O Mundo Não é Como Dizem

"A CULPA É SUA"

Tudo começou quando eu tinha apenas dezesseis anos, eu estava voltando de uma festa que tive com uns amigos, tudo tava indo normal e bem divertido, a festa acabou umas duas da manhã.
Como minha casa era a última da rua, chegava um certo ponto que eu acabava voltando sozinho, mas sempre foi assim, eu nem tinha mais medo, mas hoje foi diferente, sempre que eu volto pra casa, eu sempre vejo um cemitério que tem perto, e atrás dele, tem uma enorme floresta, eu nunca fui, ate porque eu gosto de filme de terror e sempre dá alguma merda quando entram na floresta de madrugada, mas quando eu olhei para o cemitério eu vi uma silhueta negra parada, como se estivesse esperando alguém, até que ela foca os olhos em mim, quando eu vejo isso, na hora eu tento sair correndo, mas eu escuto um sussurro dizendo:
- Dominação.

Quando eu escuto isso, meu corpo para automaticamente, eu entro em um desespero medonho, porém eu não consigo nem mexer um centímetro do meu corpo.

a silhueta se aproxima e diz:
- Olá Fred.

Quando eu escuto isso fico em choque, porque como aquela coisa poderia saber meu nome, mesmo paralisado, eu percebo que consigo falar:

- Como você sabe meu nome?
- Eu sei tudo sobre você, até sei o que aconteceu com sua irmãzinha a 5 anos atrás.

Quando eu escuto aquela coisa falar da minha irmã, eu entro em choque, se ele sabe meu nome, ele deveria saber que eu não reajo bem quando alguém falar da minha irmã.

- quem é você? quem é você? QUEM MERDA É VOCÊ CARALHO?
- Eu sou aquele que veio mostrar que o mundo não é como dizem, eu sei onde sua irmã tá, eu posso te levar até ela, se você quiser saber onde encontrar ela, é só desenhar esse símbolo.

Quando ele se aproxima, eu não vejo nada, só escuridão, é como se ele fosse um amontoado de névoa negra, ele me entrega um papel com um desenho de um símbolo estranho.

- Quando for desenhar, desenhe ele no seu braço, passe um pouco do seu sangue em cima do símbolo e quando ele brilhar, você vai repetir o nome "Samantha" três vezes, quando você disser o nome por uma última vez, eu irei aparecer e te levarei pra onde ela está, eu sei que você vai querer ver a pequena Ruby.

Depois disso, meu corpo voltou ao normal, a névoa sumiu como a fumaça de um cigarro, eu saio correndo até minha casa.

Quando eu cheguei em casa, eu estava muito confuso, eu nunca tinha presenciado uma coisa dessas, mas eu não consigo parar de pensar nisso.

Ver minha irmãzinha, eu faria qualquer coisa para vê-la de novo.
Era de madrugada, eu ainda tava pensando nisso, eram três e meia da madrugada, e apenas uma coisa estava na minha mente " ver minha irmã" isso ficou por minutos na minha cabeça, se repetindo várias e várias vezes, até que quando era quatro da manhã, eu decidi de uma vez fazer o ritual, eu não sabia como colocar o simbolo na minha pele, eu peguei uma caneta e desenhei ele no meu antebraço, fui na cozinha, peguei uma faca, fiz o procedimento de pegar o meu sangue, doeu muito, mas eu passei o sangue por cima do símbolo, e nada aconteceu, eu pensei que era mentira, mas aí eu decidi fazer uma loucura, eu pensei que o símbolo tinha que tá no meu corpo de uma forma permanente, então e fui no banheiro, peguei umas das giletes que meu pai usava para se barbear, subi para o meu quarto e comecei a cortar minha pele no formato do símbolo, era uma dor monstruosa, nunca tinha sentido nada igual antes, chegou um momento em que eu não aguentava mais.
Depois de uns cinco minutos eu tinha terminado o símbolo, meu quarto estava ensopado de sangue por todo lado, meu braço tava queimando por causa dos cortes e eu tava quase desmaiando de tanta dor, até que misteriosamente os cortes começam a cicatrizar de uma maneira veloz, em menos de um minuto a dor foi embora completamente, eu decidi cortar minha mão mais uma vez e passar em cima do símbolo, dessa vez, após eu passar o sangue em cima do símbolo, ele começa a brilhar e eu repito:

- Samantha, Samantha, Samantha.

Quando eu termino de fala o nome pela última vez, uma névoa se forma dentro do meu quarto, a névoa fica cada vez mais densa, e depois de alguns segundo, ela toma um formato de um humano, aparece a mesma silhueta negra, sem rosto, sem nada, apenas um vazio, apenas uma escuridão.

- Eu sabia que você não ia resistir, afinal, você ainda sente saudades dela.
- Me leve logo até ela, eu só quero ver a minha irmã.
- Está no seu direito, estou perdendo muito tempo, venha, me der sua mão e feche seus olhos.

Ele estendeu a mão para mim, quando eu vi isso, eu tava morrendo de medo, mas eu tô fazendo isso por ela, eu iria até o inferno para ter ela de volta.
Eu dou minha mão a ele e fecho meus olhos, em segundos eu já sinto que estou em outro lugar.

Quando eu abro meus olhos, eu vejo uma enorme árvore, e quando eu olho ao redor, eu percebo que estou em uma ilha.

Eu escuto um sussurro.

- Eu estou aqui, venha me salvar.

E no momento que eu escuto isso, eu fico paralisado, é a voz dela, é a doce voz da Ruby.

- Onde ela está?
- Siga-me, por favor.

Quando estamos indo em direção uma floresta, eu vejo várias casas, todas idênticas e do outro lado eu vejo um cemitério com várias lápides e uma pequena igreja.
Continuando a seguir a névoa até à entrada da floresta, continuamos a seguir pela floresta.

Já faz uns vinte minutos que estamos andando e nada, até que eu pergunto:

- Porque está demorando tanto? onde minha irmã tá?
- Quem?
- A minha irmã, você disse que me levaria até ela.
- Sua irmã está morta, você já deveria saber disso, eu usei isso apenas para te fazer vim até a ilha, Samantha está te esperando.
- QUEM MERDA É SAMANTHA?, EU QUERO VER A MINHA IRMÃ.
- Você vai ver ela, mas não fique surpreso se não gostar do que vai ver.

Eu começo a correr até a entrada da floresta, passa uns trinta minutos até eu chegar, eu corro em direção a árvore, e quando eu chego lá, tá um corpo de uma criança enforcada em um dos galhos da árvore, quando me aproximo, eu vejo que é minha pequena irmã, a Ruby.
Até que ela abre os olhos, e estão pretos, ela abre a boca e diz de uma forma triste:

- É culpa sua, é culpa sua, você me deixou sozinha naquele dia, eu fiquei com medo, eu vi uma mulher saindo da sombra do meu guarda-roupa, ela veio até mim e me trouxe para essa ilha, se você não tivesse me deixando sozinha eu ainda estaria viva, é tudo culpa sua, só sua, A CULPA É SÓ SUA.

Quando eu escutei isso, comecei a chorar de uma forma desesperadora, eu sabia que aquilo era verdade.

Parei de chorar para olhar para ela, quando eu olhei, era o mesmo rosto da minha irmãzinha de cinco anos, mesmo estando triste, ela está sorrindo, até a expressão começou a mudar, a expressão de tristeza que ela estava, acabou se tornando medo, e do medo se tornou nojo.
Ela estava me encarando com o olhar de nojo, apenas nojo.

- Mesmo depois de ter me deixado, eu não sinto raiva ou ódio de você, eu só sinto nojo, você era a imagem da pessoa que eu tomava como inspiração, mas você teve que estragar tudo, você teve...
- CALA A BOCA, eu não sabia o que fazer, eu tinha apenas onze anos, você chorava muito, nossos pais não estavam em casa, quando eu fui pedir ajuda na casa da vizinha, ninguém me atendeu, quando eu voltei, você não estava mais lá, eu venho me culpando disso todo dia, todo dia desde que você sumiu.

Quando eu parei de falar, eu continuo chorando, e caminhei em direção ao corpo dela, enquanto eu caminho, automaticamente meu copo para, e toda minha visão começa a escurecer, eu apenas escuto uma coisa antes da visão ficar totalmente escura, uma palavra apenas, "dominação", depois disso, eu estava no meu quarto de novo, a cicatriz tinha sumido, e todo sangue do meu quarto tinha sumido completamente, o papel com o símbolo tinha desaparecido.

Tudo que aconteceu foi muito real para ser um sonho, eu deito na cama e começo a chorar, antes de dormir, eu estava com apenas uma dúvida na cabeça.

"Quem é Samantha?".