03| ao príncipe herdeiro, ódio

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Não mudou nada, vossa alteza.

A voz do homem é abafada pela risada sarcástica, de tom rouco e sedutor, que deixa os lábios do príncipe.

Em sua mão repousava uma taça meio vazia de vinho tinto, e na outra, o corpo de um ômega esbelto cujos olhos não abandonavam o rosto dele. Pegava cada detalhe e sorria com devassidão. Não era todo dia que se tinha o príncipe herdeiro tão perto para se admirar. Mais do que isso, não era todo dia que se tinha uma beldade como aquela por ali.

Diferente do que as normas de vestimenta de Diamand'or exigiam, o príncipe não se vestia de forma alguma de acordo com sua posição social. Pelo contrário, suas roupas eram tão simples que beirariam ao ridículo se não lhe dessem um charme único e desleixado. A camisa de linho branco tinha os cordões abertos no peito, revelando a pele de alabastro que não exibia uma única mancha ou marca para sujar sua perfeição. Ressaltava os braços fortes e os ombros largos do homem. A calça de couro agarrava-se firmemente às pernas dele, o tecido ondulando nas coxas e apertando de forma implacável. A única coisa requintada em suas vestes era a longa capa vermelha, típica da família real, que estava jogando sobre seus ombros.

Não fosse por sua aparência elegante e afiada, poderia se passar facilmente por um simples pescador em um reino onde roupas luxuosas delatavam seu lugar na alta sociedade.

— Significa que ainda sou melhor que você, eu suponho — analisou o outro homem de cima a baixo e virou o rosto com desinteresse, preferindo focar no belo cortesão que tinha nos braços.

O conde Neji Hyuuga cerrou os dentes para conter a irritação animalesca presa no peito. Temia que sua língua se tornasse afiada na libertação de sua raiva. Insultar o príncipe herdeiro nunca trouxe nada além de malefícios; sua alteza não era um homem de muita paciência quando ofendido.

— Espero que sua viagem de volta tenha sido agradável, alteza.

— Oh, foi — respondeu ele. — Está começando a ficar desagradável, no entanto. O que quer, Neji?

— Vim conversar sobre algo que é de nosso interesse em comum, vossa alteza. Posso me sentar?

Sasuke o encara sem qualquer emoção no rosto friamente esculpido. Olhava o nobre como se ele não passasse de um pequeno mosquito irritante zumbindo em seu ouvido.

— Saia — rosnou para o ômega que ainda estava pendurado em seus ombros, e sem qualquer reclamação ou hesitação, o jovem se apressou em abandonar o recinto e deixar os dois lordes a sós, embora não sem antes lançar uma piscadela devassa para o príncipe.

Sasuke recostou-se na poltrona de couro, virou a taça de vinho de uma única vez e absorveu o sabor da uva alcoolizada antes de se voltar para o anormalmente inquieto conde Neji.

— Não desperdice o meu tempo — a voz categórica do príncipe alcançou os ouvidos do conde com indiferença o suficiente para Neji se contorcer em desconforto.

Quando jovens e imaturos, a rivalidade entre eles podia ser tolerada como nada mais que uma brincadeira infantil. No entanto, sendo ambos adultos formados e mutuamente importantes, essa rivalidade de outrora jamais poderia ser tida, hoje, como meramente uma tolice juvenil.

Agora, qualquer ofensa que Neji dirigisse ao príncipe da coroa poderia custar-lhe tudo o que conquistara nesses anos todos. Em contrapartida, qualquer ofensa do príncipe herdeiro a ele seria facilmente tolerada. Afinal, por mais importante que Neji Hyuuga fosse, não era ele o futuro rei a quem todos deviam respeito. Sasuke Uchiha tornou-se, novamente, uma pedra em seu sapato. E desta vez não seria fácil chutá-la.

— Suponho que já está a par dos assuntos referentes à alta sociedade, vossa alteza — começou o conde. — Em especial sobre o meu prometido.

— Seu ex-prometido? — corrigiu o príncipe. — Sim, me contaram sobre você ter desfeito cruelmente o pequeno contrato que tinha com o meu gato selvagem

cross bouquet | sasunaruOnde histórias criam vida. Descubra agora