Capítulo 1 - Novos Laços

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O anoitecer havia chegado rápido demais, e as árvores dificultavam ainda mais a vista para os céus, deixando tudo em escuridão total. A jovem caminhava sob aquela grama seca, iluminando seu caminho com um pequeno fósforo, tentando encontrar um rumo para fora daquele breu impiedoso.
Os ventos sopravam sob as folhas, emitindo uma canção mórbida e que dava calafrios. Alguns barulhos de corujas e insetos também ecoavam se camuflando sob o imenso véu da escuridão. A garota de longos cabelos castanhos e jaqueta de couro continuava andando, protegendo o fósforo do vento para que ele não apagasse. Algumas vezes, pensou ter visto um par de olhos brilhantes lhe observando, fazendo ela seguir seu caminho mais apressada. Até finalmente encontrar uma área a céu aberto, juntamente de uma árvore diferente das outras.
Seu tronco era esbranquiçado, com folhas tão douradas quanto qualquer objeto de ouro puro que pudesse imaginar. E entre alguns ramos da árvore, havia um fruto que chamava ainda mais a sua atenção. A jovem então o pegou e o observou mais de perto, tinha o tamanho de uma maçã, mas seu formato lembrava uma grande amora vermelha. Por curiosidade, ela lhe deu uma mordida. Porém, assim que voltou a olhar para o fruto novamente, notou que na verdade havia mordido um coração humano, que agora sangrava em sua mão e sujava a grama. Assustada, a jovem jogou o órgão no chão, e com o movimento brusco o fósforo acabou se apagando.
Ela ficou na completa escuridão por alguns instantes, no entanto não demorou muito para mais um evento estranho acontecer. Aos poucos, os céus foram se tingindo de uma vermelhidão total, juntamente da Lua cheia nos céus que agora tomou a cor de um vermelho-sangue. Em seguida, vozes e uivos começaram a ecoar de toda floresta, cada vez mais altos, à medida que o céu mudava sua cor e tornava aquele ambiente com uma aura mais pesada e ameaçadora. No meio das árvores, vários lobos se escondiam e a observavam, soltando uivos e grunhidos que chegavam a dar calafrios. Entretanto, dentre aquelas vozes, uma única se destacava em alto e bom tom: "Violet? VIOLET?!"

A jovem então acorda de seu sono, pelas chamadas de seu nome. Após ter tido aquele sonho, ela volta à sua realidade em meio à sala de aula. Todos os outros alunos ao seu redor a observavam com diferentes expressões, algumas achando graça e outras com total indiferença.

— Poderia me explicar o motivo exato, de querer dormir na minha aula, senhorita Graywind? — Disse o professor, encarando diretamente para ela

— Não tive uma boa noite de sono hoje, desculpa — Violet respondeu com convicção

— Então da próxima vez melhor organizar esse seu horário de sono. Bom, voltando à página 67, vemos que o elemento A pode ser dividido pelo elemento B de acordo com este cálculo... — Após o pequeno sermão, o professor continuou a explicar o conteúdo

Violet então voltou sua atenção para a aula, onde ao mesmo tempo rabiscava seu pequeno caderno com algumas imagens daquele estranho sonho. Já era a terceira vez que aquele sonho se repetia durante a semana, e isso de certa forma a incomodava um pouco. Não acreditava muito em significado de sonhos, para ela, sonhos eram e sempre foram apenas um conjunto de imagens aleatórias formadas pelo seu subconsciente.

A aula de matemática prosseguiu, até o sinal tocar para o intervalo de almoço. Finalmente, Violet guardou suas coisas e seguiu pelos corredores à procura de seus amigos, Oliver e Riley. Os três se conheciam desde o primeiro ano do ensino médio, e geralmente marcavam sessões de RPG durante os intervalos. Aquele dia não foi diferente dos outros, onde mais uma vez o trio estava em uma das mesas externas do refeitório, mais afastados dos demais alunos, continuando a sessão de Dungeons & Dragons enquanto almoçavam.
Riley Evans era uma ruiva apaixonada por games e qualquer coisinha que envolvesse a cultura geek. Geralmente era sempre ela que narrava e jogava como mestre nas campanhas de RPG, pois se Violet conhecia alguém com imaginação fértil, esse alguém era a própria Riley.
Oliver Miller também era quase do mesmo jeito. Caracterizado como um rapaz franzino de curtos cabelos negros e sardas no rosto, sempre estava usando seu óculos por conta de seus problemas de visão. Era o típico nerd mais gente boa que Violet considerava, tinha um conhecimento vasto na área de exatas, e tinha como objetivo entrar na área de tecnologia da informação quando fosse procurar por alguma faculdade.

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