Ajeitou-se pela abertura do teto solar do carro e avistou as pragas. Cinco mais ou menos.
Respirou e soltou o ar calmamente. E então repetiu o movimento.
Respirar e inspirar.
Respirar e inspirar.
Mirou na cabeça da primeira praga, era uma mulher, pobre mulher. Então atirou certeiramente estourando a cabeça dela e assim, chamando a atenção das outras quatro pragas restantes. Elas caminhavam naqueles passos lentos e mórbidos em direção ao carro, então a ação começava. Mirou na outra praga, respirou e inspirou, atirou.
E assim fez com as outras pragas ate seu caminho estar livre. Recarregou seu revolver calibre 38 e o pendurou na cintura, pegou um facão e estava pronto pra sair do carro.
Ele saiu, olhando atento para os lados.
Apesar do cenário macabro com carros parados e pessoas mortas dentro deles, além das pragas que ele matou que estavam estiradas pelo chão, era um dia bonito. Fazia sol, temperatura agradável, mesmo assim ele não tirava sua jaqueta de couro, ela já lhe servira como proteção e depois daquele fatídico dia, Zayn nunca mais tirava sua jaqueta em momentos como esse.
Avistou o supermercado abandonado. E caminhou até lá. Sempre atento a qualquer mínimo ruído.
Ao chegar onde queria, percebeu que o mercado estava trancado.
Tirou o revolver e pegou distância pra atirar no cadeado. O barulho alto fez seus ouvidos ficarem surdos momentaneamente, mas ele já havia se acostumado com a sensação.
Cadeado quebrado, ele chutou a porta, entrando no supermercado com os ouvidos e visão apurados.
Caminhou devagar olhando para os lados. E assobiou.
Sons atraiam as pragas então se houvesse alguma delas ali, elas apareciam logo.
Um minuto se passou e nada. Fechou a porta do supermercado.
Caminhou pelo lugar procurando por comida. Passou pelo açougue que fedia a carne podre (tão podre quanto as pragas) e parou na parte de frios.
Não havia mais energia, grande parte daquele setor deveria estar estragado ou vencido mas olhando as circunstancias, podia considerar que Zayn estava no paraíso.
Ainda mais quando ele pegou uma coca-cola.
Abriu o lacre e fechou os olhos ao sentir aquele liquido que tanto amava descendo por sua garganta depois de...meses? anos? Não sabia dizer.
Era a melhor sensação que tinha desde que metade da população mundial virara aquelas pragas rastejantes, popularmente chamada de zumbis. Ele não gostava desse termo.
Zumbi parecia personagem de um jogo de vídeo-game, praga era algo mais real.
Ele continuou seu caminho pelo supermercado e pegou alguns pacotes de biscoito, salgadinhos, tudo que pudesse ser comida rápida e fácil e nada saudável, mas quem ligava pra ser saudável? Em tempos como esse ele só queria manter-se vivo o quanto pudesse.
Quando ia sair do supermercado lembrou de ter esquecido de algo essencial para viver: água.
Voltou aos frios e pegou dois litros de agua, era tudo que conseguiria levar até seu carro visto que já carregava comida e duas latinhas de coca-cola.
Sorriu agradecido para o nada ao ver as sacolas do supermercado, isso facilitaria seu trabalho.
Como a população não-praga ainda não tinha saqueado aquele supermercado?
Isso era ótimo pra ele.
Foi então que ouviu o barulho de arma se destravando. Maldição.
Virou-se lentamente, a mão estrategicamente posicionada no seu revolver calibre 38.
Ergueu a arma na altura dos ombros.
Tinha uma arma apontada na sua direção e segurada por um garoto assustado. Ele tremia segurando a arma e olhava Zayn com medo.
- O que você quer? - gritou do outro lado.
Zayn continuou, sem expressão com a arma apontada para o garoto. Deu um passo a frente.
- Só vim pegar comida - deixou sua voz ecoar no supermercado vazio.
- Deixe a comida! - o garoto gritou outra vez.
- Por quê? - Zayn cerrou os olhos. Nesse momento ele percebeu que aquele garoto assustado não atiraria nele.
- Porque eu preciso de comida também.
Zayn riu seco.
- Você pode pegar o que quiser aqui. Mas isso - apontou com a cabeça para sua sacola - É meu.
Ele iria virar pra pegar suas "compras" e sair, mas ouviu os passos do garoto se aproximarem.
- Espere - o garoto disse, sua voz soava mais assustada agora. A arma estava abaixada. Zayn o olhou interrogativo. - Você está sozinho?
- Sim.
- E você...tem munições? - perguntou.
Zayn queria saber as intenções dele.
- Sim - respondeu novamente.
Liam engoliu em seco.
- Eu posso ir com você? - perguntou com medo na entonação. Aquele garoto era um estranho, mas Liam sabia que não aguentaria viver matando zumbis daquela forma...solitário.
- O quê? - Zayn riu de um jeito irônico e debochado.
- Eu... - Liam abaixou a cabeça - Eu achei que... seria mais fácil, dois contra todos esses zumbis.
- Eu sei me virar - Zayn falou seco e pegou sua sacola. - Passar bem.
Ele chutou a porta, desatento, e não percebeu que novas pragas tinham aparecido.
Droga. Ele jogou a sacola no chão e puxou a faca. Esperou as pragas virem em sua direção.
Sua regra de sobrevivência era básica: arma de fogo para matar a distancia e arma branca para situações "corpo-a-corpo", como agora.
Enfiou a faca na primeira praga, chutou o corpo para longe e já aproveitou para esfaquear a cabeça da próxima.
Eram muitas.
Então ele ouviu barulho de tiro e viu as pragas caindo aos seus pés. Logo, estava livre das pragas. Ele olhou para trás e viu o garoto assustado do supermercado com a arma levantada na altura do ombro.
Ele abaixou a arma e lançou um olhar a Zayn.
- Eu posso ser útil - o garoto disse. Zayn rolou os olhos, totalmente derrotado. Respirou fundo e guardou sua faca. Olhou Liam.
- Pegue bastante mantimento e água - falou - Meu carro é aquele.
Apontou para o carro preto ao longe.
Liam assentiu prontamente e entrou no supermercado enchendo um carrinho de compras perdido com mantimentos e tudo que lhes fosse útil nessa jornada.
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Through the Dark
HorrorFazia anos, meses, desde que metade da população tinham se tornado aquelas pragas, zumbis. Zayn precisava achar um lugar seguro para sua familia e acabou encontrando um estranho, Liam Payne.