"SÓ QUERO QUE ISSO PASSE"

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Acordei, porém, mais uma vez atrasada para escola, quando cheguei o professor já estava dando aula.

– Mais uma vez atrasada né, Emily?  – o professor de história fala.
– Não fode, cara.
– Se eu não gostasse tanto de você, você iria direto para a diretoria.
– Tanto faz.

Eu não suporto esse lugar, mas é melhor que minha casa, aqui eu tenho paz.

– Pintou o cabelo de novo? – Johnny fala da cadeira ao lado.
– Ela tá doida pra ser suspensa de novo – Fred fala da cadeira atrás da minha.
– A gente, que se foda, vocês acham que eu ligo?
– A gente sabe que você não liga Emy, mas você vai acabar sendo expulsa – disse Fred.
– Tanto faz.

Na hora do intervalo, eu fico no mesmo lugar como sempre, porém hoje eu tô me sentindo um pouco mais estranha que antes, desde que eu cheguei na escola eu me sinto observada.

Hoje foi um dia normal na escola, o pior está por vir agora, quando eu chegar em casa eu sei que vai ser a mesma merda que é todo dia, e para piorar, eu ainda sinto que estou sendo observada, além disso, sinto como se eu estivesse sendo perseguida. 

Chegando em casa, meus pais já estão brigando de novo.
– Finalmente chegou né, já tava dando para quem? – minha mãe fala após eu entrar em casa.
– Cala boca, Rebeca, deixe a menina em paz – meu pai fala.
– Agora vai defender essa putinha? – minha mãe grita.

Mas é como sempre, sempre que eles estão com raiva a culpa sempre vem para mim, nem olho para eles e subo direto para o meu quarto, tranco a porta com a chave e coloco música no meu fone para esquecer toda essa merda.

Quase pegando no sono, eu escuto uma batida na janela do quarto, quando eu tiro o fone e vou conferir, não tem nada, acho que é coisa da minha cabeça.

Acabo caindo no sono e nem lembro de tirar meu fone, porém aconteceu coisas bem estranhas enquanto eu dormia, no sonho, eu estava em um limbo, ouvindo umas frases repetindo várias e várias vezes.

"Samantha precisa de você"
"Venha fazer a vontade de Samantha"
"Samantha quer você aqui com ela"
"Samantha está a sua espera"

Quando eu acordo eu fico uns dez minutos na cama, me perguntando "Quem droga é Samantha?".

Ainda são 20:45, percebi que vai ser uma merda acordar amanhã de novo, olha a hora que eu acordei.
Tô morrendo de fome, desço a cozinha para comer alguma coisa, e percebo que meus pais não estão em casa, graças a deus.

Levando algumas comidas para o quarto, eu ligo o PC e começo a ver qualquer besteira no YouTube, até que eu escuto a batida na janela de novo, vou olhar, e novamente não tem nada.

Por fim, eu decidi pesquisar sobre o meu sonho, aquilo tava me deixando louca, coloquei "Samantha" no Google, e como esperado não achei nada de relevante, afinal, é só um nome.

Continuei no PC até umas 3 da manhã, até que algo estranho começou a acontecer, eu já tava com um pouco de sono, quando eu dou uma pequena cochilada, eu tenho uma sensação de que estou caído, automaticamente eu abro meus olhos e percebo que não tô no meu quarto, eu "acordo" do lado de um cemitério, e quando eu olho ao redor tem uma pequena igreja, várias casas e uma enorme árvore que parece está no centro do local que estou.

Quando eu levanto para sair do cemitério, eu começo a andar, e quando eu pisco, eu estou na minha cama, porém, antes disso, eu vi uma mulher, porém eu não consigo me lembrar da aparência dela, mas é familiar.

Eu levanto da cama, estou toda suada, e fico me perguntando "que porra é essa, oque merda tá acontecendo comigo?"

Eu não estou bem, estou assustada, eu fico um pouco agoniada, até que eu começo a tremer, minha mente tá fora de si, eu tô querendo chorar, tô querendo bater em alguém, eu preciso correr.
São 03:15 da madrugada, eu estou me tremendo muito, eu desço do meu quarto, abro a porta e começo a correr para evitar qualquer pensamento sobre qualquer coisa.

Eu corro, até que eu começo a chorar, mas, eu continuo correndo.

Até que eu vejo um homem, ele está olhando para mim, eu não sei quem é, apenas continuo correndo, virando a esquina, eu vejo o mesmo homem olhando para mim, até que eu paro.

– Irmão, perdeu alguma coisa olhando pra mim?
– Olá, pequena moça – diz ele – Emily, eu não quero te assustar.
– Já tá me assustando, como você sabe meu nome? – falo querendo começar a chorar de novo.
– Eu sei tudo sobre você – ele diz – Também sei que você vem sendo observada, na escola, na rua, até em casa, ouvindo alguém bater na janela, né?
– Quem é você, quem merda é você? – eu grito quase chorando.
– Eu sou aquele que veio mostrar que o mundo não é como dizem, e também sou aquele que sabe quem é Samantha.
– Como você sabe de Samantha?
– Eu sei, e ela precisa de você – ele diz cada vez mais perto – você é a peça perfeita para ela.
– Se afaste.
– tudo bem, minha garotinha – ele tá voltando para onde estava.
– Eu não sou sua garotinha – eu grito mais uma vez.
– Venha comigo, eu te levarei até Samantha.
– Porque eu deveria ir?
– Você não tem nada a perder, sua família te odeia, e seus amigos não sentirão sua falta caso você desaparecesse.
– Não, você está mentindo.
– Você não quer ser mais forte, não quer saber como o paranormal funciona? – ele continua falando de uma forma calma – Seus pais, enquanto sua mãe destrói seu psicológico, seu pai não tem pena, principalmente quando está bêbado, ele quase te levou para o hospital uma vez. 

Um sentimento estranho começa a tomar conta do meu corpo, eu começo a chorar, soco o chão com toda minha força, eu soco tanto que minhas mãos começam a sangrar, eu só quero que toda essa merda passe.

O homem se aproxima e me abraça, eu apenas deixo, mesmo ele sendo um desconhecido, eu nunca me senti tão confortável, tão acolhida, como me senti nos braços dele.

– Você já sofreu muito, eu sei que o único lugar que você tinha paz era a escola, mas agora você está comigo, está com Samantha, você nunca será machucada por ninguém de novo.

Ele me levanta, eu seguro a mão dele, ele segura de volta, a gente caminha em direção a uma neblina, que vai ficando cada vez mais densa, até que depois de alguns minutos caminhando, estou no mesmo lugar que eu tava, agora de frente a grande árvore.

Chegando lá, tem uma mulher esperando a gente.

– Finalmente chegaram – disse ela – com uma voz doce.
– Sim, ela veio por vontade própria – disse o homem.
– Minha querida, é verdade? – ela me pergunta.
– Sim – eu respondo.
– Vamos? – ela pergunta
– vamos – o homem responde.
– Antes de irmos, posso perguntar uma coisa? – eu digo.
– Claro.
– Você é Samantha? – eu pergunto.

Ela olha para mim, dá um sorriso, e desaparece como uma fumaça.

O Mundo Não é Como DizemOnde histórias criam vida. Descubra agora