CAPÍTULO 1

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FLORENCIA BINOTTO

Nunca me dei bem com relacionamentos amorosos. Todos os namorados que tive eram idiotas ou grotescos demais da conta – ou eles simplesmente queriam me namorar para ter um passe VIP para assistir a Fórmula 1.

É isso mesmo que você leu: a Fórmula 1.

O grande evento do automobilismo que anda chamando muita atenção nos últimos anos, principalmente do público jovem e feminino. Todo mundo quer assistir uma corrida pelo menos uma vez na vida e eu sei muito bem como é essa sensação de querer ver uma competição ao vivo.

E onde eu entro nessa história de Fórmula 1 e Paddock Pass? Eu sou filha do chefe de equipe da Scuderia Ferrari, Mattia Binotto. Acho que isso já diz muito sobre o interesse imediato dos meninos por mim.

Não vou negar que sou tão bonita e interessante quanto o meu sobrenome. Desde cedo comecei a frequentar o Paddock da Fórmula 1, a primeira vez que fui eu tinha uns 7 anos, por volta de 2005, então logicamente eu conheci o melhor piloto da Ferrari de todos os tempos: Michael Schumacher. Eu sentia que ele era um deus quando estava perto de mim. Uma mera criança de 7 anos e sua imaginação fértil poderiam fazer coisas incríveis.

Se conviver com Michael Schumacher me trouxe alguma coisa? Posso dizer que me trouxe duas grandes surpresas: Gina e Mick Schumacher. Éramos um trio interessante e agitado, dizia a tia Corinna, principalmente eu e Gina que tínhamos tanta coisa em comum. Um pouco mais tarde, Mick se tornou mais próximo de mim e nos tornamos melhores amigos desde então.

Melhores amigos mesmo, não nos desgrudamos mais (só por um curto período de tempo, já explico).

Depois que Michael se aposentou em 2007, acabei perdendo um pouco de contato com Gina e Mick, mas logo quando o mini Schumacher entrou para o mundo das Fórmulas passei a ter mais proximidade, principalmente quando ele ingressou na Ferrari Drivers Academy.

Agora sim posso dizer que nos tornamos inseparáveis.

Bom, eu não passei todos esses anos no trabalho do meu pai acompanhando a Fórmula 1. Eu aparecia em algumas corridas sim, mas tinha outros planos em mente. Eu tinha que estudar, sei que é clichê, mas nem sendo uma filhinha de papai eu escapava das minhas obrigações.

Há dois anos estudo na Faculdade de Florença cursando literatura, confesso que de cara eu jurei que amaria cursar literatura e que estaria feliz fazendo o que gostava. Realidade: eu estou detestando o curso e quero mudar para algo que seja o mais Florencia possível, e ao que tudo indica design de moda era a minha praia. Se eu falar isso, meu pai vai ficar maluco em saber que gastei anos da minha vida estudando para passar na faculdade de literatura para no final eu decidir que vou ser estilista.

Eu sei, pareço ser indecisa, mas esse negócio de descobrir o que você quer ser quando adulto é com o tempo e acho que comecei isso muito cedo. Ao contrário da minha melhor amiga, Elizabeth Rouge, a tão famigerada gerente de mídias sociais da Ferrari. Desde pequena, Lizzie quis trabalhar na Ferrari e em 2020 conseguiu, ela sempre foi muito decidida com a sua vida profissional e eu queria ser igual.

Igual não, eu odeio ser igual aos outros. Florencia Binotto se destacava no diferente. E por isso ser estilista era o caminho certo a se seguir.

Agora eu estava arrumando minhas malas para voltar a Maranello na sexta-feira. Meu pai até estranhou minha visita repentina à minha cidade natal, segundo ele, eu sempre voltava no começo do mês, passava duas semanas e retornava para Florença.

Dessa vez vai ser diferente, eu pretendo ficar em Maranello e eu não sabia como dizer isso a ele.

Mattia Binotto é um homem de poucas palavras, todo mundo sabe disso. Ele é caladão e muito na dele, só se importa com a Ferrari – além da própria família – e eu não queria trazer mais uma preocupação. Talvez eu fale disso com ele depois, quando não estiver tão ocupado com a Scuderia, principalmente agora com os testes em Fiorano chegando.

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