ELE

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Os movimentos do seu corpo eram incertos, todavia tentava acompanhar a música que saia do aparelho de som, sentia os seus batimentos cardíacos acompanhando cada batida da música. Seus pés iam de um lado para o outro e o copo na sua mão, já não importavam tanto quanto os barulhos produzidos, estava tanto na vibe que até fechou seus olhos por alguns segundos.

– Thales... Thales... – Disse uma voz ao fundo, entretanto isso não fez com que abrisse os olhos. – Thales, preciso de ajuda.

A voz agora estava no seu lado esquerdo, ao abrir os olhos encontrou Isabella com um olhar preocupado, em uma de suas mãos trazia seu copo vermelho e na outra o seu cigarro favorito. Thales, ainda sem nexo nos pensamentos, olhou curioso para saber tal preocupação, as luzes azuis e verdes piscavam, cada uma iluminava um lado do rosto da menina.

– Eles sumiram.

– Quem sumiu? – Disse um tanto confuso.

– O Gregory, José e aquele amigo deles – As mãos dela mexiam de forma inquieta, porém sem deixar os objetos caírem. – Eu fui ao banheiro, quando voltei não tinha ninguém comigo na sacada, eu tentei procurar no prédio todo, mas não achei.

– Devem ter ido embora – Era a única coisa que pensou, se é que pensou, pois o nexo da realidade já não estava certo.

– Como se o carro do menino continua lá embaixo? – Aos poucos, Thales começou a voltar e perceber onde estavam – Sem contar que não iam embora sem nós.

Era algo que fazia sentido, vieram todos naquele carro, passariam o fim de semana naquela casa, não lembrava quem tinha conseguido a residência, contudo era muito bem localizada na cidade que visitavam, principalmente porque era a única em cima daquela colina, onde tinha visão panorâmica do local. Não lembrava o nome da cidade, apenas que estava tendo um festival, onde a população inteira estava reunida na principal praça, Thales acredita que seja a única.

– Será que não foram para o festival? – A música já não tocava mais. – Talvez quisessem curtir o show, ou até mesmo fossem comprar mais bebidas.

– Não sei, estou com pressentimento ruim – era evidente a preocupação dela.

– Vamos fazer assim, iremos até a cidade a procura deles, se a gente achar damos um esporro neles por não terem nos avisado – Isabella apenas concordou com a cabeça. – Para ser mais rápido, você vai pela esquerda e eu pela direita, quando achar os mesmos me ligue que eu volto.

Thales colocou o copo em cima da pequena mesa no cômodo, até mesmo achava estranho a mesa ser menor do que a cadeira, talvez o raio tivesse pouco mais de 20 cm. Verificou se no seu bolso estava o seu celular, onde constava. Os dois amigos saíram da casa juntos, e seguiram caminho diferentes.

Descia a rua na qual subiram, não havia notado que tinham tantas árvores em volta, talvez estivesse bêbado quando vinha, pois quase não lembra como parou ali com seus amigos. O chão era de paralelepípedo, com sinais de rebaixamento em alguns pontos, na faculdade chamaria de recalque, mas quem se importaria com o nome no momento. Ao lado tinha o pequeno meio fio de cimento pintado de branco, em contraste entre o cinza da pedra e o verde do solo dava um charme no lugar.

Não demorou em chegar nas primeiras casas daquela rua, estavam vazias, e também fechadas, todavia não pareciam abandonadas, muito pelo contrário, percebia a pintura em dia, os reparos recentes. observar isso era algo que fazia quase automaticamente, talvez porque a faculdade de engenharia o obrigava a fazer tais análises, mas até gostava, pois uma casa reparada, dura mais do que uma casa abandonada.

Percebeu que não somente essas duas casas estavam vazias, mas como todas as seguintes, observava também as ruas, como elas eram bem cuidadas, sem qualquer sujeira aparente. E mesmo caminhando até perto da praça não viu qualquer pessoa, apenas quando finalmente chegou no local, onde uma pessoa agradecia por estar ali, o telão filmava o rosto do que parecia ser o cantor, na qual tinha uma jaqueta de couro marrom e a camisa parecia ser azul, poderia ser turquesa também, segurava o microfone forte, perto demais da boca, os olhos estavam fechados.

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