincando com a flor que ela havia me dado. Depois a guardei na bolsa.
— Foi um momento muito bonito. — Andi disse.
Um breve silêncio pairou no ar.
— Posso te pedir uma coisa? — falei e levantei o olhar em sua direção, mas olhando acima de seu ombro, evitando seus olhos.
— Emilia... Sempre! — ela tocou meu ombro.
— Posso te abraçar? — Ela sorriu e assentiu.

Imediatamente abracei-a, minhas mãos agarraram suas roupas e meu nariz inalou seu cheiro, meu medo era que ela conseguisse sentir o quão meu coração estava acelerado. Andi entrelaçou seus braços ao meu redor apertando mais o abraço.

Era estranho e bom estar ali com ela novamente, porque quando nós terminamos o namoro, voltei ao Brasil no dia seguinte e nunca mais a vi. Nos desligamos uma da outra de todas as formas, inclusive nas redes sociais.

Mais cedo, ao ver a foto, tive um sentimento bom. Agora ainda era bom, mas doía, doía tê-la tão perto e não saber se o que eu sentia era recíproco. Era óbvio que ela nutria algum sentimento por mim, mas será que o mesmo que eu? Da mesma forma? Ou aquilo era pura nostalgia de todos nossos momentos bons?
Ao pensar tudo isso, em pouquíssimo tempo, senti meus olhos lacrimejarem e tentei segurar o choro, me sentia um tanto boba por ficar assim tão rápido.

— Quando você chegou? — Andi perguntou e me afastei para olhá-la.

E a maldita lágrima escorreu pelo meu rosto, respondi:

— Anteontem.
— Por que você tá chorando?

Eu neguei balançando a cabeça e olhei para cima para evitar ter que responder aquilo. Senti seus dedos deslizarem pela minha bochecha enxugando a lágrima.

REENCONTRO - ENDI Onde histórias criam vida. Descubra agora