Capítulo 12

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Mesmo sabendo que não era da minha conta, fiquei irritada com o tom da resposta de Anderson. Nunca fui de perguntar nada sobre o que ele fazia e nem com quem andava, foi apenas uma pergunta e a resposta foi bem ignorante para o nível de intimidade que temos.

Decidi ignorá-lo, ele também percebendo que não estava mais a fim de conversa, saiu logo da mesa e foi até onde os homens estavam bebendo. Ainda bem que não demorou muito para cantar parabéns, porque notei Lucas muito cansado, começou a ficar chato, só querendo colo, foi então que Douglas chegou perto.

— Quer me dar ele?

— Pode voltar de onde você veio. Ou se quiser nos levar para casa, é melhor ainda.

Depois que eu lhe disse aquelas verdades, ele se afastou. Ficou o restante todo da festa distante, poucas vezes ia nos brinquedos ver como Lucas estava e agora queria vir dar de bom pai, me erra, me mira, mas me erra.

Percebi quando sua respiração saiu pesada.

— Vamos, vem papai.

Ele pegou Lucas no colo, que estava todo birrento, com sono, mas não queria sair dos brinquedos.

Fui até a mesa recolher nossas coisas e depois o segui até a saída, para a minha surpresa, ou não, a loira parou em frente a ele, arrastando a mão pelo seu tórax.

— Não vai me apresentar ao seu filho querido?

— Agora não Lay, ele está cansado, depois nos falamos.

Eu mereço, sim, eu devo realmente merecer, porque ela o puxou pela nuca e lhe deu um selinho tão meloso que me deu náuseas. E ainda por cima me encarou com um sorriso vitorioso.

Venceu o que, querida? Não estou em disputa aqui, a concorrência é toda sua.

Mesmo assim, Douglas se afastou dela, desconfortavelmente e seguiu pela porta de saída. Assim que adentramos no carro, não demorou duas ruas, Lucas dormiu, todo suado e sujo no banco de trás. Eu, por outro lado, estava em meu canto em silêncio, esperando que este dia termine o mais breve possível.

Apesar de não demonstrar, estava com raiva de mim mesma, por ter me incomodado com aquela cena ridícula daqueles dois. Como ela era fútil, querendo mostrar que ele tinha dona, e como ele era um babaca por permitir ser usado como disputa de uma mulher.

— A Lay é...

— Como você mesmo disse, sua vida particular não me diz respeito, e espero que continue assim, e da mesma maneira que você me cobra sobre quem eu coloco dentro de casa por causa do meu filho, espero que tenha a mesma atenção com quem você apresenta a ele.

Virei a minha atenção para a rua que estava bem animada por ser sábado e lá permaneci até perceber que estávamos saindo da favela.

— Onde estamos indo?

— Para a minha casa. Vamos dormir lá.

— Eu tenho cama na minha casa, e prefiro dormir nela.

— Quero dormir com meu filho, e como sei a carne de pescoço que você é, não vai permitir eu levar ele sem você, então, você vai também.

Arhg...

Debater com este homem era como debater com uma parede ou com um bebê de dois meses, não resultaria em nada. E lá estávamos nós, na porta da sua casa, onde morava com a mãe.

Assim que o carro estacionou na garagem, notei que eram oito e onze da noite, e me preparei para a batalha que se seguiria. Não enfrentar Douglas, mas sim, acordar Lucas para um banho e depois fazê-lo dormir novamente.

— Chegaram cedo. Cadê o meu neném? — Apareceu repentinamente na escada da cozinha que dá acesso à garagem.

— Ele está dormindo, não sei nem como fazer para acordá-lo. Estava resmungão antes mesmo de saímos de lá.

— Me dá ele que vovó cuida.

Foi em direção a porta em que Douglas já retirava meu filho e o pegou.

— Lembro de quando esse aqui era pequeno, chato demais para dormir, e chato demais para acordar. Vou cuidar do neném de vovó, pode ficar despreocupada querida.

A voz rouca de cigarro mudava até a entonação quando o assunto era o neto. Toda mãe tem receio quando um estranho se aproxima de seu filho, mas estes dois têm derrubado barreiras quanto a este assunto. Percebo o quanto eles tratam bem meu neném, e se não gostam de mim, escondem muito bem, pois fazem questão de me darem uma boa estadia sempre que estou por aqui.

Ela saiu com Lucas no colo e eu fiquei ali parada, olhando para a porta que a pouco passou.

— Qual é teu lance com aquele cara? — perguntou, parando bem na minha frente, tapando qualquer visão que eu pudesse ter, que não fosse ele.

— Achei que já estivéssemos passado desse ponto de vida pessoal.

— Eu preciso saber quem vocêcolocando na vida do meu filho. — Essa desculpa já estava saturada para mim.

— Isso não foi da sua conta no passado, e não é agora. E se te interessar, já falei que ele é só meu amigo e estou lhe falando novamente, ele é só meu amigo.

— Amigos chegam naquela intimidade te tocando daquele jeito?

— Então estava me vigiando, cuidado, a sua bonequinha já não foi com a minha cara, se ela souber que você está me encarando assim... — debochei.

— Escuta aqui garota... — De surpresa, ele segurou em meu pescoço, me colando contra o carro. — Não queira tirar uma com a minha cara, não me faz de idiota quando eu quero levar na calma contigo.

Sua respiração era pesada sobre mim, e isso de certa maneira estava me afetado, o que me fazia ter ódio. Vi quando seus olhos desceram para a minha boca e involuntariamente fiz o mesmo. Parece que ele percebeu, pois umedeceu os lábios e depois os chupou soltando vagarosamente, me fazendo não perder um segundo desse show particular.

Droga! Meu corpo pareceu ganhar vida própria, pois minhas pernas se espremeram juntas, ansiando por algo. E como ele é sempre atento a tudo, riu da minha ação.

— Sai de cima de mim. — Tentei empurrá-lo, mas não saiu do lugar que estava.

Agora, conseguindo efeito contrário do que desejava, estava presa contra o carro por seu corpo.

— Diga as palavras certas.

VIDA REAL ( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora