Ota e Ge

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Foram longas horas de voo do Brasil a Londres, em uma poltrona desconfortável, em uma posição desconfortável. Eu provavelmente estou o símbolo do caos, roupas amassadas, cabelo desgrenhado e uma cara cansada de dar dó. Mas nada disso me preocupa, na minha mente há apenas um pensamento "o que eu falaria para Gerard?". Sei que prometi a Beatriz que me declararia a ele, porém, agora, parece tão idiota e fútil. Quem se importa com o que eu sinto?

Saí da área de desembarque e já senti o cheiro característico da cidade, era como estar em casa, confortável e seguro

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Saí da área de desembarque e já senti o cheiro característico da cidade, era como estar em casa, confortável e seguro. Mesmo sabendo que Gerard estaria me esperando, meu coração batia acelerado e amedrontado. E se ele tivesse mudado de ideia, era uma possibilidade. Aliás era uma possibilidade bem mais real ele não estar lá, do que ele estar. Mas Beatriz não mentiu, muito menos Gerard mudou de ideia. Foi a primeira pessoa que vi ao passar pelos portões. Parecia uma miragem, mas ao mesmo tempo real.

– Eu duvidei que você viria – eu disse assim que me aproximei

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– Eu duvidei que você viria – eu disse assim que me aproximei.

– Jamais deixaria você aqui, sozinho e largado a mercê desses tarados ingleses – Gerard respondeu.

– Sinto notas de ciúmes – brinquei.

– Talvez – Gerard falou, e pelo tom de voz deu a entender que sim, ele estava com ciúmes.

Minha vontade era de abraçar ele e sentir seu perfume, o perfume que eu mais amava na vida. Às vezes, nas minhas noites solitárias no Brasil, eu só pensava em como eu sentia falta do cheiro de Gerard, eu nunca disse isso a ele.

Caminhamos até o carro um ao lado do outro, e mesmo que a minha vontade fosse segurar em sua mão, me controlei, o que ele pensaria de mim? Não era o momento para ter essa conversa.

Seguimos pelas principais vias da cidade, conversávamos, mas parecia uma conversa presa, com muitos pensamentos e poucas falas. Eu tinha medo de falar algo indevido, e talvez Gerard também tivesse o mesmo problema. Eu sempre fiquei muito perdido nos diálogos com ele, sempre com expectativa muito grande de que ele fosse se declarar a qualquer momento. Mas agora parecia muito pior, porque era eu que o faria, eu não sairia de Londres sem falar tudo o que eu tenho a dizer.

Uma chance ao desconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora