Blasphemy

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Oito horas da noite, Catedral de Myeong Dont.

— Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, é agora e sempre será, pelos séculos dos séculos. Amém.

A voz do padre Bon-hwa soou calma e reconfortante para os ouvidos do Kim. Ao seu lado e logo atrás era possível escutar um coro forte e sincronizado de "amém".

O garoto segurou o crucifixo que estava em seu pescoço e o beijou, completamente fascinado pela presença que sentia de Deus. Parecia que ele estava tão próximo a si, bem ao seu ladinho..

Taehyung foi abençoado.

Foi criado de uma boa forma, com a ajuda da igreja. Aquelas pessoas lhe deram carinho e educação como se ele fosse filho deles também. Ele era como um cachorrinho abandonado que foi resgatado e alimentado. Sua mãe o largou nas portas da íngreme, quando o mesmo ainda era um bebê de 10 meses.

Hoje Taehyung já é um jovem crescido, e quer saber? Ele está bem. Crescer na igreja não era tão ruim quanto ele pensava quando era pequeno.

Ele cresceu admirando aquelas estátuas que ficavam em frente à capela, no jardim. O garoto ajudava todos os dias a limpa-las depois da escola. As estátuas, de homens e mulheres, eram incrivelmente lindas e esbeltas. Eram as estátuas mais lindas do mundo. Mesmo que, um dia, tenha mexido um pouco com seu psicológico.

Assim que a missa havia acabado, o Kim foi até a Madre Angel, seus pensamentos estavam a mil, já estava há um bom tempo pensando se deveria se confessar ou não. Ele optou pelo sim, Madre Angel daria um jeito em sua tormenta.

Se sentia culpado, um tremendo pecador.

— A sua benção, Madre. - ajoelhou-se na frente da mulher mais velha em respeito. Tendo um sorriso singelo em sua direção.

— Deus lhe abençoe, meu filho. - Tocou as mãos nos cabelos sedosos do Kim.

Taehyung se levantou e abaixou a cabeça, sem saber bem por onde começar.

— Preciso me confessar, Madre. É muito importante. - Disse.

A mulher apenas concordou e sinalizou para que o garoto a seguisse, enquanto o guiava com uma das mãos nas costas, apenas um toque calmo da mais velha conseguia acalmar o Kim. Madre Angel devia ser mesmo um anjo, não só pelo nome em si, Taehyung acreditava que a mulher era mesmo um, enviada diretamente do Senhor.

Eles seguiram para um estande pequeno e fechado, utilizada apenas para o Sacramento da Confissão; o Confessionário.

Madre Angel tomou seu lugar dentro do pequeno estande e o Kim o seu ao lado de fora. Seu coração estava acelerado e sua cabeça girava em torno dos sonhos que havia tendo nos últimos dias.

— Oque te atormenta, meu anjo?

Taehyung respirou fundo, encarando o teto do local e mordendo os lábios em puro nervosismo. Suas mãos suavam e sua mente lhe gritava inúmeras coisas:

"Pecador! Pecador! Pecador!"

— Ultimamente tenho tido sonhos estranhos, que me fazem sentir coisas que eu nunca pensei que sentiria. - começou baixo, inseguro.

Ele por uns instantes pensou em deixar aquilo para lá, era vergonhoso e constrangedor demais dizer algo daquele tipo, mas, se não botasse pra fora, acabaria ficando pior do que já estava.

— Que tipo de sonhos, meu querido?

— São como borrões, não dá pra ver direito. M-Mas em todos eles, há um homem, aparenta ser mais jovem, seus cabelos são vermelhos como o próprio fogo...- Taehyung se martirizou por suspirar ao se lembrar das cenas.

Per secoli, amén - VhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora